Problemas do transporte coletivo voltam à pauta com muito palanque eleitoral

Ônibus estragados, horários descumpridos e o preço alto da tarifa servem de munição para os candidatos às eleições de outubro e reacendem críticas à ViaSul

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Um ônibus com defeito em pleno centro da cidade, na esquina das ruas Melo Viana com Dr. José Gonçalves, em horário de pico, causa um grande transtorno no trânsito da cidade. As pessoas, no interior do veículo quebrado, parecem resignadas vivendo uma situação que tem sido constante. Os problemas do transporte público da concessionária ViaSul são muito comuns já há algum tempo e, agora, em ano eleitoral, servem de munição para candidatos aumentarem o tom das críticas, com a promessa de que poderão fazer diferente no futuro.

Nas redes sociais alguns candidatos já conhecidos condenam a empresa, o prefeito, a Gerência de Trânsito e Transporte, por causa do serviço ruim com horários reduzidos, ônibus lotados, veículos sempre com defeito e tarifa cara penalizando os mais pobres.

Na Câmara Municipal, novamente, o assunto foi trazido e ressuscitada a polêmica em torno da proposta de concessão de subsídio dos cofres públicos para a ViaSul, na ordem de R$ 18 milhões. O dinheiro, tratado pela administração municipal como imposição contratual para reequilíbrio financeiro da concessionária, não saiu. A empresa ViaSul solicitou o pagamento em 10 parcelas e prometeu aquisição de 14 novos veículos, sendo 12 ônibus e 2 vans. Também se comprometeu a manter congelado o preço da tarifa – hoje a R$ 6,50 – até dezembro de 2024. Os vereadores protelaram a votação de uma proposição que abria crédito especial no orçamento para a concessão do aporte financeiro e ameaçaram o tempo todo que a matéria não passaria. Em abril desse ano, a proposição foi retirada da pauta de votação no Legislativo e levada à justiça que, a princípio, contestou, também, o benefício.

Ainda sem solução na justiça

À época o prefeito Neider Moreira (PSD) reafirmou que cabia à administração municipal promover o reequilíbrio financeiro contratual da concessionária, uma vez que houve queda de arrecadação durante a pandemia da Covid-19, fato que foi constatado por estudos técnicos feitos por uma equipe do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-MG). Os recursos financeiros viriam como forma de melhorar a frota e garantir serviço de qualidade ao usuário, inclusive com diminuição do preço da passagem e instalação de guaritas de passageiros. Porém, devido à dificuldade de os vereadores votarem a matéria, a intermediação da justiça foi o caminho encontrado para resolver o impasse.

Até hoje o problema não foi solucionado via judicial, já que a ViaSul recorreu da decisão. Ao Jornal S’PASSO, a assessoria de comunicação da empresa afirmou que ainda não há nenhuma novidade acerca do assunto.

A solução é a “tarifa zero”

O problema do transporte público, no entanto, tem crescido, fazendo com que os usuários enfrentem os atrasos de horários e interrupção do serviço no meio do caminho, quando um veículo estraga. Muitos estão buscando outros meios de se locomoverem no dia a dia, como o transporte individual de passageiro por aplicativo. O serviço ruim do transporte tem sido muito explorado pelos políticos com vistas às eleições de outubro e, ao que parece, todos eles agora estão ao lado dos que dependem do transporte público.

Mas, infelizmente, a solução parece que ainda está longe. A proposta da gratuidade do serviço, por meio da implantação da “tarifa zero”, é uma bandeira defendida pelos partidos de esquerda na cidade, que chegaram a colocar uma indicação no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, aprovada essa semana. Na opinião de lideranças do PT, do PSOL e do PV, a tarifa zero seria a solução para o velho problema do transporte público.