Semana da Pessoa com Deficiência amplia debate sobre a superação de barreiras

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Do dia 20 a 25 de agosto a APAE de Itaúna/ Instituto Santa Mônica celebrou a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. A data foi instituída pela Lei nº 13.585/2017 e visa ao desenvolvimento de conteúdos para conscientizar a sociedade sobre as necessidades específicas de organização social e de políticas públicas para promover a inclusão social desse público e para combater o preconceito e a discriminação.

Este ano, a Semana Nacional da PCD Intelectual e Múltipla tem o tema “Superar barreiras para garantir inclusão”, com a inserção no mercado de trabalho como um dos principais obstáculos para essas pessoas. Esse é um direito de toda pessoa, com deficiência ou não, que possibilita a concretização das capacidades individuais e das dignidades coletivas e sociais.

Uma importante entidade no trabalho com os deficientes e na discussão do tema é a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, aqui em Itaúna representada pelo Instituto Santa Mônica que realizou diversos eventos com enfoque para a Deficiência Intelectual e múltipla. Uma das dirigentes do trabalho, Geórgia Mendonça, falou ao Jornal S’PASSO sobre as atividades realizadas e da importância de continuar a colocar o assunto nas pautas de discussões da sociedade. 

Estimular a inclusão

Para ela, os eventos são a oportunidade de levar conhecimento à sociedade sobre a deficiência, sobre o trabalho realizado nas APAEs, “o fazer diário”, que absorve as pessoas envolvidas e estimula outras, além das conquistas já realizadas e os desafios ainda a serem enfrentados. O propósito já é muito debatido, levar esse conhecimento para a sociedade, estimular a inclusão entre as pessoas com deficiência e suas famílias para que elas participem das atividades. Também é o momento de as pessoas ocuparem os espaços na sociedade “porque sabemos que o primeiro passo para a inclusão começa em casa no próprio núcleo familiar das pessoas com deficiência”.

Geórgia esclarece que a deficiência intelectual nem sempre é visível em primeiro momento, trata-se de uma limitação que atinge certas habilidades da pessoa como, por exemplo, dificuldade na interação social, dificuldade no comportamento adaptativo, dificuldades de compreensão e de raciocínio lógico. Já a deficiência múltipla é caracterizada pela associação entre diferentes tipos de deficiência como a intelectual e física.

Políticas públicas com pequena efetividade

Sobre as políticas públicas para a pessoa com deficiência, um marco recente é a Lei Brasileira da Inclusão, que foi sancionada em 2015, mas a efetividade do cumprimento dessa política ainda está longe de acontecer, afirma Geórgia. “São várias as barreiras que dificultam essa inclusão, barreiras que estão no âmbito político, governamental, mas também vão muito além das políticas. Esse ano estamos trabalhando com o tema “Superar barreiras para garantir a inclusão” e, de acordo com a LBI, essas barreiras estão classificadas em seis categorias: urbanísticas; arquitetônicas; nos transportes; nas comunicações e na informação; atitudinais e tecnológicas. Cada uma dessas barreiras representa um enorme empecilho para a inclusão e na verdade elas nunca estão sozinhas, elas acontecem ao mesmo tempo”, explica.

Geórgia destaca ainda que há muitas barreiras urbanísticas e arquitetônicas e que é só sair às ruas para constatar. “Costumo falar que toda vez que saio com meu filho, que é cadeirante, sinto como se estivesse recebendo uma mensagem oculta me dizendo “o lugar dele é em casa”. É quase impossível andar nas ruas com cadeiras de rodas. A gente acaba se adaptando com o que é possível, mas que é difícil é. E muito”, salienta.

Barreiras atitudinais porque as pessoas não estão preparadas

A profissional da Apae volta a considerar que as barreiras atitudinais vêm ganhando muito destaque nas discussões. “São as atitudes ou comportamentos que impedem ou prejudicam a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas. Diante de tudo isso, o modelo social da deficiência nos mostra que a real deficiência está no ambiente e na sociedade que não inclui e não oferece espaço para os diferentes. As pessoas são como são, a deficiência quando está presente se torna algo inerente àquela pessoa e se a inclusão não acontece é porque a sociedade ainda não está preparada para acolher a diversidade”, pontua.

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