Em recente encontro com a deputada estadual Lohanna França (PV) vários artistas e produtores culturais fizeram propostas de ações para o setor e solicitaram empenho da parlamentar para viabilizar projetos que, a rigor, não estão acontecendo. Os artistas e gestores culturais puderam ouvir a parlamentar sobre o seu compromisso em atendê-los e, ainda que nesse primeiro ano de mandato não disponha de emendas parlamentares, irá viabilizar outras formas de dar visibilidade aos projetos itaunenses. A primeira ação de seu mandato para a classe foi exatamente esse encontro, realizado no Ponto de Cultura Casa do Idoso, na Fundação Frederico Ozanan, para dar voz aos que fazem arte e promovem cultura em Itaúna. O músico Clênio Skull, da banda de heavy metal Cracked Skull e militante da esquerda, afirmou que é a primeira vez na história de Itaúna que um político se reúne com os artistas para ouvir demandas. Quando muito, candidatos em campanha eleitoral fazem esse tipo de reunião. E fica somente nisso.
Durante toda a manhã de sábado a deputada ouviu os artistas, tirou fotos e se comprometeu a atuar com eles na realização de um plano municipal de cultura. Dentre os inúmeros presentes, a vereadora Edênia Alcântara (PDT) participou da reunião e também se colocou à disposição para auxiliar na cobrança de iniciativas do poder público para a arte e a cultura. Segundo ela, Itaúna precisa de uma política cultural efetiva e não somente essa “fazeção” de eventos. Segundo a parlamentar, a cidade não quer mais uma “secretaria de eventos”, mas sim, uma verdadeira “Secretaria de Cultura”. Nessa abordagem, artistas veteranos e jovens falaram que é preciso reativar o Conselho Municipal de Cultura, que não se reúne e quando o faz não decide nada porque o secretário de Cultura e Turismo, Ilimane Lopes (Joe), não ouve os conselheiros. Também disseram que é necessária a criação do Fundo Municipal de Cultura e que projetos relevantes sejam aprovados e financiados com recursos do município.
Folclore e cultura popular, além de projetos artísticos na periferia
Um olhar para as tradições itaunenses ligadas ao folclore e à religião, como o Congado, foi outra solicitação. Itaúna precisa de um Museu do Congado e a publicação de um livro contando a história da Festa de Nossa Senhora do Rosário, como está sendo feito com as memórias do carnaval, um projeto do carnavalesco Sérgio Tarefa. A cidade quer a volta dos encontros de bandas de música, de corais e de folias de reis, da música na praça com a orquestra de câmara, dos festivais de hip-hop e dança de rua, a valorização da arte popular como o grafite e o funk. E que sejam realizados com frequência eventos nos bairros e periferia, não somente no centro da cidade e no Boulevard Lago Sul.
Grande participação de artistas e promotores de cultura
Uma das demandas mais debatidas pelos artistas foi trazida pelo ator e político Jerry Adriane, que propôs discutir mais detidamente sobre uma possível reversão do teatro Vânia Campos à classe artística. Criado pela Prefeitura em 1981 para atender a reivindicações dos artistas do teatro liderados pelos grupos Cena Viva, Comitê Pró-Arte, III Ato e Ribalta Centro de Estudos Teatrais, o Teatro Vânia Campos foi incorporado ao patrimônio da Federação das Indústrias de Minas Gerais no início dos anos de 1990, no mandato do então prefeito Hidelbrando Canabrava Rodrigues, para fazer parte do Clube de Atividades do Trabalhador, Dr. Dario Gonçalves de Souza do SESI. A casa de espetáculos fora administrada numa época pela Associação Cultural Vânia Campos, num dos períodos mais profícuos de sua existência. Hoje se limita a atender a eventos do SESI, com pouquíssimas produções artísticas e os produtores locais cada vez estão mais distantes desse espaço de arte e entretenimento. No entendimento de Jerry Adriane, o teatro tem que voltar a cumprir seus objetivos e, se necessário, que a Fiemg amplie uma parceria com os artistas e produtores locais a fim de assegurar maior abertura aos eventos e projetos locais. Outra demanda trazida pelo artista, em nome de um grupo de pessoas ligadas ao teatro, à música e à literatura, é com relação à revitalização da ‘Casa do Engenheiro’ e da antiga Estação de Santanense, prédios pertencentes à rede ferroviária federal, tombados pelo patrimônio histórico e que estão sendo destruídos pelo tempo. Os artistas querem que a Prefeitura busque parcerias com a iniciativa privada para transformá-los em espaços artísticos e culturais.
O encontro contou com a presença de artistas do teatro, da música, das artes plásticas, do cinema, da literatura, da dança, além de produtores de eventos culturais e dirigentes de guardas de congado e de bandas de música e, também, representantes da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.