Em novembro de 2020 aconteceram as eleições municipais cercadas de incertezas e os itaunenses foram às urnas para escolher o prefeito, o vice-prefeito e vereadores. Há um ano, nessa mesma época, seis cidadãos disputaram os votos dos eleitores com os olhos voltados para a Prefeitura. Eram eles: Alessandro Tomaz (DC), Emanuel Ribeiro (Republicano), Jerry Adriane Magalhães (PSOL), Marcinho Hakuna (PSL), Neider Moreira de Faria (PSD) e Otacília de Cássia Barbosa (PV). Também, 339 outros candidatos pleiteavam uma das 17 cadeiras na Câmara Municipal. O médico Neider Moreira de Faria (PSD) foi reeleito, e para vice, a vereadora Gláucia Maria Santiago (PL), deixando para trás os outros cinco concorrentes.
No legislativo, dos dezessete vereadores, treze concorreram à reeleição e apenas sete conseguiram voltar. Nove foram os novatos, todos marinheiros de primeira viagem e alguns muitos jovens. De lá para cá, em menos de um ano da posse dos eleitos, que aconteceu em 1º de janeiro deste ano, muitas mudanças aconteceram na Câmara, inclusive com substituição de dois vereadores: o médico Fares José Neto, do PV e o veterano Lucimar Nunes (PSD), foram elevados à categoria de secretários de governo. As duas novas vagas deles foram ocupadas pelos suplentes, o calouro Nesval Júnior (PSD) e o repetente Giordane Alberto (PV).
“Itaúna está muito melhor do que a encontramos em 2017”
O prefeito Neider Moreira, ex-deputado estadual e ex-vereador, falou ao Jornal S’PASSO sobre as lembranças da campanha e a vitória nas urnas. Eleito com 44,06% dos votos válidos, totalizando 19.375, ele fala sobre o aprendizado. Valeu a pena? Faria tudo outra vez da mesma forma? 365 dias depois, ele fala dos planos que tinha e o que conseguiu concretizar.
Sobre o pleito, Neider diz que que toda eleição é um aprendizado e cada uma é diferente da outra e que aquela, de 2020, “foi até muito tranquila”. Avalia que depois de cinco anos à frente da prefeitura a situação está muito melhor. “Vivemos hoje, sinceramente, um céu de brigadeiro”, compara, afirmando que a Prefeitura hoje e a que ele encontrou há cinco anos, assim como o SAAE de agora e o de antes, são muito melhores e mais fáceis de administrar. O prefeito destaca os investimentos na saúde, mesmo com todas as dificuldades vivenciadas desde a pandemia da Covid-19, as mudanças no Instituto Municipal da Previdência, adequando-o à nova realidade previdenciária do país e as mudanças na infraestrutura urbana. O prefeito faz questão de evidenciar o desenvolvimento social, com “um salto de qualidade” nos atendimentos, com destaque para a criação do Banco de Alimentos “Elza Lopes”, fundamental para esse momento vivenciado pelo país.
Na Educação, ele considera a municipalização de escolas como um dos bons resultados de gestão pública, ao lado da construção de novas creches e ampliação das existentes, além do projeto de edificação de uma escola na região do bairro Jadir Marinho, em atendimento a antiga demanda da comunidade.
Salto de desenvolvimento socioeconômico
“Podemos dizer com tranquilidade que estamos numa situação muito boa. A condição financeira da Prefeitura está absolutamente saneada, hoje não devemos nenhum fornecedor, nenhum prestador de serviço, nada à previdência, os salários estão rigorosamente em dia, pagos até de forma adiantada. Estaremos pagando agora, no dia 30 de novembro, o décimo terceiro integral e, para isso, já estamos com o dinheiro em caixa. Então, o que posso dizer é que estamos vivendo um período extraordinário. A cidade está toda endireitada, preparada para dar um salto de desenvolvimento socioeconômico daqui para frente. Realmente fizemos uma grande transformação em Itaúna e estou muito feliz com isso”, comemora.
Nova Prefeitura trouxe serviço mais ágil e dinâmico
Mas nem tudo são flores. O prefeito Neider não esconde que as mudanças administrativas e gerenciais na Prefeitura encontraram resistência e foram realizadas “às duras penas”. A inauguração da nova sede do poder executivo, na sua avaliação, vem imprimir essas mudanças através de um serviço modernizado e ágil, beneficiando os servidores e toda a população que busca atendimento mais dinâmico e em melhores condições. “Isso é realmente fator de muita felicidade”, evidenciou.
Gláucia Santiago: a porta está aberta para que outras mulheres possam entrar
A primeira mulher no cargo de vice-prefeita, Gláucia Santiago diz que a campanha trouxe para ela um grande aprendizado. “Ser vereadora e, agora, vice-prefeita, são realidades distintas. A campanha foi muito diferente”.
Gláucia afirma que está fazendo o possível para cumprir o que prometeu em campanha, que é manter as portas do seu gabinete abertas e brigar pelo povo de Itaúna. “Acho que valeu a pena e estou conseguindo cumprir a proposta. É muito aprendizado ver o ideal realizado e cada vez que você consegue ajudar alguém, é uma conquista de todos. Essa é minha política”, salienta.
A vice-prefeita explica que quando diz que a mulher na política tem mais condições de avaliar determinadas questões e dar a elas um encaminhamento diferenciado, aponta principalmente investimentos na educação e na construção de novas creches. E destaca como resultado da primeira mulher na prefeitura, a parceria com Neider para que possam encontrar juntos caminhos para que Itaúna continue avançando. “São pequenos detalhes que as mulheres olham diferente. Começou lá no legislativo quando abri as portas sendo a vereadora com maior número de votos e a primeira a ser reeleita. A porta está aberta e que outras mulheres possam vir”.
Marcinho Hakuna: uma campanha pé no chão, sem promessas vazias
Marcinho Hakuna, como os demais candidatos a prefeito nas eleições 2020, respondeu às questões formuladas pelo Jornal S’PASSO sobre a campanha eleitoral, o que ficou da experiência e sua avaliação acerca dos representantes do poder executivo. Hakuna conta que atualmente trabalha como construtor e empresário e que continua exercendo as atividades de músico.
“Um ano depois vejo que tudo valeu a pena e sem dúvidas faria tudo de novo, se essa fosse a vontade de Deus, da minha família, dos meus amigos e claro, da população itaunense”, pontua. Hakuna lembra que fez uma campanha “pé no chão”, dentro de suas condições físico-financeiras e “sem promessas vazias”.
O grande aprendizado, considera o político, é o da vida toda: sozinho não se chega a lugar nenhum e que se obtiveram a segunda melhor performance eleitoral, “ainda que numa desproporcionalidade financeira gigantesca”, ela se deu em função do apoio irrestrito de um grupo seleto de pessoas de bem, a quem agradece.
O candidato do PSL afirma que se orgulha de ver que muitas das propostas do seu plano de governo que foi feito a várias mãos, estão sendo usadas pela administração atual, a exemplo da construção do novo Distrito Industrial e a extensão do horário de atendimento nos Postos de Saúde.
Marcinho Hakuna fez um elogio aos vereadores da oposição, “que como eu não se curvaram a trocas de favores e cargos” e diz lamentar que outros aprovem sem discutir alterações importantes na estrutura operacional do executivo e na Lei Orgânica. Para ele, alguns parlamentares não estão avaliando “o tamanho do prejuízo que estão causando à comunidade e, consequentemente, a eles próprios e suas famílias”. Por fim, diz torcer para que se arrependam a tempo e façam o melhor por Itaúna.
Alessandro Tomaz diz que faria tudo outra vez, com mais intensidade
O engenheiro e empresário da construção civil Alessandro Tomaz disse que sua campanha a prefeito foi um grande aprendizado já que foi a primeira experiência como candidato. “Entendo que as eleições foram uma excelente oportunidade para eu poder participar mais diretamente das questões políticas de Itaúna e assim compreender como são conduzidas as decisões políticas”, pontuou.
Sandrinho, como é conhecido no meio profissional, avisou que irá participar dos próximos pleitos e avalia aquele período em 2020 como algo intenso, corrido, mas que valeu a pena pela experiência. Também afirma que faria tudo outra vez, “da mesma forma, com mais intensidade e mais força”.
“Itaúna está presa, precisa ser libertada”
Para Alessandro Tomaz os eleitos não lhe representam, pois, essa administração municipal “é mais do mesmo, como sempre existiu na cidade”. Entende que precisa haver renovação, para que Itaúna seja levada adiante. “Primeiramente Itaúna precisa ser libertada, parece que está presa num sistema de gestão administrativa pública ultrapassada. Você não vê tecnologia, inovação, em crescimento, desenvolvimento, principalmente econômico. Itaúna está ficando para trás, precisando evoluir”, considera.
Emanuel Ribeiro: eleitor atrasado e compra de votos
O engenheiro e empresário Emanuel Ribeiro, candidato a prefeito pelo Republicanos, foi o quarto colocado na disputa de votos. Ele contou à reportagem que a campanha eleitoral “mostrou o quanto o eleitor itaunense ainda está atrasado”. Sua explicação é de que nesse período recebeu inúmeros pedidos de cesta básica e dinheiro, “uma ajudinha”… E que ao negar, citando ainda que era crime, a resposta que mais ouvia era que “o fulano dava”. Emanuel pontua que teve vários relatos de compra de votos, sobretudo por “alguns vereadores picaretas” que se reelegeram, mas infelizmente os eleitores não denunciam. A maioria aceita.
Na sua avaliação, a campanha valeu a pena, sobretudo por causa do trabalho junto com a equipe, formada por pessoas voluntárias, que lhe valeu cada um dos 3.209 votos.
“Itaúna ainda carece muito de consciência política e promover essa consciência é o objetivo fundamental do grupo ao qual pertenço. Infelizmente, o eleitor itaunense vota mal e, por esse motivo, os eleitos não representam ninguém, somente interesses próprios, a exceção de três ou quatro vereadores, sobretudo Kaio Guimarães e Ener Batista”, destaca.
Jerry do PSOL: difícil competir com a máquina pública
Na opinião do bancário e ator Jerry Adriane Magalhães a campanha eleitoral de 2020 foi difícil para todos, com muitas crises se sobrepondo: na saúde, na economia e na política. Nesse cenário de crises conjuntas e restrições sanitárias, ele afirma que foi muito difícil competir com a máquina pública e seu poder de influência.
“Apesar disso, eu avalio que nós nos saímos muito bem. Primeiro porque, depois de muitos anos, apresentamos à população de Itaúna um projeto político genuinamente popular e progressista. Descentralização administrativa, orçamento participativo, valorização do servidor público, investimentos mais expressivos em saúde, educação, cultura e desenvolvimento, sempre com foco na geração de emprego e renda, foram algumas de nossas prioridades. E também porque, apesar das muitas limitações sofridas, tivemos uma das mais altas taxas de retorno na relação voto/recursos investidos. Fizemos uma campanha na garra, com uma equipe jovem e ainda inexperiente, mas muito competente e determinada. Sou muito grato a todos e todas que contribuíram e se engajaram. Foram essas pessoas que fizeram a diferença”, afirmou.
A política como um lugar de transformação e compartilhamento
Jerry Magalhães afirma que valeu a pena e que ficou muito orgulhoso de poder representar tantos sonhos e projetos de futuro e transformação para a cidade. Entende que a política ficou muito feia e triste; para muitos, ela é apenas um meio de enriquecimento, privilégios e poder. “Eu vejo diferente. Para mim, a política tem que ser um lugar de transformação e compartilhamento. É isso que move a mim e meus companheiros e companheiras”, salienta.
O candidato faz questão de ressaltar que o PSOL é um partido ainda jovem e fundado há pouco no município e que lutou contra um forte grupo de conservadores que tenta controlar e definir tudo na cidade. Em suas considerações, “esse mesmo grupo, que possui grande poder econômico e político, foi responsável por convencer a população a votar e eleger um presidente que está destruindo tudo o que nós, o povo brasileiro, conquistamos em décadas de lutas, debates e enfrentamentos”.
Por fim, Jerry afirma que os eleitos de 2020 são os representantes da população, “que merecem o nosso respeito. Espero que eles honrem os compromissos assumidos com os itaunenses”.
Para Otacília, o aprendizado que fica é que precisamos conhecer melhor os candidatos
Advogada e procuradora de carreira do município, Otacília Barbosa avalia que sua campanha para prefeita em 2020 deixou um grande aprendizado: “que as pessoas precisam conhecer melhor os candidatos antes de votar”. Para ela, valeu a pena. Afirma que nas próximas eleições pretende candidatar-se novamente à chefia do executivo e ser a primeira mulher na Prefeitura de Itaúna.
“Hoje eu faria diferente, uma campanha diferenciada visando que o povo de Itaúna entenda a importância de votar em candidatos sem vaidades políticas e que realmente queiram ajudar os cidadãos e a cidade”, observa.
Otacília não quis manifestar-se acerca dos eleitos, prefeito e vice. “Vou deixar de tecer comentários por ser servidora de carreira da Procuradoria Geral”, ponderou.