Passado o período das festas de fim de ano e a estabilização do verão, é comum o aumento da população em situação de rua nas cidades, especialmente nos grandes centros e nas cidades turísticas. E os números assustam: na cidade de São Paulo houve um grande crescimento dessa população e, em dois anos, o aumento foi de 31% na capital. Atualmente, há 31.884 pessoas vivendo nas ruas; em 2019 eram 24.344 pessoas.
Em Belo Horizonte, segundo pesquisa do Programa Polos de Cidadania da UFMG, foram registradas 8.901 pessoas que não possuem um teto. Esses números representam aumento de mais de 25% em relação a outros anos.
Em 2021, o então secretário municipal de Desenvolvimento Social, Élvio Marques da Silva, apontava para uma queda da população de rua em relação a outras épocas, principalmente o ano de 2020, quando os números chegam a 40. Na opinião do médico, a redução de pessoas sem teto na cidade indicava que a cidade havia se tornado um lugar de passagem para pessoas que se dirigem a outros lugares. Em março de 2021, Itaúna contava com 28 pessoas em situação de rua. Desses números, 13 eram nascidos no município, ou seja, têm residência e família, mas estão nessas condições por algum motivo. Hoje, no final do primeiro mês de 2022, são 40 pessoas em situação de rua. Um aumento muito significativo, de mais de 42% em relação ao ano passado.
Alessandra Nogueira Araújo, atual titular da Secretaria de Desenvolvimento Social, reafirma que as ações destinadas a atender esse público têm sido constantes em todos os abrigos improvisados nas ruas e praças, onde eles se encontram. As ações são coordenadas pelo CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social e, especialmente pelo Posto Avançado do Migrante, que faz abordagens diárias às pessoas em situação de rua, promovendo orientações, direcionamentos e acolhendo para que esse público possa ter um novo projeto de vida. O trabalho com essas pessoas também é realizado por meio de orientações e escutas de suas demandas e feitos os encaminhamentos necessários para outras instituições que acolhem, dão alimento, oferecem banho e troca de roupas. Os assistidos são direcionados também para a agência de emprego, confecção de documentos e até internações hospitalares. Os servidores do Posto do Migrante ligam para as famílias dos que estão sendo ajudados objetivando a reconstrução do vínculo familiar para que os moradores em situação de rua possam retornar a suas casas.
Vacinas e encaminhamento
Alessandra Nogueira destaca que ano passado foram realizadas ações em parceria com a Secretaria de Saúde para aplicação de vacinas contra a Covid-19, Influenza, Hepatite B, Febre Amarela e Tríplice Viral, além da realização de exames de ISTs e orientação quanto à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Ainda foram distribuídas cartilhas informativas para ajudar a população a entender quem são as pessoas em situação de rua, a fim de se quebrar a invisibilidade social que as cerca. Antes do período intenso de chuvas foram feitas vistorias nos locais em que as pessoas em situação de rua estavam instaladas, como, por exemplo, debaixo de todas as pontes, orientando-as para que deixassem o local e se abrigassem na casa de familiares, ou se encaminhassem para instituições que as acolham, como o Albergue Fraterno Bezerra de Menezes, no bairro de Santanense. “Temos trabalhado incansavelmente para ofertar apoio e serviços às pessoas em situação de rua e este ano não será diferente. Apresentaremos serviços e projetos para preservar da dignidade desses indivíduos, seus direitos e deveres”, salientou a secretária.
Loteamentos populares no Santa Edwiges e Campos são ações sociais em andamento
Em entrevista ao Jornal S’PASSO, Alessandra Nogueira informa que sua pasta está organizando e dando continuidade a diversas ações sociais para atender a população de rua e também em vulnerabilidade social. Segundo ela, uma campanha em parceria com a Delegacia de Polícia Civil vai atuar junto às vítimas de violência doméstica, promovendo ações de apoio e assistência, além da realização de palestras para as famílias junto aos conselhos e associações comunitárias.
Ela reafirma ainda que serão intensificadas atividades de coleta e distribuição de cestas básicas do Banco de Alimentos Elza Lopes, para famílias carentes através de instituições já cadastradas. A Secretaria de Desenvolvimento Social também está doando absorventes para mulheres carentes. “O ciclo da pobreza menstrual, que atinge sobretudo pessoas que menstruam e estão em situação de vulnerabilidade, começa com a falta dos absorventes. A distribuição desse item de higiene é feita através dos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), onde todas as famílias assistidas possuem cadastro”, explica.
Dois grandes projetos anunciados pela Secretaria para os próximos dias são a concretização dos loteamentos destinados à habitação popular no bairro Santa Edwiges e na comunidade rural de Campos. Foi montada uma comissão para elaborar os processos de cadastramento e seleção. Os critérios serão apresentados para o Conselho Municipal de Habitação na próxima semana e, segundo Alessandra, assim que forem definidos os critérios, serão divulgadas todas as informações para que os interessados possam se cadastrar.