Padres não vão participar da ‘Marcha Patriótica da Família’, mas dizem que apoiam evento

Para religiosos, manifestação convocada pelo Movimento Conservadores Cristãos “não tem viés político” e nem é uma reedição dos tempos pré-1964, mas sim pela defesa da família e da religião

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Na edição anterior o Jornal S’PASSO divulgou a realização de uma manifestação em Itaúna, denominada “Marcha Patriótica da Família”, organizada pelo grupo de direita Conservadores Cristãos. Na matéria, a informação era de que o evento estaria sendo organizado por vereadores e religiosos, católicos e protestantes.

Integrantes do Movimento Conservadores Cristãos encaminhou nota à reportagem informando que houve equívoco, porque a organização é do MCC. Os políticos (como vereadores Gustavo Dornas e Kaio Guimarães) e religiosos apenas estão apoiando, com vídeos, inclusive, convidando para a marcha, que será realizada no próximo domingo (5), às 8h30, saindo da porta da Prefeitura, no Boulevard Lago Sul.

A matéria jornalística trouxe ainda uma entrevista com o bispo Dom José Carlos falando da participação de padres de sua diocese no evento. Ele afirmou que não autorizou, nem foi solicitada permissão para participação dos padres Adriano Bolognani, da Paróquia de Santo Antônio, em Mateus Leme e Chrystian Shankar, do Santuário São Frei Galvão, em Divinópolis, no evento. 

Padre Adriano Bolognani. Imagem: Reprodução/Internet

Falando ao Jornal S’PASSO, o padre Adriano Bolognani disse que não irá mais participar da Marcha Patiótica em Itaúna devido a compromissos em sua paróquia durante a manhã de domingo. Ele havia gravado um vídeo convidando as pessoas para o encontro. Contou que apoia o movimento e que vê com muita alegria essa iniciativa, da qual rejeita a comparação com a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, organizada por mulheres, religiosos e políticos da direita, no período que antecedeu o golpe militar de 31 de março de 1964. 

“Sentimos que algumas questões no Brasil estão muito tumultuadas. A iniciativa de uma caminhada de cristãos vem resgatar os valores da família e da própria Igreja do Cristo. Não podemos continuar aceitando as ameaças à família”, pontuou o padre Bolognani. Ele não especificou que ameaças são essas e que valores estão sendo colocados em questão, mas reiterou que a Marcha Patriótica não é ligada a partidos políticos. 

“Se fosse eu não participaria. É um movimento que terá a participação de católicos e evangélicos”, asseverou.

“Se as famílias se calarem, as forças contrárias falarão”

Também o padre itaunense Chrystian Shankar disponibilizou vídeo em que ele e sua mãe, a professora Ana Maria, convidavam as pessoas para a Marcha Patriótica. Em e-mail encaminhado ao Jornal S’PASSO, por Patrícia Paiva, da Assessoria Iluminar7s, Shankar ponderou que não poderá mais comparecer ao evento de domingo, pois estará participando do “2º Luz e Vida – Encontro da Família Católica”, na cidade de Aparecida (SP). Como o colega de Mateus Leme, o padre itaunense contesta a comparação com movimentos políticos de derrubada de poder de 1964. Os organizadores passaram ao padre a informação de que a ‘caminhada patriótica da família’ não teria um viés político-partidário, “a exemplo das manifestações do dia 7 de setembro”. O padre gravou o vídeo convidando as famílias para uma manifestação “em favor das famílias e pelas famílias. Nada mais urgente e necessário”. 

Pelo celular, o padre Chrystian argumentou que as pessoas podem e devem se manifestar e que é hora dos brasileiros se unirem pelo Brasil. “Vivemos tempos difíceis de inversão de valores. Se as famílias se calarem, as forças contrárias falarão. Quanto à opção política, cada pessoa tem a sua e devemos respeitá-la. Respeito não significa concordância, aprovação ou aceitação. Tenho também minha posição política, mas como padre e pessoa pública, jamais falei isso no púlpito. Isso, deixo para as rodas de conversas e com pessoas próximas. Mas uma coisa é certa: todos podem e devem se manifestar. inclusive as famílias, que acreditam naquilo que defendem, por sentirem-se ameaçadas naquilo que nos é tão caro: a liberdade e a fé!”, considerou.

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