Alô nação carnavalesca! Já começou o ziriguidum no sambódromo oficial!

Da Praça da Matriz, passando pela Prainha e, agora, no Boulevard Lago Sul, a folia de Momo continua fazendo história em Itaúna

0
327

A cidade nessa época já estava em contagem regressiva para a sua maior festa popular. O cheiro, os sons e as cores nas ruas denunciavam que o carnaval estava chegando. Quase que já se podia ouvir, antecipadamente, a voz do locutor trepado no palanque em frente à igreja da matriz: “Ei-lo que vem surgindo na avenida!… É a escola de samba Clube dos Zulus; a escola de samba Império dos Castores; a escola de samba Os Pães; a escola de samba Unidos da Ponte… o bloco Os Terríveis; o bloco Os Cuecões”…

A cidade era um movimento intenso de costureiras, montadores de carros alegóricos e adereços, maquiadores, cabeleireiras, comerciantes de fantasias, de máscaras… de bebidas. Ritmistas, passistas, músicos, coreógrafos e outros artistas ensaiavam suas performances. O carnaval itaunense era uma festa preparada com grande antecedência, embora muitos foliões ficassem aguardando cair em suas contas bancárias uns caraminguás dos cofres públicos para reforçar o caixa da sua agremiação. Mas a festa, em si, era muito animada e comentada muito além das montanhas das Minas Gerais. Vinha gente até do Rio de Janeiro conferir o que se fazia aqui nessa festa do interior. A cidade ficava em ritmo de carnaval e pelas ruas havia quem percebesse as chuvas de confetes e serpentinas que caíam não se sabe de onde. A rua Silva Jardim, passarela do samba, já estava preparada com adereços e iluminação produzidos pela Prefeitura. A Praça da Matriz ficava em polvorosa. E, nos quatro dias do carnaval o clima era de só alegria. O povo só falava em carnaval, ou melhor, em Zulus, Castores, Pães, Ponte, Cuecões, Terríveis, Brasinha, Biscoitinho, Araruta, Pomba Rolla, Xavaca, Sai Rasgando, Demorô, Já Chegô, Império da Vila, Macacões, Sai da Reta, Dona Saudade, Caveiras, Farrapos da Lagoinha, Banda Suja, Babaloo, Allfaces, Esplendor e Glória, Brexó, Perdição, Bando da Lua…

Sim, nós temos um sambódromo, de grande estilo

Escolas de samba e blocos concentravam-se na Praça Luís Ribeiro, subiam a rua Silva Jardim e se dispersavam na Praça da Matriz em grande apoteose ou na explosão de alegria dos festejos de Momo. A Praça da Matriz era do povo, como o céu era (sic) do condor. Neste espaço, especialmente, eram montados, o palanque oficial, as arquibancadas de madeira para o público pagante – e as cortesias de ocasião – além das cabines da comissão julgadora. Muitos anos depois, o carnaval saiu dessa área central e ganhou a avenida Jove Soares – a Prainha – e, agora, vai migrar novamente com a promessa de, finalmente, se instalar no seu “sambódromo”, no Boulevard Lago Sul. Uma estrutura nunca vista vai abrigar o carnaval de Itaúna, prometendo conforto, segurança e bem-estar para os carnavalescos e o público.