Há dois anos, nessa mesma época, Itaúna dava os primeiros sinais de que a Covid-19 era de fato uma pandemia e que o município não sairia incólume de seus efeitos devastadores. Quando surgiram os primeiros casos da doença no Brasil e houve o alerta das autoridades sanitárias, nas ruas de Itaúna algumas pessoas não davam muita importância às notícias e acreditavam mesmo que o novo coronavírus não chegaria até nós. Muita gente negou o uso da máscara e não teve muita fé nas demais recomendações de médicos, até mesmo quando se falou dos primeiros testes de vacinas e que elas salvariam vidas.
A Secretaria de Saúde divulga há dois o boletim diário da Covid, com informações sobre novos casos de contaminações, internações hospitalares e óbitos. A primeira publicação circulou no dia 20 de março de 2020 e as informações eram de que haviam 12 casos suspeitos em isolamento domiciliar, sendo quatro homens e oito mulheres. Não havia até aquele momento internação hospitalar e nenhum óbito.
Há exatamente dois anos, no dia 26 de março de 2020, o boletim divulgado pela prefeitura registrava 211 casos suspeitos em isolamento domiciliar, 138 mulheres e 88 homens, nove pacientes internados no Hospital Manoel Gonçalves e dois óbitos com suspeita de terem sido contaminados pela Covid-19. Um ano depois, em 29 de março de 2021, os números oficiais davam conta de que Itaúna já haviam 6.673 casos confirmados, sendo 3.158 homens e 3.515 mulheres. 23 pessoas estavam internadas no Hospital Manoel Gonçalves e a cidade registrava 98 óbitos.
Vacinas salvam vidas
Os boletins de hoje, 2022, ainda registram os tristes números de vidas perdidas pela Covid-19 e os dados referentes a contaminações ao longo desses dois anos. Foram 304 mortes e 20.577 casos confirmados, 10.923 mulheres e 9.654 homens, quase um terço da população. Mas, os números de internações hospitalares reduziram consideravelmente a quase zero, assim como de novos óbitos. O boletim do dia 22 de março de 2022 mostrou apenas dois pacientes internados.
O cenário de quase fim da pandemia, que inclusive aboliu o uso de máscara em locais abertos e tem flexibilizado as medidas de proteção, mostra que a vacina tem sido a grande responsável pelos resultados positivos de controle da doença.
Em 20 de janeiro de 2021 foi aplicada a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus em Itaúna. A enfermeira Danielle Soares da Silva, 41, e o técnico de laboratório César Honório Militão, 44, foram os primeiros a receberem o tão aguardado imunizante contra a Covid-19, aplicado pelo prefeito Neider Moreira (PSD), que é médico. Desse dia em diante, as vacinas não pararam de chegar à cidade, embora em alguns momentos demorassem bastante, causando sofrimento, angústia e muitas críticas aos responsáveis pelo Plano Nacional de Imunização do governo federal.
Hoje a cobertura vacinal na população itaunense, de 94.455 habitantes, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, é de que 85,88% tomaram a primeira dose; 77,24% foram imunizados com a segunda dose ou dose única e 33,38% receberam a dose de reforço.
Fábio Joaquim: venci momentos difíceis
que mudou em sua vida em decorrência da pandemia da Covid-19? A pergunta foi encaminhada a inúmeros leitores do Jornal S’PASSO. Para o ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal, o comerciante Fábio Joaquim Gonçalves, o que mudou em primeiro lugar foi o respeito ao próximo. “Todas as pessoas são iguais: brancos, negros, ricos ou pobres. E a importância de ter ou não o poder, de sermos donos da verdade ou da razão, nada disso teve prioridade com a pandemia. Morreram pessoas simples e também as mais poderosas, mostrando que ninguém é melhor que ninguém.
Fábio acrescenta que “a pandemia nos fez mudar e/ou enxergar novos conceitos, atitudes, prioridades, ideais, enfim, nos dando a chance de recomeçar. No meu caso específico, tenho gratidão por todos que fizeram suas orações por mim, venci momentos difíceis, mais tendo todos os profissionais de saúde sem exceção, como instrumento divino, e a intercessão de Nossa Senhora das Graças junto a Deus Pai, que realizou o grande milagre da vida. Assim, tive a oportunidade de sobreviver a um momento crítico e poder continuar desfrutando de todas as maravilhas que nos são concedidas por Deus a cada dia”, considera.
Rosimar: mais reflexiva e mais consciente da importância da vida
A dona de casa Rosimar Lopes Gonçalves disse que é uma pessoa essencialmente social, que ama a sua casa, seu espaço, mas também ama estar rodeada de pessoas. “Participo de diversos grupos sociais da Igreja Católica. E aí, sem aviso, fecham tudo, somos isolados sem preparação. Vi amigos, conhecidos, amores perdendo a batalha e a vida para o vírus. Querendo ou não fui forçada a refletir. Passei dois anos sem encontrar minha mãe, pois ela mora fora e não podíamos viajar. Hoje, próximo do fim da pandemia, estou mais reflexiva, mais consciente da importância de gente. Que todos aprendamos a lição e sejamos menos matéria e mais Espírito”, pontuou.
Ralfe Vilela: minha vida deu um giro de 360º
Ralfe Luiz Vilela de Souza é Músico, compositor, cantor e professor de vários instrumentos. Atua em escolas, em casas de espetáculos, clubes e em eventos nas noites, especialmente em restaurantes e churrascarias. A pandemia do coronavírus o fez dar uma freada em quase todas as atividades artísticas e profissionais. “Minha vida deu um giro de 360º, estava tudo indo normal e de repente cortaram os contratos, shows, e tudo mais. O salário foi reduzido a nada, então, tive que me reinventar e começar do zero de novo. Sem a possibilidade de sair de casa, tive que me recriar”, conta.
Washington Damião: surpresas com a vida voltando ao normal
O performer e produtor de eventos culturais Washington Damião vê com certa decepção esse tempo em que a humanidade caminha para o fim da pandemia. Ele diz que acreditava que as pessoas iriam melhorar ao fim de tudo, mas que isso não aconteceu como era de se esperar. No seu caso, a questão profissional teve que ser alterada em quase sua totalidade, a fim de atender às demandas e à própria sobrevivência. “O lado positivo é que agora as coisas estão funcionando novamente, o comércio já está bem aquecido, quem está promovendo festas está tendo boas surpresas com o retorno das áreas de entretenimento e de eventos”, afirmou.
Núbio Mendes Parreiras: esperança, talvez ingênua, mas revigorante
Na avaliação do advogado e professor Núbio Mendes Parreiras as mudanças foram drásticas, a princípio, por causa da adaptação das profissões e do afastamento social. “Hoje a advocacia e a docência, mesmo após o estágio mais crítico da pandemia, impõem certo afastamento social, com aulas e audiências virtuais, além de menor contato com o papel e mais com a tela. Meu filho Ian nasceu logo no início da pandemia, fato que ressignificou a minha existência e da minha mulher Gilmara. Parte pela experiência da paternidade, e, parte também pela pedagogia da pandemia em nos fazer dar mais valor à vida e à humanidade. Por fim, a pandemia me deixou certa esperança, talvez ingênua, mas revigorante, de que a sociedade possa se ressignificar também, reconhecendo o valor da vida e do social”, ressaltou.
José Coelho: valorizar as coisas simples da vida
Veredas, José de Sousa Coelho e sua família cuidam do Supermercado Coelho. José Coelho é comerciante, natural de Crucilândia e casado com Vera Lúcia. Ele trabalhou na extinta Cia. Industrial Itaunense, foi cinegrafista, e há aproximadamente nove anos atua no ramo de comércio varejista. Sobre a pandemia afirma que o mundo jamais imaginava que iríamos passar por isso. “Mas, através dessa pandemia, aprendemos a valorizar pequenas coisas que muitas vezes passavam despercebidas, tais como um aperto de mão, um abraço, uma reunião de família e amigos, a participação das celebrações e festividades. Aprendemos a cuidar mais de nós mesmos, dos outros, e, através da solidão, sentirmos que a saudade é realmente um sentimento que nos une, fortalece o amor e a vontade de estar perto de quem amamos”, pontua.
Maurício: com fé e esperança
Novos ares, novas esperanças, novos projetos. Assim o músico, artista plástico e dançarino Maurício Paulino avalia os tempos de quase pós-pandemia. Embora, afirme que nunca parou com seus projetos, ocupando sempre os espaços possíveis. A correria não parou. Maurício ressalta a importância nesse tempo do auxílio emergencial, da Lei Aldir Blanc, que beneficiou financeiramente os artistas. “Foi um ano de aprendizado e de reflexões. Eu nunca desanimo, assim que fechou em Minas, procurei outros espaços, como na Bahia, voltei quando ficou mais tranquilo. Sou como um rio, estou sempre contornando os obstáculos, em direção ao mar. Estou firme, positivo, com muita fé e esperança de que tudo está passando. A pandemia foi de reinvenção e recriação”, ensina.
Joel Alexandre: é preciso valorizar o tempo com quem amamos
Proprietário de um lava a jato no bairro Pio XII, Joel Alexandre Teixeira, afirma que como em todas as situações do dia a dia, a pandemia da Covid-19 trouxe muitos ensinamentos e desafios. “Na nossa vida é preciso tirar os pontos negativos e o que melhorou após o ocorrido. Posso dizer que estes dois anos de Covid me fez perceber que a vida é muito curta, que devemos valorizar o tempo de convivência com aqueles que amamos. Que não podemos deixar para ser feliz com data marcada e sim todos os dias. Cuidar da saúde foi algo que também foi despertado em mim. A fé em Deus também foi fortalecida”, posiciona