Tem sido constante a tristeza dos profissionais separadores de recicláveis integrantes da Cooperativa de Reciclagem e Trabalho, que tiveram o galpão destruído por um incêndio. Depois da tragédia, os catadores estão realizando a separação dos materiais a céu aberto, expostos a sol e chuva, disputando espaço com urubus, como se estivessem no antigo lixão.
A presidente da Cooperativa, Bruna Aparecida Rocha, confirmou que as 86 famílias que trabalham com reciclagem continuam fazendo a separação e triagem a céu aberto, mas revelou à reportagem que o apelo e a campanha realizada através da imprensa e das redes sociais já deram resultados significativos para a reconstrução do galpão da COOPERT.
Segundo ela, a Cooperativa tem contado com o apoio do Instituto ATEMIS, do Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável e de dois importantes grupos de pesquisa – o Núcleo Alter-Nativas de Produção da UFMG e o grupo Produção do Espaço Urbano nos Brasis.
“Eles estão, forma voluntária, assessorando no desenvolvimento do projeto de um novo espaço para a Cooperativa retomar as atividades em condições adequadas de trabalho”, destaca.
Ao Jornal S’Passo, o Professor e Coordenador do Curso de Engenharia de Produção da UFMG, Marcelo Alves de Souza, revelou que embora os estudos estejam na fase preliminar, já foram realizados cálculos de custo de construção utilizando a base dos “Custos Unitários Básicos de Construção”.
“Além disso, projetamos a necessidade de um investimento adicional para a estruturação completa do galpão com os equipamentos essenciais, tais como esteiras de triagem, prensas horizontais e verticais, entre outros equipamentos que garantirão o funcionamento adequado das atividades da cooperativa. As ordens de grandeza já foram informadas a parceiros que têm somado esforços no sentido de contribuir com a reconstrução”.
Marcelo pontua ainda que os grupos são parceiros da COOPERT há mais de 14 anos e que o núcleo da UFMG está se empenhando nas áreas de trabalho e definição de diretrizes do projeto e o grupo da PUC, no projeto arquitetônico.
“Nós somos capazes de chegar apenas até os anteprojetos arquitetônicos. Os demais projetos executivos de engenharia vão precisar contar com apoio de outros parceiros, como por exemplo a Prefeitura de Itaúna, que pode fazer a parte das especialidades de engenharia civil, estrutural, elétrico, hidráulico e sanitário. Esse é um gargalo para chegar ao projeto final, então ainda precisaremos de ajuda”.
Ajuda à muitas mãos
De acordo com uma das fundadoras da COOPERT, Maria Madalena Rodrigues Duarte Lima, após os pedidos de ajuda, a Cooperativa receberá o apoio da empresa Alfa Engenharia, que vai realizar a desmontagem das estruturas metálicas do galpão e das áreas incendiadas.
“O cronograma será a desmontagem do galpão, nos próximos meses; o envio do projeto arquitetônico pelos núcleos no início de dezembro, para o início dos demais projetos. Se tudo ocorrer até o final do ano, a pretensão é começar a reconstrução ainda no mês de janeiro”.
Madalena lembrou ainda do auxílio do prefeito eleito, Gustavo Mitre, que esteve na cooperativa e já levou a demanda ao vice-governador na última semana. “Gustavo se comprometeu a encaminhar nossas demandas ao governo estadual, buscando apoio em materiais e recursos para ajudar na reconstrução da COOPERT e melhorar as condições de trabalho dos cooperados”.
A fundadora da Cooperativa reiterou ainda os agradecimentos à deputada Estadual Lohanna França, que já empenhou uma emenda parlamentar no valor de R$200 mil, que será paga no início de 2025, para a reconstrução do novo galpão. “Essa emenda, adicionada ao apoio do prefeito e emendas impositivas dos vereadores, irá alavancar a realização das obras”, pontua.