A recente mudança no sistema de marcação de consultas médicas nas unidades de saúde de Itaúna tem gerado descontentamento generalizado entre os itaunenses, especialmente das comunidades mais carentes. O novo modelo, que tem provocado atrasos no atendimento e aumento da demanda reprimida, foi duramente criticado por vereadores na reunião da Câmara e também por cidadãos que participaram da sessão.
Diante das inúmeras reclamações, os parlamentares aprovaram uma indicação coletiva solicitando a revisão urgente do atual modelo. O documento foi endereçado ao prefeito Gustavo Mitre e ao secretário municipal de Saúde, Alan Rodrigo.
Comunidade cobra respeito e resposta
Durante a participação popular na sessão legislativa desta semana, a líder comunitária Daniela Maria, moradora do bairro Santa Edwiges, fez um pronunciamento contundente. Ela questionou a efetividade do sistema implantado e cobrou respeito da administração pública com os cidadãos itaunenses.
“A qualificação do Alan não está valendo muita coisa não, porque ele não tem respeito com os itaunenses. O essencial numa qualificação é respeito, e ele não está respeitando o cidadão”, afirmou Daniela.
A líder comunitária relatou casos concretos de dificuldades enfrentadas por moradores para marcar consultas e denunciou a possibilidade de que o sistema esteja favorecendo clínicas particulares, ao inviabilizar o atendimento básico pelo SUS.
“Hoje, o cidadão está sendo empurrado a pagar plano de saúde. O aposentado, que mal tem dinheiro para os remédios, agora não pode nem ter o direito de passar por um clínico geral?”, questionou.
Daniela ainda provocou o secretário de Saúde e o prefeito. “Se a mãe do Alan, Dona do Carmo, levantasse amanhã passando mal e fosse marcar uma consulta só para daqui a um mês, ele ia ficar em casa esperando? Ou ia correr para uma clínica particular?”
Consequências da regionalização do SAMU
A líder comunitária também resgatou discussões anteriores sobre a regionalização do SAMU, criticando a decisão tomada em legislaturas passadas, quando os vereadores aprovaram a ampliação da cobertura para cidades vizinhas. Para ela, essa medida comprometeu a qualidade do atendimento em Itaúna.
“Quando teve a regionalização do SAMU, a gente alertou aqui nesta Casa que não ia dar conta. Falaram que ia vir bicicleta, patinete, até helicóptero. Agora estamos colhendo as consequências: aumentou a população a ser atendida e nosso hospital está sobrecarregado”, declarou Daniela.
Ela finalizou sua fala pedindo que o prefeito Gustavo Mitre se posicione oficialmente sobre o novo modelo de agendamento e que o secretário de Saúde “desça do pedestal” e ouça a população. “Se nem os vereadores da base estão sendo ouvidos, imagina a população?”, concluiu.