Na noite desta segunda-feira, dia 8, Íris Doroteia do Nascimento Martins, de 45 anos, residente em Divinópolis, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante um procedimento estético não autorizado pela Vigilância Sanitária. Íris morreu enquanto estava internada na Unidade de Terapia Intensiva do Complexo São João de Deus.
A clínica, localizada na Rua São Paulo, que tem como responsável a biomédica Lorena Marcondes, foi interditada por estar realizando procedimentos invasivos que não eram declarados. Lorena foi encaminhada à delegacia de Divinópolis para prestar esclarecimentos. A profissional estava autorizada apenas a realizar procedimentos não invasivos, o que não deveria estar ocorrendo.
Existe a suspeita de que Íris estivesse se submetendo a uma lipoaspiração. Ela foi socorrida pelo SAMU na manhã de segunda-feira inconsciente e com parada respiratória. Durante 20 minutos, foram realizadas manobras de ressuscitação com uso de desfibrilador, mas sem sucesso, sendo conduzida à Sala Vermelha do São Judas Tadeu. A vítima apresentava sangramento em perfurações no abdômen, o que reforça a suspeita de que ela se submetia à lipoaspiração, um tratamento para o qual a profissional não estava autorizada.
A Vigilância Sanitária afirmou em nota ter recebido, em junho de 2021, uma denúncia contra a clínica. Em razão das irregularidades, ela foi interditada. Em outubro do mesmo ano, o alvará foi novamente liberado para procedimentos minimamente invasivos. Em novembro de 2022, a clínica foi novamente fiscalizada pela vigilância sanitária e não foi aprovada, permanecendo desde então sem o alvará de funcionamento por não cumprimento das adequações. Apesar de haver irregularidades sanitárias, estas não comprometiam a realização de procedimentos menos invasivos. Entretanto, o que se provou nessa segunda-feira é que a clínica estava realizando atendimentos e procedimentos não autorizados.
Em nota enviada à imprensa, a assessoria jurídica da biomédica esclarece:
“Em relação ao caso mencionado, a assessoria jurídica da profissional responsável esclarece que nenhum erro ou má prática profissional ocorreu e que reações adversas ocorrem em qualquer intervenção no ser humano, tanto estéticas quanto terapêuticas. A ocorrência de uma reação adversa e eventuais efeitos desagradáveis não tem vinculação necessária com um equívoco técnico ou inabilidade profissional, pelo contrário. Toda pessoa que faz um procedimento no corpo humano de caráter invasivo ou minimamente invasivo assume determinados riscos, os quais foram devidamente esclarecidos desde o princípio, como ocorre com todos os pacientes. O corpo humano é a ciência da incerteza e da probabilidade.
Por fim, ponderamos que as medidas necessárias para apuração dos fatos estão sendo tomadas e, nesse momento, a vida e a saúde da paciente são prioridades”
Lipoaspiração
A lipoaspiração é um procedimento estético invasivo que tem como objetivo a remoção de gordura localizada em áreas específicas do corpo, como abdômen, coxas e braços. Embora seja um procedimento comum e relativamente seguro, a lipoaspiração envolve riscos significativos quando realizada por profissionais não qualificados ou em clínicas não autorizadas.
Os riscos associados à lipoaspiração incluem hematomas, inchaço, infecção, sangramento excessivo, embolia pulmonar, lesão em órgãos internos e até mesmo a morte. Esses riscos são ainda maiores quando a lipoaspiração é realizada por profissionais não treinados ou em clínicas sem licença.
Por isso, é importante que os pacientes interessados em fazer uma lipoaspiração pesquisem e escolham um cirurgião plástico experiente e qualificado, que esteja devidamente registrado no conselho de medicina e que opere em uma clínica autorizada e regulamentada pela Vigilância Sanitária. Além disso, é fundamental que os pacientes entendam completamente os riscos envolvidos no procedimento e sigam todas as instruções pré e pós-operatórias para minimizar esses riscos.
