Sílvio Bernardes
Houve um tempo em que lá em Barbacena as pessoas eram dividas em Bienses e Bonifasenses, por causa dos dois políticos mais famosos do lugar: Bias Fortes e Bonifácio de Andrada. Ou você era biense ou bonifacense. Por essas Minas Gerais o povo já foi tancredista, magalhãesista, juscelinista, valadarista, francelinista, pimentista, aecista, zemista e outros istas. Em Itaúna, a cidade era dividida em udenista e peesedista, arenistas e emedebistas, depois, pedessista, peefelista, pemedebista, petista, psolista, pevista, pepista… E, mais que isso, havia os zezelimistas, os miguelistas, os guaracyistas, os bandinhistas, os biscoitistas, os marcoliminstas, os cassistas, os ramalhistas, os osmandistas, os neidistas… Como eram fortes os ramalhistas e os osmandistas, praticamente as mesmas e manjadas figuras. Agora, estão falando em mitristas (ou seriam gustavistas?) e mauricistas. E, como o nome é difícil para o acréscimo do “ista”, os partidários do Wandick ficam sendo, mesmo, esquerdistas, petistas, pevistas, psolistas ou, até, lulistas. Sem prejuízo da liderança, a direita continua sendo bolsonarista ou bolsominions. E há quem os chamem de fascistas, com muita razão, diga-se de passagem.
No meu tempo de moleque, as campanhas eleitorais eram muito divertidas – e essas divisões davam o que falar.
– Cê é Calambau ou cê é Nelson Ferreira?
– Dessa vez ocê vai de Biscoitão ou cê segue o Milton Penido?
– Ramalho, Dr. Virgílio, Marcos Elias ou Pedro Calambau, Chiquito Marinho ou Cordomar Silveira?
– Osmando ou Pinto? Osmando ou Neider?
E houve uma época que um Pinto chegou com outro Pinto, de vice, e foi uma confusão danada. Vote no Pinto e no outro Pinto! Vamos botar o Pinto lá dentro, de novo! “É Pinto neles!”, gritava um sujeito pelas ruas da cidade numa Kombi sonorizada. Muita gente ficou assustada. Horrorizada. Mas, a grande maioria gostou demais e há quem diga que o bordão maldoso foi um dos responsáveis pela vitória do Pinto novo e do Pinto velho.