Secretário de Cultura fala do carnaval no ‘Boulevard’ na primeira reunião da Câmara

Joe foi convocado para explicar estrutura do evento. Festa deverá custar R$ 1,5 milhão e parte dos recursos virá do Fundo Municipal do Patrimônio Cultural

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Numa longa reunião na tarde quente de terça-feira (7) os vereadores abriram os trabalhos de 2023 sob a presidência de Neval Júnior (PSD). A demora da sessão do legislativo se deveu à participação popular, de três cidadãos, e ao debate feito dos vereadores com o secretário municipal de Cultura e Turismo, Ilimane Lopes, o Joe, convocado por solicitação do vereador Gustavo Dornas (Patriota). Joe foi falar sobre o carnaval 2023, que irá inaugurar o “sambódromo” no Boulevard Lago Sul e que deverá custar aos cofres públicos mais R$ 1,5 milhão, em estrutura de iluminação, som e espaço de alimentação, palco, contratação de artistas etc. O secretário afirmou que a Prefeitura irá realizar o evento, pela primeira vez, como um bem imaterial da cultura e do turismo da cidade. E a festa não será somente para Itaúna, mas para toda a região. E, para isso, irá utilizar recursos do Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, criado para financiar ações destinadas à promoção, preservação, manutenção e conservação dos bens culturais que integram o patrimônio cultural do município.

Joe respondeu longamente a perguntas feitas pelos vereadores e deu respostas a todos os questionamentos, inclusive aqueles que têm sido feitos na cidade colocando dúvida sobre as reais intenções da mudança dos festejos momescos para o novo bairro Boulevard. Afirmou que não há interesse em beneficiar este ou aquele prestador de serviço, que o espaço da festa será democrático e que não haverá impedimento da entrada de qualquer cidadão que poderá levar comes e bebes. Porém, frisou que não será permitida a entrada de garrafas de vidro e objetos que coloquem em risco a segurança das pessoas.

Segundo o gestor da cultura, o local da festa será um ambiente seguro, bem planejado e confortável para os foliões e o público de todas as idades, com espaço e atividades específicos para as crianças.

Eventos na Prainha são inviáveis

O secretário repetiu muitas informações que foram prestadas por ele em coletiva à imprensa na semana anterior e também pelo prefeito Neider Moreira (PSD) na entrevista ao Jornal S’PASSO na edição passada.

Segundo ele, o carnaval de Itaúna cresceu e há perspectiva de que seja adotado como evento de fevereiro para muitas outras cidades da região. “A avenida Jove Soares não comporta mais a estrutura que se pretende e o público esperado. Além do mais, essa avenida é uma das principais artérias do trânsito de Itaúna e a realização do carnaval neste local causa enorme transtorno para moradores da região, motoristas e pedestres que circulam pela via, principalmente as linhas de ônibus que ligam o centro a vários bairros e comunidades rurais.

Mudança do bloco ‘Pau de Gaiola’ foi decidida em reuniões com todos os envolvidos

Sobre a retirada do bloco caricato “Pau de Gaiola” da Praça Francisco Marques, a Praça da Lagoinha” e a transferência do desfile para o Boulevard, o secretário de se eximiu da responsabilidade e afirmou que houve reuniões em que os responsáveis pela agremiação aceitaram a mudança ante a justificativa da falta de estrutura e segurança do local de origem, apresentada pelas autoridades da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Ele também ressaltou que a atitude da empresária Celeida Nogueira que liderou um abaixo-assinado e encaminhou solicitação de mudança ao Ministério Público, provocou a Secretaria para que se tomasse uma posição sobre a realização do evento no local. Segundo Joe, nenhum integrante do “Pau de Gaiola” aceitou assumir os riscos de eventuais problemas com pessoas e patrimônio se o desfile do bloco permanecesse na Praça da Lagoinha.

Joe afirmou ainda que a secretaria fez uma enquete e que a maioria disse não à mudança do evento, mas por não encontrar respaldo nas  forças de segurança, como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, e sequer ambientação tranquila por parte dos organizadores do bloco, a transferência para o circuito oficial foi inevitável.

Explicações agradaram os vereadores

O secretário Joe não foi aplaudido, literalmente falando, mas mereceu de quase todos os vereadores os cumprimentos efusivos por “um trabalho irretocável” que tem sido feito por ele e sua equipe ali no prédio do Espaço Cultural Adelino Pereira Quadros. Parecia que a maioria da Câmara combinou nos elogios, “pelo que já foi realizado e pelo que está por vir”, com a certeza de que “mudanças fazem parte dos corajosos, dos visionários, dos futuros vencedores. Não há acerto, sem risco, sem mudança”.

Foram tantos os elogios e tão longa a conversa, que muita gente desistiu de esperar o término da reunião, até mesmo os que acompanhavam via YouTube. Houve um momento em que apenas três pessoas assistiam, virtualmente, à reunião. No prédio da Câmara ainda havia muitas pessoas quando Joe deu o recado final, após às 17 horas, mas muitas pessoas, incluindo vereadores e assessores do palestrante, estavam com um olho nele e outro no celular.

Moção de aplausos seria mais sensata

Um conhecido frequentador das reuniões dos vereadores afirmou, em tom de brincadeira, que seria muito mais fácil a Câmara ter encaminhado ao secretário um pedido de informações e junto deste uma Moção de Aplausos. “A ‘rasgação de seda’ ficou muito feia”, observou. Outro foi mais irônico: “É, foi só correr o boato de que o Joe estava prestes a cair, que os vereadores o elevaram às alturas. Essa Câmara tem o poder de ressuscitar defuntos”, considerou.

Vereador da oposição questiona gastos

Uma das únicas vozes a questionar os gastos com o carnaval de Itaúna foi do vereador Antônio de Miranda Silva (PSC). Para ele, não é hora de Itaúna gastar R$ 1,5 milhão com essa festa, quando ainda há muito para se fazer pela saúde, educação, infraestrutura e questões sociais no município. Vereadores da oposição, como Antônio de Faria Júnior (PL), o Da Lua; e Aristides Ribeiro (PSC), chamaram a atenção para os problemas de buracos e iluminação pública nas ruas que poderão não ser resolvidos porque o dinheiro público vai ser gasto com o carnaval.