A possibilidade de implementação de uma escola cívico-militar na cidade foi sinalizada pelo prefeito eleito Gustavo Mitre, durante visita Coronel do Exército e Deputado Estadual, Coronel Carlos Henrique Coelho de Campos a Itaúna.
Coronel Henrique é vice-líder do Governo Zema e presidente da Frente parlamentar em defesa das Escolas Cívico-Militares na Assembleia Legislativa do Estado, onde atua desde 2019 nessa pauta, buscando a consolidação do modelo em toda Minas Gerais.
Gustavo Mitre explicou ao Jornal S’Passo que o projeto vem sendo idealizado desde 2019, quando esteve em reunião com o então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Giovani. “Apresentei pela primeira vez a solicitação para a implantação de uma escola militar em Itaúna, como o Colégio Tiradentes. Em 2020, reforcei essa importante demanda, acompanhado do amigo e, à época, vereador Marcinho Hakuna, em uma reunião com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo”, conta.
A ideia agora é aderir a um novo modelo de gestão compartilhada proposta pelo Governo do Estado de Minas Gerais, que une a qualidade de ensino aferida por indicadores educacionais à tradição, disciplina e prestígio dos militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
A perspectiva é a de que as tarefas do CBMMG sejam complementares às do Corpo Docente da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais nas escolas. Todos farão parte da mesma equipe, liderados pelo diretor escolar, buscando ações conjuntas que possam aprimorar as práticas educativas da escola na formação integral dos estudantes.
Mitre informou que está realizando consultas com a comunidade escolar e visitas a outras cidades onde o modelo já foi implementado para entender os impactos e resultados. Além disso, destacou que, caso a proposta avance, haverá um diálogo aberto com a população de forma ampla e transparente.
“Para garantir que essa iniciativa atenda às expectativas e necessidades da nossa comunidade, promoverei um debate com a classe da educação, com pais de alunos, vereadores e demais cidadãos interessados. Juntos, construiremos o caminho para a concretização desse importante projeto”, destacou o prefeito eleito.
A visita do Deputado e Coronel
Além do Deputado Estadual Coronel Henrique, a visita à Escola Municipal Dona Dorica, que abriga a Fundação Granja Escola São José, contou com a presença do prefeito eleito, Gustavo Mitre e dos vereadores Gustavo do Barbosa e Alexandre Campos. Durante o encontro, o Coronel Henrique ressaltou a importância dos colégios cívico-militares e os benefícios que uma instituição desse modelo pode trazer para a cidade.
“Esses colégios se destacam por oferecer uma educação de excelência, alicerçada na disciplina, na formação cívica e na construção de cidadãos conscientes e preparados para o futuro. Por isso, reforço o compromisso de trabalhar para viabilizar a abertura de um colégio cívico-militar em Itaúna, oferecendo aos nossos jovens uma formação que combine qualidade educacional e valores éticos sólidos”, disse o Deputado.
Embora a visita tenha sido realizada em uma Escola Municipal, serão avaliados outras escolas da rede estadual de ensino, já que o projeto pode ser implementado em parceria com o Governo do Estado.
Expectativas e desconfiança
A sugestão já levantou debates entre diferentes setores da sociedade, principalmente entre professores e profissionais da educação. Ao ser questionada sobre o modelo, a professora Maria Geralda Esteves, considerou a ideia excelente, “já estou com a roupa de pedagoga pra ir trabalhar”.
Para o Professor Luiz Mascarenhas, embora a escola cívico militar seja um dos possíveis modelos para um educandário “o ideal seria que as famílias retornassem às suas responsabilidades e que em todas as escolas houvesse um clima de maior respeito e disciplina, não com ares de uma militarização, mas com harmonia e humanidade”.
Já a professora Tânia Lucinda, considera que implantar uma escola cívico-militar em uma cidade pequena pode ser desafiador, mas não impossível. “Devemos considerar alguns pontos, dentre eles os desafios como recursos financeiros limitados, dificuldade em encontrar professores especializados, infraestrutura inadequada, resistência da comunidade local e dificuldade em manter a disciplina e a estrutura”.
O programa cívico-militar já foi adotado em diversas cidades, com avaliações mistas sobre sua eficácia. Enquanto alguns municípios relatam melhorias nos índices de desempenho e na redução de casos de violência nas escolas, outros apontam desafios, como resistência por parte de professores e limitações no alcance das mudanças propostas.
Nos próximos meses, Mitre promete divulgar os resultados dos estudos e a decisão final sobre a adesão ao modelo. Enquanto isso, o tema segue como pauta central nos debates sobre educação em Itaúna.
O modelo
Diferentes das escolas militares, as cívico-militares são instituições públicas comuns em que a gestão administrativa e de conduta são responsabilidade de militares ou profissionais da área de segurança, enquanto que a gestão pedagógica fica sob a responsabilidade de pedagogos e profissionais de Educação.
Segundo o MEC, para aderir ao modelo, as escolas devem obedecer a critérios como situação de vulnerabilidade social e baixo desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), atender de 500 a mil alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e/ou médio e aplicar uma consulta pública à comunidade sobre o modelo.