No mês da Mulher, um pouco da história de uma trabalhadora e fundadora da Coopert ( Ouça o PodCast)

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A coleta seletiva do lixo em Itaúna existe muito mais em função da imposição dos trabalhadores da Coopert – Cooperativa de Reciclagem e Trabalho e das inúmeras campanhas desta entidade e do poder público. Assim, a cidade acabou aderindo, há muitos anos, à prática da separação do lixo e segue descartando melhor os resíduos produzidos. Itaúna é referência nacional em reciclagem. Graças à participação de boa parcela da população e ao trabalho da Coopert e da Prefeitura, 23% do resíduo coletado são comercializados. A produção média mensal de material triado é de 430 toneladas e, desde 2013, os próprios catadores realizam todo o processo da coleta seletiva na cidade. Por mês, são recolhidas cerca de 640 toneladas de materiais e esse material é separado item por item. O lixo seco ou os resíduos reaproveitáveis, como papel, plástico, vidro e alumínio, são de responsabilidade da Coopert para comercialização. O lixo orgânico ou molhado é encaminhado ao aterro sanitário, na Fazenda Três Barras, administrado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto.

No mês da mulher, o Jornal S’PASSO conversou com a dirigente da Coopert Maria Madalena Rodrigues Duarte Lima, ou simplesmente Madalena Duarte, 62, sobre o trabalho desenvolvido na cidade. Madalena veio à redação na tarde de quarta-feira (8) e contou um pouco de sua vida e da história da Coopert.

Desde criança uma catadora

Madalena Duarte lembra que desde menina, junto com o pai e irmãos, frequentava os depósitos de empresas onde se podia garimpar algum material reciclável, como ferro, na antiga Alaita. Junto das escórias, conseguia alguns pedaços de ferro que eram vendidos como sucata.

Lixão

Além dos depósitos de fundições e fornos, frequentei por muito tempo os lixões e dali tirei meu sustento.  Em vários lugares de Itaúna, como no alto do bairro Novo Horizonte.

1998, o começo da Coopert

Foi um grupo de desempregados, ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos, que iniciou o trabalho da Coopert. Tivemos o apoio do advogado e contador José Santos, que foi nosso primeiro presidente. Também desse grupo fizeram parte o Carioca e o Mirinho, Geraldino de Souza Filho, ex-sindicalista e ex-vereador.

Fábrica de alumínio

Primeiro, a ideia era uma fábrica de alumínio, reciclando o que a gente catava nas ruas. Havia a experiência de metalúrgicos no grupo. Depois, as dificuldades foram aparecendo e resolvemos criar uma cooperativa de reciclagem.

71 famílias vivem de reciclados

Hoje são 71 catadores. Setenta e uma famílias que vivem do trabalho da Coopert, da reciclagem do lixo de Itaúna. Temos parceria com catadores avulsos, com o Ecoponto que funciona no bairro Universitário e, claro, com o SAAE.

Recolhimento e triagem

A Coopert é responsável pelo recolhimento e triagem do material, mas não fazemos a reciclagem. Recolhemos, separamos e vendemos para que virem novos materiais. Temos cinco caminhões, um veículo pequeno, uma moto, uma empilhadeira e toda a infraestrutura para o serviço diário com outras máquinas.

Coleta seletiva

O SAAE cuida do recolhimento do lixo orgânico e de todo o serviço no aterro sanitário e é responsável pelas campanhas da coleta seletiva, da separação do lixo seco e do lixo molhado.

O lixo espalhado nas ruas

Em Itaúna, ainda não é tão eficiente e muitas pessoas não fazem a separação do lixo. Colocam o lixo seco no dia que é o do molhado, do molhado no dia é que é do seco. A gente vê muito lixo esparramado na rua, o descarte feito em qualquer lugar. Este é um problema que enfrentamos.

Todos somos responsáveis

Somos cidadãos e temos que viver bem na cidade. Somos responsáveis pelo meio ambiente e pela qualidade de vida.  Nós, da Coopert, também somos cidadãos, pagamos impostos, como a taxa do lixo e queremos o melhor para todos.

 Protagonista da coleta seletiva

Itaúna tem que continuar sendo protagonista da coleta seletiva do lixo. Temos coleta todos os dias, de segunda a sábado e a Coopert cuida do lixo reciclável e a Prefeitura do lixo in natura. Mas para que tenhamos sucesso nessa empreitada, todos precisam colaborar.

Um dia muito especial para nós mulheres

Hoje (8 de março) é um dia muito especial para nós. Em Itaúna, a Coopert tem orgulho do trabalho feminino e somos 40 mulheres na cooperativa. A gente era invisível e hoje estamos ganhando espaço. Queremos ser tratadas com respeito e precisamos que as leis, como a “Maria da Penha”, sejam cumpridas. Que o feminicídio seja reduzido e acabe. Nesse dia, temos que lembrar que queremos trabalhar, estudar e ser incluídas na sociedade. Estar onde queremos estar. Ter o direito de fala e poder exercer várias funções. A todas de mulheres de Itaúna e do mundo, as minhas homenagens.

Ouça a entrevista no Podcast