Que história é essa?

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Sílvio Bernardes

smabernardes@hotmail.com

Folias de Reis

“Barre a casa, sá Maria/ Zeca, enfeita o terreiro/ Pra receber a folia do divino padroeiro./ Senhore, dono da casa/ evém chegando a folia/ vem beijá a nossa bandeira e escutá a cantoria.”(Autor desconhecido)

Durante todo o mês de dezembro e até o início de janeiro aconteciam as folias de reis, também chamadas de ternos de reis. Os grupos de cantadores e dançadores das folias saiam às ruas e de casa em casa buscavam prendas para obras assistenciais e levavam sua arte e cultura cuja tradição vem dos nossos ancestrais europeus. Homens e mulheres – também crianças – compunham os grupos de folias de reis ao som de violas, pandeiros, sanfonas e caixas, mas o que mais chamava a atenção eram os dançadores mascarados.  Os palhaços das folias de reis causavam grande fascínio e emoção nos apreciadores das folias de reis. De primeiro, como diz o outro, as crianças corriam ao ouvirem as cantigas das folias de reis – algumas iam ao encontro dos foliões, outras se escondiam debaixo da cama. Muita gente tinha medo dos foliões mascarados. Não sei se o que causava pavor na meninada era a máscara estranha ou se a própria representação do palhaço que, segundo alguns historiadores, se traduz nos espiões do rei Herodes (aquele que mandou decapitar todas as crianças recém-nascidas por medo do Messias anunciado, que nascera nos seus domínios). Mas havia as que acompanhassem o tempo todo os grupos de folia em cantoria animada. Os moleques da minha época – e da nossa corriola – chegavam a bater apostas para tentar saber quem era o sujeito que envergava aquela roupa colorida e se escondia atrás da máscara.

A máscara do palhaço da folia de reis era feita de couro ou de papelão. Os que a usavam gostavam de modificar a voz, falando com impostação esquisita: “Ô, patrão, dá um agradozinho aí!”, pediam em cada parada exibindo uma sacolinha de pano feita do mesmo tecido do figurino. Diante da contribuição colocada no saquinho, os palhaços dançavam ao som dos instrumentos e dos coros de folia. Traziam nas mãos, além da sacolinha de donativos um bastão de madeira  – imitação de espada – , o que aumentava ainda mais o horror em alguns moleques. As danças eram por nós conhecidas como rala-o-coco, corta-jaca, rodopio, cujas coreografias se inspiravam em folguedos de várias regiões brasileiras.

No meio do terreiro os foliões cantavam e os palhaços exibiam suas coreografias desajeitadas sob os aplausos de uma plateia que crescia em cada parada (ou pouso, como eles mesmos cantavam). Ao contrário dos reis magos dos relatos bíblicos, os foliões dos grupos folclóricos não levavam presentes, eram recebidos com prendas e, em alguns lugares, com muita comida e bebida.

FONTE: www.saopedrodoiguacu.pr.gov.br

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