População denuncia com textos e fotos a destruição de árvores nas margens do São João

Ministério Público foi acionado. Gerente do Meio Ambiente reafirma a necessidade da retirada da vegetação e conta que moradores da avenida têm apoiado o trabalho da Prefeitura

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Essa semana algumas postagens em redes sociais, especialmente no Instagram, voltaram ao tema da retirada de inúmeras árvores às margens do rio São João, nos trechos onde está sendo feita a limpeza dos danos provocados pelas chuvas do início do ano. Com textos e imagens, as pessoas lamentam a retirada da vegetação e questionam se há mesmo necessidade de tamanha destruição. Muitos internautas manifestam preocupação com a situação dos moradores das proximidades do rio São João se houver novamente grande quantidade de chuva, uma vez que a proteção das barrancas está sendo destruída pelas máquinas. Após o desassoreamento do rio, a proposta da prefeitura é construir e refazer gabiões para proteger as margens e evitar inundações. Alguns queixosos levaram a denúncia ao Ministério Público do Meio Ambiente que está investigando as responsabilidades e eventual negligência do poder público.

O escritor itaunense Toni Ramos Gonçalves escreveu uma mensagem e publicou fotos em seus perfis nas redes sociais. No texto, ele lembra das chuvas intensas que provocaram inundações e destruição em vários bairros de Itaúna, em janeiro e fevereiro, especialmente nos lugares próximos ao rio. E que agora, para evitar novos transbordamentos a Prefeitura está fazendo a limpeza do rio e cortando várias árvores. “Lembro das campanhas de anos anteriores para que as margens do rio fossem revitalizadas. Várias crianças plantaram árvores, pessoas fizeram jardins em grande parte da região central dedicando tempo na manutenção dos mesmos. Ficam algumas questões: será que é necessária toda esta devastação ambiental? Não teria algo menos agressivo? Será que isso irá resolver, caso haja excesso de chuva como no início deste ano? Nestes tempos sombrios onde não se respeita o meio-ambiente, fico receoso quando aprovam projetos assim. O Rio São João não é mais o mesmo”, lamenta o escritor.

Também nas redes sociais, o professor e artista plástico Levy Vargas disse entender que depois das chuvas algumas árvores ficaram comprometidas e deveriam mesmo ser cortadas, “mas o que fizeram com a mata ciliar na avenida São João é injustificável. Coisa feita aparentemente sem nenhum critério. Dá um pesar muito grande ver esse trucidamento das árvores, algumas centenárias…!”, reclama.

Vegetação será recomposta de forma adequada, após a limpeza

Ouvido pelo Jornal S’PASSO o gerente superior de Proteção ao Meio Ambiente da Prefeitura, Marcelo Augusto Nogueira, salienta que já encaminhou as respostas ao Ministério Público e que está atento aos questionamentos da população, embora, na Ouvidoria Municipal está registrado apenas uma reclamação acerca da retirada de árvores na avenida São João. Disse que em conversa com moradores próximos do rio, a Prefeitura tem recebido apoio na realização do trabalho. “As pessoas estão compreendendo a necessidade da limpeza e da forma como está sendo realizada”, posiciona. À reportagem, o gerente de Meio Ambiente voltou a afirmar que a relação entre o meio ambiente e a população sempre foi conflituosa. Que muitos dos que reclamam não conhecem de perto as necessidades das intervenções do poder público. E que o maior desafio dos atuais gestores é achar um equilíbrio, para que haja coexistência entre a gestão pública e o meio ambiente, com o objetivo de minimizar os impactos tanto para a população, quanto para a natureza. Marcelo reafirmou que a administração está realizando o trabalho de desassoreamento do rio São João e, em nenhum momento, isso pode ser caracterizado como degradação ambiental. Entretanto, para atingir a redução significativa dos problemas causados pelas cheias na área do entorno do rio, a retirada de parte da vegetação no local é necessária. Muitas árvores ali plantadas ao longo de anos foram feitas sem critério, em locais inapropriados e de forma inadequada e, com as chuvas, tornam-se obstáculos naturais, com o acúmulo de entulhos diversos, contribuindo ainda mais com as inundações. O gerente superior de Proteção ao Meio Ambiente destaca ainda que muitas árvores que foram retiradas, dificultavam a operação e o acesso das máquinas responsáveis pela limpeza do leito. “A vegetação será recomposta”, disse ele, após os serviços de limpeza do rio, com o plantio de árvores de crescimento rápido para cobertura do solo exposto, assim que destinado todo o resíduo retirado do leito e das margens.

“Daremos início ao plantio de dezenas de árvores ao longo das margens, mas de forma adequada, com espaçamento entre elas e espécies apropriadas e não da forma desordenada em que se encontra atualmente”, garantiu Marcelo Nogueira.

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