Ditadura nunca mais!

Cidadãos usam participação popular na Câmara para defenderem democracia, as urnas eletrônicas e criticarem “atos golpistas” em Brasília no dia 8 de janeiro

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Na primeira reunião da Câmara de 2023, no início dessa semana, dois cidadãos usaram o espaço de participação popular para pedir aos vereadores que apoiem a democracia e se manifestem contrários aos que a renegam, como os seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O advogado e ex-vereador Geraldino de Souza Filho (Mirinho) e a estudante de Medicina da Universidade de Itaúna, Júlia Soares, participaram da reunião do Legislativo e falaram de uma Moção de Aplausos proposta pela vereadora Edênia Alcântara (PDT), que está em tramitação na casa. Se aprovada, a Moção deverá ser entregue ao ministro do Supremo Tribunal Federal  (STF) Alexandre de Moraes, representante de um dos três poderes que combateram as ações terroristas em Brasília no dia 8 de janeiro. Até o início da reunião, a proposição contava com apenas seis assinaturas. Ela deverá seguir para a votação na próxima reunião e poderá ser aprovada por maioria simples.

Apoio dos vereadores em favor da democracia

Tanto Mirinho, quanto a jovem Júlia ressaltaram a importância de que Itaúna esteja do lado da democracia, que é um caminho onde todas as pessoas possam minimante percorrer, enquanto que a ditadura é uma trilha onde somente os privilegiados têm espaço. Mirinho salientou que se o golpe perpetrado pela direita brasileira, financiado por empresários, muitos sonegadores de impostos que queriam a continuidade do governo anterior, que teve seu ápice nas manifestações  em Brasília no dia 8 de janeiro, tivesse dado certo, “não poderíamos estar aqui agora, falando aos senhores e senhoras”. O orador lembrou que a ditadura torturou com grande violência homens, mulheres e até crianças, no entanto, muitas pessoas até hoje exaltam os torturadores como heróis. Júlia, que é presidente do diretório municipal do PSOL, lembrou que os tempos de ditadura foram de grande corrupção, perseguição, tortura e assassinato. Júlia e Mirinho apelaram para os vereadores para que a democracia seja efetivamente respeitada e que eles possam colaborar no sentido de aplaudir as autoridades que combatem ações antidemocráticas no país.

Alexandre diz que é um democrata e que familiares foram perseguidos pela ditadura

Apenas três vereadores se manifestaram sobre as falas dos cidadãos Mirinho e Júlia: Alexandre Campos (União Brasil), Kaio Guimarães (PSC) e a autora da Moção, Edênia Alcântara. Campos afirmou que ainda esteja “num partido de centro”, sempre foi ligado a partidos progressistas, como o MDB, até porque foi criado ouvindo que alguns de seus familiares também sofreram perseguição na ditadura militar. Ele também pontuou que as urnas eletrônicas, combatidas pelos grupos de direita, são corretas e responsáveis pelas últimas eleições democráticas no país. Para o vice-presidente da Câmara Municipal, o dia 8 de janeiro deve ser lembrado como trágico e de ataque ao povo brasileiro.

“Deus, pátria, família e sem anistia”

Kaio Gumarães, defensor intransigente de Jair Bolsonaro, afirmou que Itaúna deu mais de 70% dos votos ao ex-presidente e que sempre participou de manifestações pacíficas que ressaltaram os valores de Deus, pátria e da família. Edênia Alcântara repetiu às últimas palavras do colega e acrescentou ao lema “Deus, Pátria e Família”: “sem anistia”. A vereadora voltou a elogiar os militantes da esquerda itaunense que estiveram na linha de frente pela eleição de Lula (PT) à presidência da República, que são defensores das urnas eletrônicas e do estado democrático de direito. Em sua justificativa para a Moção de Aplauso, a vereadora afirma que “a democracia brasileira sofreu um torpe atentado no dia 8 de janeiro. Os golpistas, oriundos de diversas partes do país, inclusive de Itaúna, invadiram, depredaram e roubaram objetos das sedes dos três poderes da República, em Brasília”.

Atos do dia 8 de janeiro causaram horror e vergonha

O resultado desses atos, diz a Moção, foi uma grande perda histórica de bens materiais e um claro ataque à tão frágil democracia brasileira. “Esta ação, financiada, articulada e praticada por apoiadores extremistas do ex-presidente derrotado nas últimas eleições, causaram horror e vergonha aos brasileiros que amam e defendem nossa democracia”, que continuam contestando os resultados das urnas nas eleições passadas, no mesmo sistema de “urnas que elegeram, inclusive, todos os vereadores que hoje têm assento nesta Casa”.