Santanense atrasa pagamento de acordo judicial e Sindicato pede mobilização dos trabalhadores

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O pagamento da primeira parcela da rescisão acordada entre a Companhia Tecidos Santanense e os trabalhadores desligados da empresa, inicialmente previsto para 10 de janeiro, sofreu atraso. Em comunicado enviado ao Sindicato dos Tecelões, a companhia justificou a inadimplência com dificuldades no processo produtivo, que afetaram severamente o fluxo de caixa. 

De acordo com a empresa, uma previsão para o pagamento será divulgada até este final de semana. O Sindicato informou que, mesmo durante o recesso da Justiça do Trabalho, já tomou medidas necessárias para proteger os direitos dos trabalhadores e instigou a categoria a manter-se mobilizada. 

Ao Jornal S’Passo, ex-funcionários da empresa revelaram que o acordo firmado inclui pagamento em dez parcelas para os trabalhadores que optaram por deixar a fábrica. Em nota, a Santanense destacou os desafios enfrentados desde a retomada das atividades na unidade de Itaúna, em junho de 2024, afirmando que a empresa “superou inércia e reativou a produção”, mantendo atualmente 650 funcionários com salários e benefícios em dia. 

A empresa reconheceu a importância de honrar os compromissos e apelou a compreensão da categoria, garantindo que o problema é temporário: “Estamos comprometidos em resolver essa situação brevemente”. 

Histórico de dificuldades

A crise não é recente. Em maio de 2024, em assembleia realizada no Grêmio Paroquial Dom Cristiano, o sindicato propôs ação de rescisão indireta coletiva para assegurar na Justiça o pagamento de salários e benefícios atrasados, além de outros direitos trabalhistas. No mesmo período, o Grupo Coteminas, do qual a Santanense faz parte, entrou com pedido de recuperação judicial, aprovado pela Justiça. 

Essa situação segue o anúncio de abril de 2024, quando a companhia concluiu um processo de reestruturação que incluiu negociações com credores e o fechamento de duas fábricas.  

Nos últimos dias, operários enviaram à reportagem imagens de uma faixa na entrada da fábrica anunciando novas oportunidades de trabalho, no entanto, a falta do cumprimento do acordo judicial e a possibilidade de um calote, tem assustado os trabalhadores, que estão com medo de pleitearem os cargos da Companhia. 

Sindicato reforça união da categoria

Em nota oficial, o Sindicato dos Tecelões destacou a gravidade do atraso do pagamento e convocou os trabalhadores a permanecerem unidos: “Precisamos nos unir neste momento difícil para mostrarmos nossa força. Unidos somos mais fortes”. 

A entidade reafirmou o compromisso de lutar pelos direitos trabalhistas, ressaltando que não medirá esforços para garantir o cumprimento das obrigações acordadas. O recesso da Justiça do Trabalho encerra no próximo dia 21, e a expectativa é que novas ações sejam encaminhadas a partir desta data. 

Com o prazo estipulado pela Santanense para apresentar uma nova data de pagamento, a tensão entre os trabalhadores cresce.

O histórico de atrasos e dificuldades financeiras da empresa levanta dúvidas sobre sua capacidade de cumprir com os compromissos firmados. O sindicato promete manter a pressão, buscando garantir que os trabalhadores sejam ouvidos e suas demandas atendidas. A situação segue em monitoramento e mobilização.