Os trabalhadores da Fundição Sideral, em Itaúna, decretaram greve após assembleia geral realizada na segunda-feira, 17. Após o anúncio da greve, grande parte dos trabalhadores ocupou a entrada da empresa, com cartazes e faixas, solicitando dignidade e benefícios para a categoria.
O Jornal S’Passo conversou com um dos colaboradores da empresa, que preferiu não se identificar. Ele afirmou que a greve foi necessária devido à defasagem salarial dos metalúrgicos, ao corte de benefícios e à falta de refeitório após uma obra interna.

“Existia um refeitório que foi demolido para a construção de um galpão, mas não construíram outro. Na unidade de Ipatinga, a Sideral tem refeitório e oferece refeição para os trabalhadores, aqui, não”, revelou.
Outra reclamação dos trabalhadores é a falta de atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na empresa. “Reivindicamos também mais investimentos em segurança, pois estão ocorrendo muitos acidentes de trabalho aqui”, completou o colaborador.
O Jornal S’Passo também conversou com Noel Marcelo de Almeida, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúna, que informou que a greve foi aderida por 80% dos trabalhadores da empresa, sendo que 90% dos funcionários da produção também paralisaram as atividades. A Sideral conta com cerca de 370 funcionários no total.
“As principais reivindicações dos trabalhadores são: 10% de aumento salarial, vale alimentação de R$800,00, continuidade do fornecimento da cesta básica, construção de um novo refeitório e mais investimentos em segurança e saúde, visando a redução de acidentes de trabalho”, explicou o presidente do sindicato.

Aldiério Florêncio Pereira, da Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, que está apoiando a greve na Sideral, informou que os trabalhadores não aceitarão o desconto das horas paradas. “Eles não querem que as horas paradas sejam descontadas, pois já faz mais de um mês que estão reivindicando isso e a empresa não respondeu”, completou.
Primeira proposta
A primeira proposta apresentada pela empresa foi uma bonificação de R$300,00 para os funcionários, que seria incorporada na folha de pagamento até o término da obra do novo refeitório, sendo cortada após a conclusão da construção.
No entanto, a empresa não apresentou proposta de aumento salarial, nem de vale alimentação, descanso em feriados ou melhorias nas condições de trabalho. Os trabalhadores, que estavam em frente à empresa, realizaram uma votação e, por unanimidade, rejeitaram a proposta.
Um vídeo da votação foi enviado à reportagem, no qual os trabalhadores aparecem rejeitando a proposta e mantendo a greve por tempo indeterminado. Em coro, eles se manifestaram na entrada da empresa, gritando: “A greve continua, Sideral, a culpa é sua”.
Após o impasse nas negociações, o Sindicato dos Metalúrgicos acionou o Ministério do Trabalho para mediar as negociações com a empresa. O Jornal S’Passo entrou em contato com o Presidente do Sindicato na tarde de ontem para saber o desfecho da negociação, no entanto, seu telefone “estava sem sinal ou fora da área de cobertura”. A reportagem também entrou em contato com a Sideral para saber qual o posicionamento da empresa em relação ao movimento grevista e se houve acordo entre as partes. No entanto, fomos informados pela recepcionista da empresa que “o gerente responsável pelo setor jurídico da empresa estava em diversas reuniões durante o dia, e que não poderia atender a imprensa na sexta-feira”.