Sete Perguntas para a Jornalista da Casa Nômade, Glória Tupinambás

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Depois de anos atuando como repórteres do Jornal Estado de Minas e da revista Veja, o fotógrafo Renato Weil e a jornalista Glória Tupinambás decidiram colocar o pé na estrada a bordo do motorhome A Casa Nômade. 

Com o passaporte carimbado em 67 países, o casal, nascido em Itaúna, é autor de três livros: O mundo em Minas (2015); A Casa Nômade pelo Mundo – Uma viagem pelos cinco continentes (2017) e A Casa Nômade pelos Extremos das Américas (2020). Desde maio de 2017, atuam como colunistas de Viagem e Turismo da Rádio CBN/Globo.

Pós-graduado em Comunicação e Política, Renato teve seu trabalho reconhecido com dois prêmios Esso de Jornalismo, Prêmio Unicef de Fotografia, Prêmio de Fotografia do Instituto Ayrton Senna e Prêmio Abrelpe de Jornalismo; e Glória com o Prêmio Estácio de Jornalismo. As fotos e textos do casal já foram temas de exposição no Memorial Minas Gerais Vale, Circuito Cultural Praça da Liberdade, na Galeria Oi Futuro, em Belo Horizonte, e no Festival de Fotografia de Tiradentes. O Jornal S’PASSO entrevista a jornalista Glória Tupinambás.

1. Como e quando a jornalista Glória Tupinambás tornou-se desbravadora do mundo, em viagens pelos cinco continentes? Aliás, você tem um pouso fixo, um endereço para, por exemplo, onde se encaminhar a correspondência?

Desde o início do nosso namoro, há 16 anos, intercalávamos as viagens com o nosso trabalho como repórteres, primeiro do Jornal Estado de Minas e, depois, da Revista Veja, e sempre aproveitávamos as férias e feriados prolongados para cair na estrada.

Mas, em 2012, decidimos tirar um ano sabático para dar a volta ao mundo. E, quando estávamos viajando pela Austrália, alugamos um motorhome para percorrer a Costa do Pacífico. Foi aí que nasceu a ideia de trocarmos nossa rotina como repórteres pela vida nômade. Percebemos que as férias estavam pequenas para acomodar a nossa paixão por viajar e, ao voltar ao Brasil, decidimos montar nosso próprio motorhome A Casa Nômade e viajar pelas Américas como turistas profissionais.

A bordo da A Casa Nômade, desbravamos todo o Brasil e viajamos pelos Extremos das Américas, da Patagônia ao Alasca. Apesar de considerarmos A Casa Nômade o nosso lar oficial, temos um pouso fixo em Itaúna, na casa dos meus pais. Itaúna segue sendo o nosso CEP para correspondências e o nosso porto seguro.

2. A decisão de sair pelo mundo veio primeiro com você ou com o Renato Weil? Ou com os dois ao mesmo tempo? Isso demorou para tornar-se realidade?

Renato sempre teve o espírito mais aventureiro e, desde jovem, ele ama viagens e longas expedições. O olhar de fotógrafo também tem uma curiosidade nata por novas paisagens, uma busca incessante por novos horizontes. A convite do Renato, eu fui me encantando por culturas diferentes e com o estilo de vida livre e nômade que experimentamos na estrada.

A partir dessas experiências em pequenas viagens de férias, o sonho de nos transformarmos em turistas profissionais foi construído de maneira conjunta. Somos uma equipe de trabalho, um fotógrafo e uma jornalista, e também um casal que, com muito planejamento, conseguiu se reinventar na carreira, trocar a rotina na redação pela absoluta falta de rotina nas estradas e fazer das viagens uma profissão.

3. Quais foram as maiores dificuldades no início do empreendimento? E hoje, quais são os principais desafios para continuar na estrada? A pandemia da Covid-19 tem um grande empecilho?

A maior dificuldade é sempre a saudade da família e dos amigos. Apesar das vindas constantes a Itaúna, pelo menos uma vez ao ano, e da proximidade trazida pelas tecnologias, faltam abraços, calor humano, reuniões de família…

Do ponto de vista profissional, o maior desafio na vida nômade é a necessidade de estar sempre antenado às novas plataformas, tendências, redes sociais e formas de produção de conteúdo jornalístico e audiovisual. Como turistas profissionais, precisamos nos reinventar nas nossas carreiras diariamente para acompanhar as novidades do Instagram, YouTube e Spotify.

A pandemia suspendeu todas as nossas viagens e planos. Deixamos o nosso motorhome em Nova York para vir ao Brasil, no início de 2020, rever nossas famílias e lançar nosso terceiro livro e fomos surpreendidos pela pandemia. O fechamento das fronteiras faz com que nossa casa sobre rodas siga “presa” nos Estados Unidos e nós permanecemos em Itaúna nos últimos 18 meses. Recentemente, com o avanço da vacinação no Brasil, temos feito viagens de carro pelo litoral e interior do país para produção de conteúdo para a Rádio CBN e para as redes sociais.

4. Como é A Casa Nômade e de que forma ela se mantém rodando pelo mundo? Quais são os combustíveis que fazem com que esse empreendimento se mantenha em movimento?

Na carroceria de uma Sprinter Mercedes-Benz nasceu, em 2015, A Casa Nômade. Com seus 10 metros quadrados, esse lar sobre rodas é equipado com cama, cozinha com fogão, geladeira, pia e mesa, banheiro com chuveiro aquecido a gás e vaso sanitário, climatizador, aquecedor e até garagem para moto e duas bicicletas. A Casa Nômade conta com painéis solares, baterias e caixas d’água, garantindo que o projeto seja ecologicamente correto e autossustentável. 

5. Os olhares de dois jornalistas pelo mundo conseguem ver o que muitos talvez não vejam. O que a Glória e o Renato viram em suas viagens que motivam a prosseguir? Quais são os lugares definitivos, incríveis, que valem a pena voltar uma duas, mais vezes, e quais aqueles que não compensam gastar mais tempo?

Rabiscos no mapa e as setas do GPS apontam para um destino final, mas o coração sabe bem que perder-se também é caminho. As férias ficam pequenas e os sonhos de desbravar novas culturas parecem maiores que o mundo. É tempo de arrumar as malas e partir. Colocar os pés na estrada, sem rumo, e fazer dela um lar. Ser nômades, levar a alma para passear e vagar em busca do novo. Encontrar morada onde haja afeto, amizade. Engolir ou deixar correr o choro da saudade. Espantar o medo que pode estar à espreita em cada curva. Perseguir o horizonte e, de olho no tique-taque do relógio, constatar que cada minuto é para ser vivido, e jamais desperdiçado em meros passatempos. Nada é certeza. Tudo é descoberta. A cada dia, uma paisagem distinta, uma moldura diferente para o pôr-do-sol. Novas experiências prontas a nos ensinar que, acima de todas as belezas, está a coragem.

Todas as culturas têm o seu encanto e o seu valor. Portanto, é impossível  eleger lugares preferidos ou dizer que outros não valem a pena. Experiências positivas, hospitalidade e boas amizades nos farão apaixonar por um destino, enquanto apertos, perrengues e sufocos nos deixarão lembranças negativas. Mas, na vida de viajantes, sempre vale a experiência.

6. Em suas viagens vocês atuam como repórteres de algum veículo em especial ou o trabalho acontece como freela?

Durante as viagens, trabalhamos como colunistas de Viagem e Turismo da Rádio CBN, do Sistema Globo de Jornalismo; somos autores de livros de viagens; e atuamos como produtores de conteúdo para as redes sociais e para o site A Casa Nômade.

Além disso, o projeto A Casa Nômade conta com patrocínio e apoio de empresas do setor privado, como a Mercedes-Benz, a Truckvan, empresa do segmento de carrocerias, a Bis Soluções, especializada em seguros e assistência de saúde, a Avoante Fast Forward, escola de idiomas aceleradora de fluência, a Engetti Solar, empresa de Itaúna fornecedora de equipamentos de energia solar, a Mysimtravel, chip internacional para acesso à internet e telefonia em qualquer lugar do mundo, a Osprey, empresa multinacional de mochilas e equipamentos de esporte e aventura, e a Fiero, empresa especializada em roupas de neve.

  1. Os Tupinambás de Itaúna são gente de grande atuação e presença na política. Como você vê o cenário político brasileiro do momento? Viajar pelo mundo ajuda a esquecer um pouco que temos um grande problema político, social e econômico de difícil solução?

Prefiro não responder essa questão. Não quero me envolver neste tema.

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