Tempos de ódio e violência

Ex-vereador denuncia massacre ideológico e criminalização da política por grupos de direita através da proliferação de armas e da propaganda em outdoor

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Militante político e ex-vereador Mirinho

No espaço Participação Popular, na Câmara Municipal, o ex-vereador Geraldino de Souza Filho (PT), o Mirinho, denunciou a existência de um ambiente de ódio que vem tomando conta dos debates políticos na cidade, assim como em todo o país. Diferente de outras vezes em que utilizou a tribuna do Legislativo, Mirinho contou um pouco de sua vida, desde 1984, quando começou a militância através dos movimentos da Igreja Católica, passando pelos grupos de jovens, pelas associações da Vila Nazaré e Piedade, Sindicato dos Metalúrgicos, onde foi presidente por 13 anos, a atuação como vereador (2001-2004), a fundação da Coopert e a direção do Partido dos Trabalhadores (PT). Para ele, a falta de respeito pela luta das minorias como negros, integrantes do movimento LGBTQIA+ e pobres, tem levado a um “massacre ideológico” e à “criminalização da política” em Itaúna. O advogado e ex-vereador acusa a direita e alguns setores da classe dominante, sob as asas do Movimento Conservadores Cristãos (MCC), de promoverem o distanciamento dos debates políticos saudáveis, fazendo com que haja um grande desrespeito pelos que pensam diferente deles.

“O ódio estampado nos cartazes de outdoors espalhados por Itaúna e também em outras cidades, não é somente um ódio contra o PT e a esquerda, mas contra todos aqueles que pensam diferente. São intimidatórios, como são os gestos de arminha promovidos desde a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018 e, agora, a proliferação das CAC’s, colecionador, atirador desportivo e caçador, para o porte de armas”, pontuou. Ele também apontou a existência de propaganda política antecipada nesses outdoors e disse que para isso várias pessoas entraram com ação na Promotoria Eleitoral de Itaúna.

Mirinho contou que hoje existem despachantes de armas e clubes de tiro espalhados por todo o país, o que não é diferente em Itaúna. E que essa situação legitima a prática perigosa do aumento de armas de fogo nas mãos das pessoas e que são os mais ricos os que têm mais acesso, por causa do seu alto custo. “Os despachantes de armas estão sendo procurados para liberação de CAC’s e facilitar o acesso de mais armas de fogo, por pessoas de maior poder aquisitivo. São essas pessoas ricas que financiam os seus candidatos às eleições, pagam os outdoors na cidade e que em todo o país vêm propagar a violência e o ódio contra as minorias e os que pensam diferentes deles”, pontuou. 

Apoio e reparos

A fala de Mirinho foi comentada por alguns vereadores. Edênia Alcântara (PDT) agradeceu o ex-vereador por ser mais uma voz em Itaúna na defesa das pessoas simples e dos trabalhadores e também manifestou sua preocupação com o crescimento e interesse pelas a armas de fogo no país.

Para os vereadores Ener Batista (PSL) e Kaio Guimarães (PSC), defensores do presidente Bolsonaro, o porte de armas é destinado a pessoas que necessitam desse instrumento no trabalho, ou para profissionais que fazem das armas seu esporte, permitido por lei, não são propagadores de violência. Kaio até lembrou que recentemente foi aprovado na Câmara o projeto de lei do líder do prefeito Nesval Júnior (PSD) regulamentando a aquisição de armas de fogo para caçadores de animais e colecionadores. Também contou que ele e o colega Ener apresentaram proposição para a legalização do uso de armas a profissionais de segurança em Itaúna.

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