O médico, diretor teatral e produtor cultural, Marco Antônio Machado Lara, encaminhou ao Jornal S’PASSO um texto em que lamenta mais um ano em que o Teatro Vânia Campos deixou de ser administrado pela Associação Cultural Vânia Campos, entidade por ele dirigida. São dez anos em que o SESI cancelou a parceria e passou ele próprio a cuidar do espaço cultural, e, desde então, “a vida cultural de Itaúna ficou mais pobre”.
Sem a parceria SESI/ACVC, desde 2013, a situação é de desmonte de todo um projeto construído pelos artistas e produtores culturais. Hoje, o que se tem visto “é o desligamento de suas luzes, o que se ouve é o silêncio, o que existe é o nada: uma perda irreparável para Itaúna”
Marco Antônio revela que após ser provocado inúmeras vezes, o SESI finalmente se manifestou através da imprensa em um artigo publicado no S’PASSO, em 14 de outubro de 2013: “Fiemg afirma que SESI preza por uma política cultural inclusiva, diversa e acessível e promete ampliar programação em 2024”.
Para o dirigente dada ACVC, isso é “conversa pra boi dormir”, pois ele acredita que está claro que o SESI não tem interesse em manter o Teatro Vânia Campos em atividade.
“O uso do Teatro Vânia Campos pelos artistas itaunenses está longe de ser acessível e inclusivo. A começar pelo preço exorbitante cobrado como aluguel pelo uso do teatro. A programação diversa que foi “prometida” inexiste e se resume a pouquíssimos eventos de artistas que conseguem pagar os altos valores cobrados. A apresentação do Show de Zélia Fonseca no Teatro Vânia Campos no dia 16 de agosto passado nos revela bem a situação”, pontua.
Artista faz desabafo
Marco Antônio Lara faz questão de registrar o depoimento da artista internacional Zélia Fonseca, após o espetáculo:
“Restou em mim a frustração e o desânimo em querer produzir mais uma vez nesse teatro por ele não estar adequado a shows e eventos que exijam engajamentos e equipamentos básicos de nível profissional. E isso não condiz com o valor de aluguel/uso requerido pelo teatro de R$ 1.200,00, nem com a burocracia extremamente detalhista, aparentemente profissional e aparentemente correta, no processo de assinatura do contrato.
A aparelhagem estava com defeito, o técnico, apesar da simpatia e pontualidade, não foi capaz de resolver os problemas surgidos, nem foi capaz de operar a mesa com sucesso: os efeitos como hall e reverb não funcionaram. As caixas de som viradas para o público faziam ruídos que também não foram resolvidos e foi necessário desconectar duas delas. As caixas de monitoramento estavam também com problemas; o técnico tentou buscar outras, as quais não permitiam equalização em separado fazendo com que o volume de som que vinha do palco fosse mais alto que o som que deveria sair das caixas na frente para o público.
O que o público recebeu foi um som seco e deselegante, vindo de cabos velhos e inadequados. Isso sem falar no problema de comunicação com relação à operação da luz no palco. Pelo contrato, teríamos técnico de som e de luz. Na verdade, não tivemos nenhum, nem mesmo de som. O operador de som, quase humildemente, nos revelou que ele não é técnico e sim simplesmente operador de som e que só trabalhava com eventos pequenos, festas de crianças ou stand-up-comedy, onde só era necessário um microfone e mais nada.
Não quero reclamar diretamente dele nem da menina que me respondia os e-mails, Ana Carolina. Eles foram simpáticos e corretos. Mas me pareceram completamente desinformados quanto à realidade da situação do teatro. Há alguns equipamentos e mesa digital, mas não há informações precisas sobre como usá-los nem com as condições técnicas deles. Uma pena.
O teatro deveria estar nas mãos de gente que realmente se preocupa com ele. Itaúna merece mais. Muito mais”.