Sobre a oscilação dos receptores frágeis

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Pedro Nilo

Depois da gente, o drama;

depois do riso, o chão;

depois da vida, a lama;

depois do trago, o pão;

depois da praia, a bota;

depois do abraço, a mão;

depois do peito, o aço;

depois do enlaço, o não;

depois do gole, a víscera;

depois do sonho, o são;

depois da pele, a úlcera;

depois da rua, o vão.

Te amo amanhã já não mais

Eu quero depois já não sei

Eu frente, não, volto atrás

Eu logo quando serei

Te ontem prometi ficar

Te sei que não sei poder

Eu porém nenhum lugar

Eu contudo contigo ser. Mas

depois da morte, a flor;

depois do suor, o forte;

depois da guerra, o amor;

depois do asfalto, a sorte;

depois do verme, a fruta;

depois do olho, o cerne;

depois do berne, o canto;

depois da luta, o manto;

depois do trauma, a fé;

depois do erro, o sim;

depois do tombo, o pé;

depois do passo, o fim.