O que o povo sugere para a utilização do imóvel da antiga Prefeitura, que continua inativo

Licitação para obras de banheiros públicos no centro já foi realizada e obra deverá ser iniciada na próxima semana

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O velho prédio da Prefeitura, na Praça Dr. Augusto Gonçalves, que abrigou o poder executivo durante muitos anos, encontra-se hoje abandonado, sem utilidade. A área aberta do imóvel, serviu, até há poucos dias, de abrigo para moradores em situação de rua.

Os banheiros, no fundo prédio, destinados primeiramente aos funcionários, foram adotados há muitos anos por pessoas da comunidade. Diariamente as ‘privadinhas’ eram utilizadas por centenas de pessoas, de todas as raças, idades, orientação sexual e classes sociais, que frequentavam a praça da Matriz, não necessariamente os serviços da prefeitura. 

Minerita não tem projeto de instalar escritório no imóvel 

Desde que a Prefeitura deixou de funcionar nesse espaço, em fevereiro desse ano, há conversas de que a proprietária do imóvel, a Minerita, iria instalar ali o escritório central da empresa. O diretor jurídico, Filipe Leite, disse ao Jornal S’PASSO que não há nenhum projeto nesse sentido. “Não existe nenhuma deliberação da diretoria para isso. O imóvel, que foi recentemente desocupado, está inventariado e não há nenhum projeto para essa transferência”, informou.

Banheiro na praça

A mudança da Prefeitura para o Boulevard Lago Sul deixou centenas de pessoas impossibilitadas de terem sanitários acessíveis na praça, mas a promessa de construção de banheiros públicos no centro da cidade está de volta. A Prefeitura informa que foi realizado processo de licitação para a construção da obra, ao lado da banca de revistas Via Cultural. A concorrência foi vencida pela empresa Meta Engenharia LTDA pelo valor de R$69.467,12 e as obras têm previsão de ser iniciadas nos próximos 15 dias. 

O Jornal S’PASSO foi à Praça Dr. Augusto Gonçalves ouvir as pessoas sobre a destinação do antigo prédio da Prefeitura de Itaúna 

Um mini-shopping

Para a empresária Camila Magela Bernardes, que tem loja na Praça, ao lado da igreja, diante do que tem visto por esses empresários que adquirem imóveis no centro e os transformam em estacionamentos de carros, não tem muitas expectativas. “Mas seria muito bom se fosse feito um centro comercial com opções de lazer, lojas e praça de alimentação.  Um pequeno shopping mesmo, sonho antigo do itaunense. Um espaço para ir com a família, com opções diversas de restaurantes, por exemplo”, idealizou.

Um posto de atendimento da Prefeitura

Ele se chama Antônio Carlos de Souza e é conhecido como Toninho da Banca do ‘Geraldo Turruca’. Na sua opinião, a velha Prefeitura poderia virar, pelo menos em parte, um posto de atendimento de serviços públicos. Toninho acredita que muita gente ainda tem dificuldades em lidar com a internet e, por estar longe da nova Prefeitura, fica prejudicada. “Então, o prédio poderia contar com um posto avançado da Prefeitura e do SAAE, com alguns serviços para as pessoas. O novo prédio está muito fora de mão para quem mora desse lado de cá”, opinou.

Parceria iniciativa privada e poder público

O advogado e ex-vereador Jason Vidal propõe que os empresários ofereçam um serviço bacana para os Itaunenses no antigo imóvel da Prefeitura. Uma grande lanchonete com espaços de convivência, um mini-shopping. “Quem sabe haja parceria entre o poder público e a iniciativa privada?”, pontuou. 

Um conjunto de lojas

Na praça da Matriz, o vendedor de picolé Edvard Alves é visto todos os dias. O repórter do Jornal S’PASSO também esteve com ele e ouviu sua sugestão para o antigo prédio da Prefeitura. “Acho que poderia virar um conjunto de lojas, uma galeria, né? Com um colosso de coisas funcionando lá e um supermercado também”, considerou. 

Uma instituição de ensino ou financeira

Durante mais de 40 anos ele trabalhou nesse prédio da Prefeitura como servidor público. Foi também vereador por quatro mandatos. Márcio José Bernardes, o Marcinho, lembrou que o imóvel não pertence mais ao município.  “Ali cabe bem uma instituição de ensino e ou financeira. Apesar do centro da cidade estar caótico, os proprietários precisam dar uma destinação digna para o prédio, que por muito tempo foi a sede administrativa do município”, salientou.

Cara de Prefeitura mesmo

A professora de História e gestora cultural Bel de Abreu opina que ainda não conseguiu visualizar nada naquele prédio. “Precisamos saber das intenções do proprietário, já que é um imóvel particular. Para mim, ali tem cara só de Prefeitura. Talvez pequenos serviços da administração, pois a outra ficou muito longe…”, sugeriu.

Imóvel da Antiga Prefeitura ocupa um importante espaço no centro comercial da cidade. Imagem: Reprodução/Youtube

Proposta para o centro em consonância com o Plano Diretor

O professor e arquiteto Sérgio Machado foi secretário de Urbanismo e Meio Ambiente e presidente do Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural, Artístico e Ecológico de Itaúna (Codempace). Na sua opinião, a ocupação do prédio da antiga PMI faz parte de um problema mais amplo, que é a necessidade da adoção de medidas, de curto e longo prazo, para que o Centro de Itaúna tenha vida sustentável e que continue a compor a nossa identidade como comunidade. O terreno da antiga PMI pode ter um papel importante nisso, mas seja qual for a ação, ela deveria se dar a partir de um Plano Geral que atraísse e beneficiasse adequadamente os proprietários, os empreendedores e consequentemente a população como um todo. 

“Há anos, venho chamando a atenção para a necessidade de uma postura mais decidida, ao mesmo tempo realista e ambiciosa, sobre o nosso Centro Histórico. Na medida em que o tempo passa, a situação vai se tornando mais complexa. Cresce o risco de se instalar nele um processo de deterioração urbanística com resultados muito negativos para toda a cidade. A aprovação do Plano Diretor é um momento de ouro para se debater e encaminhar soluções, mas a classe política parece não estar sensibilizada para a importância desse instrumento, especialmente diante das grandes mudanças que estão ocorrendo em todo o mundo e que nos afetarão cada vez mais”, ponderou.

O destino do antigo prédio da PMI, na sua avaliação depende de outros fatores, que poderão indicar a sua revitalização, a mudança de uso ou até mesmo a sua demolição. “De qualquer modo, é uma situação preocupante, na qual os interesses dos proprietários somam-se aos interesses públicos”, avaliou.

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