Show de Zélia Fonseca no Teatro Vânia Campos revela situação preocupante em relação à vida cultural de Itaúna

Diretor teatral Marco Antônio Machado Lara lamenta descaso do SESI na gestão da casa de espetáculos, nascida no início dos anos de 1980 pela luta de artistas

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O médico, diretor teatral e produtor cultural, Marco Antônio Machado Lara, encaminhou ao Jornal S’PASSO um texto em que lamenta mais um ano em que o Teatro Vânia Campos deixou de ser administrado pela Associação Cultural Vânia Campos, entidade por ele dirigida. São dez anos em que o SESI cancelou a parceria e passou ele próprio a cuidar do espaço cultural, e, desde então, “a vida cultural de Itaúna ficou mais pobre”.

Sem a parceria SESI/ACVC, desde 2013, a situação é de desmonte de todo um projeto construído pelos artistas e produtores culturais. Hoje, o que se tem visto “é o desligamento de suas luzes, o que se ouve é o silêncio, o que existe é o nada: uma perda irreparável para Itaúna”

Marco Antônio revela que após ser provocado inúmeras vezes, o SESI finalmente se manifestou através da imprensa em um artigo publicado no S’PASSO, em 14 de outubro de 2013: “Fiemg afirma que SESI preza por uma política cultural inclusiva, diversa e acessível e promete ampliar programação em 2024”.

Para o dirigente dada ACVC, isso é “conversa pra boi dormir”, pois ele acredita que está claro que o SESI não tem interesse em manter o Teatro Vânia Campos em atividade.

“O uso do Teatro Vânia Campos pelos artistas itaunenses está longe de ser acessível e inclusivo. A começar pelo preço exorbitante cobrado como aluguel pelo uso do teatro. A programação diversa que foi “prometida” inexiste e se resume a pouquíssimos eventos de artistas que conseguem pagar os altos valores cobrados. A apresentação do Show de Zélia Fonseca no Teatro Vânia Campos no dia 16 de agosto passado nos revela bem a situação”, pontua.

Artista faz desabafo

Marco Antônio Lara faz questão de registrar o depoimento da artista internacional Zélia Fonseca, após o espetáculo:

“Restou em mim a frustração e o desânimo em querer produzir mais uma vez nesse teatro por ele não estar adequado a shows e eventos que exijam engajamentos e equipamentos básicos de nível profissional. E isso não condiz com o valor de aluguel/uso requerido pelo teatro de R$ 1.200,00, nem com a burocracia extremamente detalhista, aparentemente profissional e aparentemente correta, no processo de assinatura do contrato.

A aparelhagem estava com defeito, o técnico, apesar da simpatia e pontualidade, não foi capaz de resolver os problemas surgidos, nem foi capaz de operar a mesa com sucesso: os efeitos como hall e reverb não funcionaram. As caixas de som viradas para o público faziam ruídos que também não foram resolvidos e foi necessário desconectar duas delas. As caixas de monitoramento estavam também com problemas; o técnico tentou buscar outras, as quais não permitiam equalização em separado fazendo com que o volume de som que vinha do palco fosse mais alto que o som que deveria sair das caixas na frente para o público.

O que o público recebeu foi um som seco e deselegante, vindo de cabos velhos e inadequados. Isso sem falar no problema de comunicação com relação à operação da luz no palco. Pelo contrato, teríamos técnico de som e de luz. Na verdade, não tivemos nenhum, nem mesmo de som. O operador de som, quase humildemente, nos revelou que ele não é técnico e sim simplesmente operador de som e que só trabalhava com eventos pequenos, festas de crianças ou stand-up-comedy, onde só era necessário um microfone e mais nada.

Não quero reclamar diretamente dele nem da menina que me respondia os e-mails, Ana Carolina. Eles foram simpáticos e corretos. Mas me pareceram completamente desinformados quanto à realidade da situação do teatro. Há alguns equipamentos e mesa digital, mas não há informações precisas sobre como usá-los nem com as condições técnicas deles. Uma pena.

O teatro deveria estar nas mãos de gente que realmente se preocupa com ele. Itaúna merece mais. Muito mais”.