Transformação

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Pedro Nilo

todos os símbolos se dissolvem

já quando se acorda em 1° de janeiro

de um ano novo:

logo já vêm os IPVAs, os IPTUs,

os velórios, os cartórios, as mortes no trânsito,

os novos tratados de paz mundiais

e também os locorregionais,

já que ela ainda é só um sonho.

Já o foco é novamente o Twitter e suas hashtags.

O que a mídia não conta, pois não vende

nem dá ibope,

é que um ano novo não vem em trejeitos brancos,

nem dura o delírio mais que algumas horas

do dia 31 do doze

e do dia 1 de janeiro.

A vida, muito maior que o réveillon,

muito maior que este planeta Azul,

muito maior que o sol,

é cheia de desafios, armadilhas e perigos;

e enganos e desencontros e desabrigos.

Viver exige moldar-se

a situações para as quais não há fogos de artifício.

E nesta experiência única e longa e tão breve:

um novo ano pode residir

em cada segundo,

cada escolha.

Pode estar num quartinho de uma rua

onde alguém cinza e invisível

decide e age, corajosamente, a

                                    transformar-se.