Jovem apaixonado por carros antigos viaja pelo Brasil e pelo exterior a bordo de uma kombi

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Henrique Soares Teixeira, 31, natural de Belo Horizonte, mas que cresceu e morou em Itaúna a maior parte da sua vida, é o piloto de uma aventura pelas estradas do país – e do mundo. Aliás, não uma, mas várias aventuras. A bordo de um motorhome adaptado a uma Kombi Clipper 1997 ele percorre por várias cidades do país e, agora, também, por outros lugares fora do Brasil.

Em 2015 ele se mudou para Ouro Preto para cursar a graduação em Geografia, e hoje é professor dessa disciplina na rede pública estadual – da qual se encontra licenciado. Henrique Soares cresceu envolto ao antigomobilismo, que significa a admiração por veículos antigos e sua mania de restaurá-los, por influência de seu pai. Desde criança os fins de semana desse jovem eram para limpar e mexer nos dois carros junto com o seu pai: um Fusca e uma Vemaguet.

“Logo, sempre gostei de carros antigos, e paralelamente a isso, da estrada. Quando criança a gente fazia viagens de carro em família, tenho lembranças marcantes destes passeios. Em 2012 comprei meu primeiro carro: uma Kombi corujinha 1973, carinhosamente batizada de Dolores e com ela seguiram os melhores anos da minha juventude! Hehe. Mais tarde precisei me desfazer deste sonho de outrora para investir no projeto da viagem, agora em uma Kombi Clipper 1997, na qual estou viajando no momento.

Henrique Soares falou ao Jornal S’PASSO sobre suas aventuras sobre quatro rodas.

O projeto das viagens

Sempre fui apaixonado por carros em geral, e nestes últimos anos passaram outros por aqui, mas o coração sempre foi das Kombis! Eu mesmo sonhei, idealizei, e há alguns anos comecei a executar meu projeto de viagem. Sempre tive em mim, desde pequeno, essa vontade forte de um dia pegar um carrinho antigo e sair por aí, sem horas nem compromissos, viver a estrada de verdade, na rotina diária, e não apenas dias isolados como fazemos nas férias e fins de semana. Eu queria viver um tempo desta forma, viajando e morando em um carro que eu conhecesse soubesse cuidar da manutenção e mantê-lo confiável sempre.

Início em 2012

A ideia de fazer isso surgiu em 2012, quando comprei minha primeira Kombi, citada acima. Eu que nunca tinha tido uma, nem meu pai, comecei a conhecer e me encantar pela versatilidade e robustez dessa velha perua! E também pelo espaço interno, que eu diria que faz milagres!  Ali eu percebi que sim, dentro das minhas possibilidades do momento, se eu quisesse realizar esse sonho logo, antes de ficar mais velho, a Kombi era o carro ideal: grande, simples e barata. E o melhor, uma mecânica que eu já tinha intimidade e já sabia das “maldades”, devido a ter crescido dentro de um Fusca, já que os dois veículos possuem praticamente a mesma mecânica.

Da sala de aula para as estradas, a geografia viva

Então, podemos dizer que esse projeto começa a ser realmente pensado há pelo menos 12 anos, mas as condições no momento não me permitiam. Eu precisava criar todas as possibilidades para realizá-lo primeiro, mas nunca deixei a chama esfriar. Fui estudar, lecionar, trabalhei em outras cidades, mas sempre tive um foco para mim muito maior, realizar esse sonho comigo mesmo, eu só não sabia quando nem como eu faria, eu só sabia que um dia ia chegar.

Uma meta que se cumpriu

Após três anos de exercício da docência no Estado, surgia a possibilidade de eu pedir o afastamento em licença sem vencimentos, para poder me dedicar ao projeto, e daí comecei a me organizar aos poucos para partir. Um longo planejamento, que envolveu muitas mudanças na minha vida, mas comecei a fazer. Botei dois carros que eu tinha à venda, fui estudar e pesquisar sobre a montagem do motorhome na kombi e em maio de 2022, eu defini uma data de partida. Defini que eu partiria dentro de dois anos, em agosto de 2024, custasse o que custasse, eu montaria o carro até esta data, prepararia minha vida e partiria. E assim eu defini e executei.

Pé na estrada para além das fronteiras do Brasil

O objetivo maior é conhecer a região da Patagônia, especialmente a cidade de Ushuaia, na Patagônia Argentina, que leva o título de cidade mais ao sul do mundo. A viagem percorrerá todo o litoral atlântico Argentino pela ruta 3, até Ushuaia, e depois seguiremos a ruta 40 no sentido norte, pelo interior da Argentina, percorrendo toda a região da cordilheira dos Andes. O roteiro inicial é descer o litoral Brasileiro, entrar no Uruguai pelo Chuí, atravessar todo o Uruguai e depois sair na Argentina em Buenos Aires, via balsa de Colonia del Sacramento no Uruguai. Pretendo fazer algumas entradas no Chile também, e encerrar os 18.000 km do trajeto do deserto de sal da Bolívia o Uyuni, em janeiro de 2025. A partir daí começarei o regresso a Itaúna, entrando pela fronteira de foz do Iguaçu.

Cidades de Minas Gerais e do Brasil

Em Minas, já passei por Ouro Preto, Ouro Branco, e por várias cidades da região do Sul de minas, como Passa Quatro, onde tenho família e pousei por dois dias. Depois passei por Peruíbe SP, Curitiba PR, e Balneário Camboriú SC, onde visitei o memorial do Jesse Koz e Shurastey (uma famosa e conhecida dupla de viajantes brasileiros que faleceram em um acidente com seu fusquinha em 2022 no estado norte americano do Oregon, quando seguiam rumo ao Alasca). Neste momento me encontro em Florianópolis SC. Sigo viagem agora, e, desde, sexta feira, estou indo para o Uruguai.