Rei Congo diz que preocupação é deixar sucessores para fazer a festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário

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Na Festa do Congado ou, como preferem muitos, o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, a figura do Rei Congo é presença de grande destaque. Ao lado da rainha, ele comanda com soberania os eventos dos cortejos das guardas e ternos e conduz o povo no cumprimento das promessas à Santa. Em Itaúna, o Rei Congo é o Dilermando Vitor de Oliveira. Ele é itaunense, 63 anos, trabalhador autônomo, casado há 39 anos.

Na Festa do Reinado, o rei Dilermando atua ao lado de sua mãe, a rainha, Maria Ana de Oliveira. Eles foram coroados no quartel do capitão Vandeir Camargos, já falecido, em 1993, no bairro das Graças – Rua da Ponte – na presença do capitão-mor Vico e da rainha perpétua Dona Çãozinha.

Rei Congo de todas as guardas

Sou um rei congo com atuação em todas as guardas do Reinado. Meu papel é ficar firme em oração pelos nossos irmãos do Rosário.

Congadeiro da ‘Igreja de Baixo’

Atuo na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que eles falam “igreja de baixo”, pois morei na comunidade por 18 anos. Fui ministro extraordinário da Eucaristia e assim ajudo sempre. Hoje, faço parte do Conselho Paroquial.

Relação com o Reinado

Comecei há muito tempo sempre ouvindo, observando, estando junto com os congadeiros: Josefina, Vandeir, João Criolinho, da Irmandade Sete guardas, que me convidaram a participar. Com eles fui aprendendo. Assim, aprendi a gostar e comecei a participar mais diretamente.

Minha família

Meus parentes atuam no Reinado, trabalham, participam diretamente, assim como meus descendentes, desde os primeiros tempos. Há um grande envolvimento da minha família nesta festa. Na casa da minha mãe realizamos cafés, almoços, jantas, feitos por eles e com a participação de outras pessoas da comunidade.

A participação das crianças e jovens

Nossas crianças são o futuro do nosso Brasil. Devagar vamos chegar lá e é sempre bom puxar as crianças e os jovens para aquilo em que nós acreditamos, os nossos valores culturais e religiosos. Minha preocupação é deixar sucessores para nós e não deixar a tradição acabar.

A Festa do Reinado ontem e hoje

O Reinado é totalmente diferente hoje do que foi no passado. As coisas eram mais simples. Hoje, nós temos tecnologias que atrapalham, mas que também ajudam nossa festa. Antigamente nós corríamos atrás de tudo e quando chegava o dia de louvar era gratificante.

Mais visibilidade para o Reinado

Sim, a Festa do Reinado precisa ter mais visibilidade, tanto por parte dos congadeiros, como do público e, principalmente, do poder público.  É preciso que tenhamos um membro da Festa do Reinado dentro da Secretaria de Cultura e Turismo, pois, a meu ver, a Secretaria deveria ser composta por um membro de cada segmento cultural. Eles acham que é possível fazer o Reinado em três meses. Não conseguimos e nem eles contribuem como devem para a manutenção desta festa.

Museu do Reinado

Essa ideia do Museu do Reinado é maravilhosa, infelizmente este museu não existe, é apenas uma ideia. Eu, como Rei Congo, tenho o meu museu itinerante, onde faço o trabalho contando um pouco da nossa história por todos os lugares onde visito, sou convidado.