Servidor defende implementação do Programa Tarifa Zero na Câmara

País tem 121 cidades que adotam algum tipo de gratuidade para todos os passageiros, mesmo que em determinados dias da semana, como aos domingos

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Em meio ao debate sobre a ineficiência do Transporte Público em Itaúna e o pedido de subsídio de R$18 milhões pela Viasul para “reequilíbrio financeiro no contrato com a prefeitura”, o servidor público municipal, Wandick Robson Pincer, utilizou a Tribuna da Câmara para defender a implementação do programa “Tarifa Zero” no transporte coletivo da cidade. A proposta, que visa oferecer transporte público gratuito para os munícipes, tem sido adotada por algumas cidades de Minas e, segundo ele, é “perfeitamente possível” também para a nossa realidade. 

Wandick explica que com a iniciativa, o transporte coletivo é oferecido sem custos diretos para os usuários, promovendo acessibilidade, inclusão social e um fomento à mobilidade urbana sustentável. O programa tem como base a ideia de que o transporte público deve ser um direito, e não um serviço oneroso que impede o acesso de grande parte da população aos serviços essenciais da cidade. 

Pincer, que se apresentou na Tribuna como um defensor da causa, destacou que o “Tarifa Zero” não é uma utopia, como muitos podem pensar, mas sim uma realidade viável. Para ele, a implementação do programa é uma questão de vontade política e de reorientação dos recursos públicos. “A ação de implantação do programa já foi incluída na LDO e no PPAG, e sua viabilização está prevista para 2025”, afirmou. 

Como seria o financiamento

Um dos maiores desafios para a implementação do “Tarifa Zero” é o financiamento do serviço, que normalmente depende das tarifas pagas pelos usuários. No entanto, o servidor propõe alternativas criativas e possíveis fontes de custeio para o projeto. Ele destacou que as empresas privadas, que compram vale-transporte para seus funcionários, já arcam com 94% do custo das tarifas de transporte de seus empregados. Esse valor, segundo Wandick, poderia ser redirecionado para custear o programa. Além disso, ele mencionou que a publicidade nos veículos de transporte poderia servir como outra fonte de recursos para viabilizar a implementação do projeto. 

Outro dado relevante é o gasto anual da Prefeitura e do Saae com a concessão de passagens para seus funcionários, que somam cerca de R$ 6,5 milhões por ano. Esse valor, segundo ele, corresponde a quase dois meses do custo da empresa concessionária do transporte coletivo em Itaúna, o que indica que o município já tem um gasto considerável com o transporte, que poderia ser melhor aproveitado para beneficiar toda a população. 

Proposta de Teste 

Visando uma abordagem mais cautelosa e pragmática, Wandick sugeriu que o Poder Executivo envie ao Legislativo um projeto de lei propondo a implementação do programa “Tarifa Zero” de forma temporária e em caráter experimental. O objetivo seria testar a viabilidade do programa na prática, observando os impactos econômicos, sociais e operacionais antes de sua adoção em caráter definitivo. 

Além dos benefícios diretos no transporte e na mobilidade da população, Pincer enfatizou que a implementação do “Tarifa Zero” poderia trazer vantagens também para o comércio local. O dinheiro que os cidadãos gastam com as passagens de ônibus poderia ser redirecionado para fortalecer o comércio da cidade, gerando um efeito multiplicador na economia local. 

A recomendação de Pincer aos vereadores é que pesquisem sobre a política pública já implementada com sucesso em algumas cidades mineiras, a fim de analisar os resultados e entender como Itaúna poderia se beneficiar de tal modelo. 

Vereadora protocola projeto de gratuidade em Belo Horizonte 

Ao todo, 121 cidades brasileiras já adotam a tarifa zero no transporte coletivo, como Palmas e Teresina, únicas capitais com essa política. A novidade é que Belo Horizonte, pode se tornar a primeira capital do Sudeste a implementar o transporte público totalmente gratuito. Recentemente, foi protocolado pela vereadora Iza Lourença (PSOL), um projeto de lei que institui a tarifa zero. A proposta, assinada por toda a bancada de esquerda, cria o Programa Municipal de Incentivo ao Uso do Transporte Público Coletivo por Ônibus e autoriza a gratuidade em todas as linhas da cidade. 

O projeto propõe que o custo da tarifa zero seja financiado por meio da Taxa do Transporte Público (TTP), a ser paga por empresas com mais de dez funcionários. A contribuição será escalonada: uma empresa com dez empregados pagará por um, enquanto uma com 20 funcionários contribuirá por 11, e assim por diante.  

A proposta também se alinha às necessidades globais de enfrentamento à crise climática. Ao incentivar o uso do transporte coletivo em detrimento do individual, a tarifa zero pode reduzir significativamente a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para a diminuição do aquecimento global. A matéria deve ser apreciada pela Câmara nos próximos dias, após parecer das comissões.