A Polícia Militar precisou ser acionada na Câmara de Itaúna após um impasse envolvendo os vereadores Kaio Guimarães e Aristides Ribeiro (Tidinho), e a gerente institucional da Casa. Os vereadores solicitaram por meio de ofício, com data daquele mesmo dia, que a gerente entregasse o controle de ponto digital e manual do motorista terceirizado da empresa Confiare, que presta serviços ao Legislativo. Segundo Boletim de Ocorrência, os vereadores disseram que tais documentos seriam para instruir um processo judicial no qual são partes.
O processo mencionado pelos parlamentares é referente à Ação de Investigação Judicial Eleitoral do PSD contra o partido Mobiliza, que investiga possíveis candidaturas laranjas por parte do partido de Kaio e Tidinho.
Informações apuradas pela reportagem são de que os vereadores estavam tentando acusar o presidente da Câmara, Nesval Júnior, de ter utilizado o veículo oficial, bem como o motorista para levar as testemunhas para prestar depoimento no dia da audiência de instrução. No entanto, o transporte foi feito por meio de veículo particular.
Durante o impasse, os vereadores alegaram que a gerente da Câmara “estaria dificultando o fornecimento imediato dos documentos e manifestaram receio de que as informações pudessem ser alteradas”. A gerente, por sua vez, afirmou que se comprometeu a entregar os documentos solicitados até o final do dia, mas destacou que a análise e o cumprimento de prazos são necessários”.
Lílian relatou ainda que se sentiu acuada pela conduta dos vereadores, que teriam dito que não deixariam sua sala, enquanto os documentos não fossem entregues. Além disso, mencionou ter sido acompanhada por uma funcionária do vereador Kaio e filmada durante o episódio.
O procurador da Câmara, Gustavo Galvão, também se manifestou, destacando que os documentos solicitados dependem de prazos regimentais para serem disponibilizados. Ele citou a Resolução 006/201B e os artigos 86 e 87 do Regimento Interno, como base para o prazo de resposta.
Já a supervisora de serviços da empresa terceirizada Confiare, relatou ter recebido ligações do vereador Kaio fora do horário de expediente no dia anterior. Ela informou que analisaria a demanda posteriormente e, na presença da equipe policial, afirmou que a solicitação poderia ser atendida de forma breve.
Nota para a reportagem
Os vereadores Kaio Guimarães e Tidinho encaminharam uma nota à reportagem afirmando que “por ser informação pública e requisitada por vereador, não entendemos a recusa da gerência e com o objetivo de registrar todo o ocorrido, para resguardar de situações futuras, solicitamos a presença da Polícia Militar que registrou boletim de ocorrência”.
Segundo os vereadores, eles foram informados pela gerência nesta sexta-feira, 29, de que as imagens solicitadas não estariam mais disponíveis, pois ficam armazenadas no sistema por apenas nove dias. “Os fatos e as consequências estão sendo apurados e se for constatada qualquer irregularidade as medidas administrativas e judiciais serão prontamente adotadas”, disseram os vereadores.
O outro lado
O presidente da Câmara, vereador Nesval Júnior, confirmou que, na sua ausência, a gerente institucional responde pela gestão. Ele explicou que os solicitantes estão envolvidos em um processo judicial eleitoral por suspeita de fraude na cota de gênero, mas ressaltou que ele pessoalmente não teria relação com o caso e nem com o processo. Sobre o acesso ao controle de ponto do funcionário terceirizado, o presidente do Legislativo afirmou que o equipamento fica em local de acesso público.