Itaúna: 33 casos de violência contra idosos

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Senior woman with black eye is victim of domestic violence

Envelhecer, para muitos, é um problema que os assombra durante toda a vida. Nos últimos anos, os idosos têm se tornado cada vez mais ativos e independentes, o que torna o momento em que estamos vivendo particularmente complicado para essa parcela da população. A pandemia da Covid-19 colocou um novo rótulo nessas pessoas, o de grupo de risco, lançando-os novamente no estereótipo de vulneráveis, levantando não só preconceitos, mas também o pânico de envelhecer. A privação do ir e vir e o julgamento quando isso acontece se tornaram comuns, especialmente com os mais velhos. Sem contar a pressão psicológica para não ser contaminado por uma doença invisível. Isso quando a saúde já não está debilitada e ficar em casa deixa de ser uma escolha. Neste mês, em especial, é fundamental falarmos sobre como temos cuidado dos nossos idosos. O Junho Violeta é um chamado para que sociedade se atente a violência contra a pessoa idosa. O mês foi escolhido pois no 15 é o Dia Mundial da Conscientização da Violência conta a Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência Contra à Pessoa Idosa.

Segundo estimativa do IBGE, o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas na faixa etária que se inicia aos 60 anos. Esse número representa 13% da população brasileira e deve dobrar nas próximas décadas. Ao mesmo tempo, conforme dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), nos primeiros cinco meses deste ano, o Disque 100, principal canal de denúncia, registrou 3.286 casos de violência contra idosos. Em 2019, o total foi de 33.133 casos no Brasil, estando no top do ranking com maiores registros os estados de São Paulo (21,59%), Minas Gerais (13,20%) e Rio de Janeiro (13,10%). Segundo o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003, colocar em risco a vida ou a saúde do idoso, através de condições degradantes, privação de alimentos ou cuidados indispensáveis, é crime. Porém, dados da Polícia Civil mostram que o município tem números alarmantes quando se trata de maus tratos a idosos. Em 2019, foram registradas 83 ocorrências de crimes desta natureza e, neste primeiro semestre já são 33, sendo 12 de ameaça, 13 de agressão, quatro casos de lesão corporal, além de um caso de roubo, um de abandono de incapaz e um de privação de comida e coação.

As formas de violência contra idosos são variadas, nas quais destacam-se as violências psicológicas, físicas, sexuais, abandono e negligência. O Junho Violeta tem como objetivo conscientizar, mais do que sobre a necessidade de dignidade e respeito, sobre a importância de denunciar casos de violência às autoridades competentes. No município, a Secretarias de Desenvolvimento Social é a responsável por cuidar e amparar esses idosos.

Em Itaúna, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é um dos órgãos onde geralmente são recebidas as denúncias de violência, tanto contra idosos como contra crianças, mulheres e pessoas com vulnerabilidade social. De acordo com o Gerente do Creas, Alexandre Nogueira, existe um protocolo na rede assistência que se chama Programa de Acompanhamento Especializado das Famílias e Indivíduos- PAEFI, que realiza cerca de 150 acompanhamentos por mês, e a grande quantidade desses casos são com relação aos idosos. Esses casos costumam chegar por meio de encaminhamento do Ministério Público ou do Disque 100 e, na maioria das vezes as denúncias são anônimas. Em algumas situações, familiares, cuidadores ou até mesmo também procuram o serviço solicitando ajuda. Cada caso é analisado e é verificada a necessidade de envolver outras áreas. Alexandre, explica que muitas vezes a família não sabe do que se trata a violação de direitos, ela vai além da violência física, englobando também violência psicológica, negligência, maus-tratos e o uso indevido dos benefícios do idoso, que é a grande maioria dos casos. Sobre o aumento das ocorrências durante a pandemia, a coordenador é enfático ao dizer que já está sendo registrado. “Os casos com toda certeza aumentaram durante a pandemia. Com a quarentena, os idosos têm que continuar isolados, mas muitos familiares ligavam para a gente no início e pedia para fazermos uma visita, pois estavam com medo de ir. A gente chegava no local e via que realmente os idosos estavam abandonados. O conselho que sempre damos é que não é necessário abandoná-los, pode visitá-los e ajudar nas necessidades diárias, com o devido cuidado”, detalhou.

Diante do crescimento nos números, o serviço do Creas se tornou ainda mais essencial. Na primeira semana do primeiro decreto, que determinou o fechamento total das organizações no município, o atendimento foi realizado on-line ou por telefone em regime de plantão, os coordenadores permaneceram na sede do Creas e os técnicos deram seguimento nos trabalhos remotamente. A sede foi reaberta, e está funcionando normalmente por ser considerando um serviço essencial. Ainda Segundo Nogueira, entre abril e maio, realmente teve muitas situações de abandono. “No início realmente foram muitos casos de abandono por esse medo de visitar mesmo, mas fomos orientando as famílias, agora os casos assim reduziram. O problema agora são as ameaças involuntárias, por causa da teimosia dos idosos para burlar o isolamento social. Cerca de quatros famílias nos chamaram para abordar os idosos na rua, pois eles brigaram em casa e não queriam retornar, mas conseguimos fazer esse trabalho psicológico e social e agora esses casos já não são recorrentes”, finaliza.

As denúncias de violência contra idosos podem ser feitas pelo Disque 100, que funciona 24 horas. As ligações são gratuitas, de qualquer telefone fixo ou móvel, e a denúncia pode ser anônima. A central registra a denúncia, encaminha para a rede de proteção e responsabilização e monitora as providências adotadas para informar a pessoa denunciante sobre o andamento do caso. Caso queira pedir ajuda diretamente ao Creas Itaúna, é possível falar com um dos Assistentes Sociais pelo número (37) 3242-8388, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, ou ir diretamente na sede do centro de referência, localizada à rua José Lara de Oliveira, nº 20, no bairro de Lourdes, abaixo da Praça Antônio Italiano.

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