A iminência do fechamento em definitivo do Bar e Restaurante Sandoval 24 Horas em razão das confusões causadas por “desordeiros e usuários de drogas”, ainda não é questão fechada. As portas do tradicional reduto da boemia itaunense já estão sendo baixadas após à meia noite. E, segundo um dos sócios do estabelecimento, Odilon Campos, ao Jornal S’PASSO, ele e os clientes estão desamparados, reféns dos bandidos e, por isso, tem que interromper o atendimento nas madrugadas para evitar mais barulho e confusão.
No entorno do bar, e em outros pontos da cidade, a reportagem tem ouvido muitas pessoas opinarem sobre a situação e a fala desconsolada dos donos do bar/restaurante. Muita gente não assume publicamente sua opinião, mas é quase que unanimidade o descontentamento ante a possibilidade de se apagar a história do último boêmio das barrancas do São João. Ali, inúmeras pessoas degustam com frequência o tradicional PF, acompanhado invariavelmente por uma cerveja gelada. Ou mesmo uma cachacinha da roça. Nas madrugadas da velha cidade, em tempos idos de outros carnavais, foliões ainda envergando a fantasia – quando o ponto alto da folia era a Praça da Matriz –, se dirigiam ao bar/restaurante para a saideira e comer aquela macarronada revigorante. Gente chique e simples, da cidade e da zona rural, de todas as classes e estilos, de cores políticas e de torcidas de futebol, frequentam o Sandoval há décadas. Mas, quem é da noite são os que estão com mais medo da “cracolândia” vencer e este ponto de parada noturna encerrar sua história. Aí sim, será o ato final e a saideira definitiva.
“Sou natural de Itaúna mas não resido aí. Não tenho muita relação com o bar, mas acho uma pena se for fechado, pois é tradicional e um bom ponto de encontro nos fins de noite. Único lugar pra comer na madrugada itaunense”. – Bruno Cesar de Freitas Melo
“Frequento aqui há 40 anos, desde a época do Sr. Plínio. Não tenho nada a reclamar deste lugar. O bar/restaurante Sandoval é conhecido no Brasil inteiro”. – Sérgio Luiz Silveira
“A gente recebe essa polêmica do bar Sandoval com muita tristeza, porque, além de ser um gerador de emprego e renda, faz parte da cultura de Itaúna. São diversos itaunenses, e gente de outras cidades, que por diversos anos passaram e passam pelo bar do Sandoval; nas madrugadas, durante o dia e ali comeram o tradicional PF, com a qualidade que lhe é garantida. Acredito que uma conversa entre o executivo, a Polícia Militar e os proprietários do bar, vai resolver a situação e encontrar um caminho. Fica o meu desejo que se resolva essa situação, até porque o Bar Sandoval faz parte da história do nosso carnaval na Praça da Lagoinha”. – Eugênio Pinto – ex-prefeito de Itaúna
“Não concordo com o fechamento do bar, sou freguês de vários anos, é tradição da cidade”. – Édson Vilaça da Rocha
“Quanto à polêmica e a possibilidade de fechamento do Bar/Restaurante do Sandoval, fico tremendamente triste, assim como tenho certeza, milhares de pessoas, se isso acontecer. O Bar do Sandoval é um ícone, por ser de grande relevância em Itaúna e região, há 37 anos aberto ininterruptamente, por 24 horas. Infelizmente, os problemas sociais que assolam nosso país acabam trazendo muitos problemas e consequências. Mas vamos torcer para que haja uma solução para que não feche o “BAR DO SANDOVAL”, o mais famoso bar de nossa região! Parabéns Odilon e Sandoval pelo trabalho em manter por tantos anos um trabalho assim. Não moro mais em Itaúna, mas sempre que vou, passo lá para comer e cumprimentar o Odilon e equipe”. – Cássia Corradi
“Frequento o bar do Sandoval minha vida inteira porque o escritório do meu pai é na esquina de baixo e eu morava na Zezé Lima. Almoçava, final de festa… frequentei ali desde criança. É com muita tristeza que recebo essa notícia porque o Bar do Sandoval é um espaço cultural da cidade. Acredito que esse problema relacionado às drogas tem atrapalhado muita coisa na cidade, a exemplo da pracinha do Centro Social Urbano em frente à minha casa, que está cheia de mendigos, usuários de drogas. Em muitos casos, ficamos de pés e mãos atadas. O que poderia ser feito junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado é a instalação de um posto policial ali, porque além do bar há outros comércios, residências. A Lagoinha é uma área central que merece uma atenção especial”. – Nesval Júnior – presidente da Câmara Municipal de Itaúna
“Realmente a praça da Lagoinha não é mais a mesma, mudou muito, assim como muitas outras praças da cidade. Temos a presença de muitos moradores de rua, de Itaúna e de fora, usuários de álcool e outras drogas, pessoas inofensivas e outras nem tanto. Esse problema acentua muito à noite, e começa cedo, tipo 8 horas. Quando ainda estava com a sorveteria, mudei o horário de fechamento, que até uns cinco anos atrás era 22 horas e nos finais de semana até um pouco mais, para às 20h30, de forma gradual, uma vez que a cada ano aumentava a presença de pessoas estranhas que rondavam a região, com ocorrências de assaltos, brigas, uso de crack nas latinhas, em toda a redondeza. Por várias vezes, após fechar a sorveteria, precisei pedir ajuda pra me deslocar até minha casa a um quarteirão e meio da praça. Acredito que o problema seria resolvido com uma guarita da Polícia Militar, principalmente durante à noite, instalada no estacionamento do bar. Mas, muitos comerciantes com quem já conversei consideram que os usuários iriam se aglomerar em outro lugar do mesmo modo, mas não creio. Tenho consciência que só policiamento também não resolve. É necessário a implantação de políticas públicas que saiam apenas das reuniões, dos levantamentos e partam para aplicar medidas de maior resolutividade. Precisamos de mais atitudes e vontade de resolver os problemas de forma definitiva e não paliativamente. Os moradores dos imóveis da praça da Lagoinha reclamavam muito do barulho, das brigas e chegaram a falar até de uso de armas de fogo e troca de tiros”. – Marlene Vilaça de Oliveira Guimarães