Sete Perguntas para a vereadora Edênia Alcântara

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A vereadora Edênia Alcântara é itaunense, presidente da Comissão  dos Direitos da Mulher e membro da Comissão de Educação e Cultura e Desenvolvimento Social da Câmara.

É vice-presidente  do Conselho  Municipal  dos Direitos da Mulher, membro da Nação Hip-Hop Brasil e militante dos Direitos da Igualdade  Racial e movimento LGBTQI+

  1. Você foi  eleita pelo PDT, partido do grupo do prefeito Neider, através da indicação e apoio do secretário Élvio Marques, de Desenvolvimento Social. Agora é uma das principais vozes contra a administração municipal. O que aconteceu? O que a fez mudar de lado?

Primeiramente, quero deixar bem claro que não sou contra a administração, não sou contra ninguém. E quando falo de uma nova política, falo da política do afeto e do diálogo e isso inclui deixar de lado os termos como oposição e base. Estou a favor da população com um mandato participativo, ouvindo os cidadãos e as minorias das quais sou fruto e represento.

E o que eu tenho a dizer sobre o secretário de Desenvolvimento Social, Dr. Élvio, que admiro pelo esforço à frente da Secretaria, é que apesar de toda adversidade causada pelos meus posicionamentos, ainda tenho um carinho muito especial por ele. Ele foi e é uma pessoa muito importante na minha vida; aprendi muito com ele e sou muito grata a toda oportunidade que a mim foi dada.

E sim fui eleita pelo PDT, e acredito que os 843 votos foram frutos de um trabalho que, independentemente eu estando ou não como vereadora ou em um cargo público, continuarei desenvolvendo e lutando pelo que eu acredito e pelas pautas que defendo. Mas, infelizmente, o cabresto já é algo cultural enraizado na velha política, fazendo com que muitas pessoas se esqueçam do real compromisso de um vereador. Continuarei durante meu mandato cumprindo com meu dever de servir e não ser servida.  Quem realmente me conhece, sabe muito bem que eu sempre tive as minhas opiniões formadas. 

  1. É verdade que você se mudou do bairro Vila Nazaré, onde foi líder comunitária e construiu sua base política? E com relação ao Centro da Juventude, que também deu visibilidade à sua militância, você ainda continua ligada a esse grupo? Hoje você acha que está no caminho certo sendo mais uma vereadora da oposição?

Sim, mudei do bairro Vila Nazaré, e estou morando no bairro Piedade, na famosa Rua do Buracão. Mas minha vontade era continuar no Vila Nazaré, porém casei, tive mais um filho, a família aumentou, passou de três para cinco. E eu morava com meus pais, um sobrinho, meu tio e o meu irmão mais novo: a casa ficou pequena. Até procurei casa para alugar no bairro, porém eu e meu marido não encontramos.

Continuo atuando ativamente na associação com o Projeto Vila, só não sou mais presidente por estar como vereadora, mas estou dando todo apoio à associação, através das atividades do  Projeto Vila, que é direcionado às famílias do Vila Nazaré, principalmente crianças e adolescentes. E estou praticamente todos os dias no Projeto.

O Centro da Juventude sempre será parte fundamental da minha história. Só quem participou ativamente das atividades do CJ, sabe das dificuldades para transformá-lo num espaço feito pelas juventudes e para juventudes. Neste mês de agosto, o CJ completa quatro anos! Além do aniversário do CJ, semana que vem, no dia 26, através do meu gabinete, finalizarei o primeiro encontro Juventudes Nós Por Nós, com a participação de lideranças jovens, para juntos discutirmos políticas públicas. 

E que as juventudes se apropriem do que o estado brasileiro pode oferecer a eles, porque o que o estado brasileiro está oferecendo até então não é prêmio, é obrigação.

  1. Em sua eleição para o legislativo você não contou com o apoio direto, de grupos de esquerda, sintonizados com bandeiras que você também defende, como a causa das minorias, da mulher e dos direitos sociais. Sua mudança de postura hoje tem a ver com uma tentativa de aproximação com militantes do PT e do PSOL, por exemplo?

Conceição Evaristo já dizia em suas escritas: “hoje a escrita da Mulher Negra não tem a função de adormecer a casa grande, pelo contrário, é uma escrita que incomoda, que perturba ”. E trazendo esta frase da Conceição Evaristo para o contexto da pergunta, deixo outra pergunta: porque meu modo de trabalhar incomoda tanto, sendo eu fruto de toda pauta que os mesmos lutam diariamente? Lembrando que minha história de militância vem desde meus 16 anos, em partidos como PT, PSOL, REDE e agora PDT. E porque uma mulher preta na política com os mesmos ideais não tem apoio? 

Prefiro acreditar que falta diálogo e que, independente de posicionamentos passados, sempre estive e estarei aberta para ouvir e chegar no melhor entendimento, buscando evoluir como mulher e um ser político.

  1. Mas ao afastar-se do grupo do prefeito e, também, do PDT itaunense, você aproximou-se de vereadores da direita, que defendem temas polêmicos que têm no presidente Jair Bolsonaro, seu mais enfático representante. Você não teme também ser confundida com essas ideologias e se distanciar mais ainda da classe trabalhadora?

Não me afastei do PDT, até porque o PDT de Itaúna nunca foi organizado ao ponto de dar apoio ou reunir filiados. Pretendo estruturar melhor o partido, juntamente com o presidente e vereadores eleitos. Comecei na campanha, propondo ao presidente do partido o PDT Mulher e o PDT Jovem.

Política se faz de diálogo, estou atuando na casa do povo com os representantes do povo. Não posso escolher com quem devo dialogar. Tenho os meus posicionamentos que vão em desencontro com posicionamentos da extrema direita, porém, dialogo com todas vereadoras e vereadores. 

  1. O que você acredita hoje como caminho para um bom mandato como vereadora? Na sua opinião este é o caminho que você está trilhando? 

Independência em primeiro lugar, apesar da falta de apoio por parte do executivo. E continuar firme nos meus propósitos, sem ser uma moeda de troca, buscando uma política limpa.

6. Você disse ao Jornal S’PASSO noutra ocasião que almejava ocupar os espaços de poder na direção do legislativo. Naquela oportunidade se lançou como secretária da Mesa Diretora. Na próxima eleição você pretende colocar seu nome na disputa para, talvez, a presidência? 

Se eu me sentir preparada, com certeza! 

  1. No seu entendimento, o que é necessário fazer para que seja devolvida a credibilidade à classe política e à própria Câmara Municipal? O que uma vereadora pode fazer para que isso aconteça?

Independência do legislativo, buscando diálogos abertos com a comunidade e executivo; ser uma ponte de renovação e não um espelho da velha política.

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