Conhecendo melhor os vereadores de Itaúna

Na estreia dessa série de reportagens com os parlamentares, Carol Faria (Avante) fala de sua atuação, especialmente na defesa dos animais

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O Jornal S’PASSO inicia essa semana uma série de reportagens destacando a atuação dos dezessete vereadores. Quem são os chamados representantes do povo em Itaúna? De onde vêm? O que eles faziam antes de assumir uma cadeira na Câmara Municipal? E hoje, como vereadores, o que estão fazendo? A reportagem começa essa série entrevistando a vereadora Ana Carolina Silva Faria, a Carol Faria, do Avante. Em sua entrevista, a parlamentar falou dos principais desafios enfrentados, principalmente na causa animal, da transição que tem feito em sua alimentação para eliminar a carne e do seu voto polêmico em favor do projeto de lei que regulamenta a atividade da caça. Antes de ser eleita, a jovem de 24 anos, cursava Odontologia na Universidade de Itaúna, que interrompeu em fevereiro de 2020, após o falecimento do pai. Atualmente, está ingressando na faculdade de Biomedicina, também na UIT.  

Os animais como bandeira

A causa dos animais é uma das principais bandeiras defendidas pela vereadora Carol Faria, que está em seu primeiro mandato. Ela tem falado publicamente, nas raras vezes em que usa da palavra no plenário do legislativo, das dificuldades para se desenvolver uma política pública em defesa dos bichos, muitas vezes abandonados e maltratados pelos humanos. A vereadora diz que esbarra na má vontade dos poderes constituídos que impedem que as ações de proteção animal tenham prosseguimento ou melhores resultados. Ela explica que já era protetora antes mesmo de se declarar como tal. ”Desde a infância via minha mãe adotando, resgatando e doando cães de rua. Sempre tive contato direto com cães e gatos e aprendi a sentir a dor deles. Após meu ingresso nas redes sociais, consegui participar de várias ações voluntárias de adoção e resgate de animais, e também de iniciativas voltadas para as necessidades das pessoas mais carentes. Com isso várias pessoas viram um potencial em mim que eu mesma não havia enxergado antes e vários convites para me candidatar foram feitos”, conta.

“Não é somente os animais, defendo todas as formas de vida”

Carol Faria diz que a causa animal sempre foi uma questão que a instigou na política e que suas inciativas como protetora nunca tiveram auxílio de nenhuma autoridade. É uma bandeira que estava completamente abandonada no município. “Ressalto que não é apenas a defesa dos animais; defendo todas as formas de vida e uma não anula a outra. Defendo as pessoas e os animais, uma vez que a saúde dos animais está diretamente ligada à saúde dos seres humanos. Entendo que tratar dos direitos dos animais é mais que uma questão de ética, é também uma atitude de saúde pública. O abandono de animais pode resultar em acidentes de trânsito, disseminação de doenças, gastos em controle populacional e deseducação das pessoas em relação à vida”, esclarece.

Funcionamento do ‘castramóvel’ é lento e desorganizado

Carol faz questão de dizer que não é uma atuação fácil, até porque é algo considerado novo em nossa sociedade e muitas vezes incompreendido. Sobre os principais desafios enfrentados ela destaca “o serviço precário que o setor de zoonoses tem prestado em função da falta de recursos; o descaso do Executivo com a causa, pois até hoje, neste mandato, não discutiu políticas públicas voltadas aos animais e não tenho visto a intenção de discutir e a falta de sensibilidade da população que não castra os animais e ainda os abandona”.

“Acredito que hoje uma das coisas que falta no município é a prefeitura explorar mais o ‘castramovel’, que foi uma conquista para Itaúna, mas funciona de forma muito lenta e desorganizada. Há pessoas que fizeram o cadastro dos animais e estão aguardando castrações há mais de um ano e nem retorno tiveram. Outro problema é que o ‘castramovel’ funciona somente na parte da manhã e castra cerca de quatro animais por dia; esse número é muito pequeno e são castrados somente cães machos, o que é muito menos eficaz do que castrar fêmeas”, reclama.

Além de um melhor funcionamento do castramovel, Carol Faria diz que está lutando para conseguir uma clínica médica veterinária pública, a exemplo do que acontece em Juatuba, cidade de apenas 27 mil habitantes. “Infelizmente não tenho abertura nem apoio do executivo para conseguir tal projeto”, pontua.

Alimentação sem exploração ou crueldade com os animais

O Jornal S’PASSO quis saber se a parlamentar, envolvida com a causa animal, se alimenta de carne, qual sua opinião acerca do veganismo e do vegetarianismo. Carol afirma que apoia todos os estilos de vida que buscam excluir a exploração e crueldade aos animais, mas entende que nem todos têm conhecimento necessário para conseguir eliminar a carne do cardápio e manter a saúde em dia. “Estou em processo de “transição alimentar”, porém, confesso que não é fácil e é preciso seguir alguns passos para parar de comer carne com saúde e sem sofrer. Em três dias da semana não como nenhum tipo de carne e precisei entrar com reposição de ferro, cálcio e vitamina B12 porque afetou minha saúde. Além da empatia, há outros fatores que me incentivaram a começar essa transição que é a redução do risco de ter Alzheimer, câncer e infarto, assim como o controle do colesterol e vários outros benefícios para o corpo em geral”, posiciona.

Amas para os caçadores são regulamentadas por legislação federal

Recentemente na Câmara foi aprovado um projeto de lei que trata da regulamentação do uso de armas para a caça esportiva. A vereadora Carol Faria não votou contra essa proposição que, por permitir o abate de animais nas caças, contraria sua política de defesa dos bichos. Sobre o fato, ela explica que o projeto também trata dos colecionadores e atiradores e ele somente reconheceu as atividades como de risco. “Meu voto favorável ou contrário não interferiria na lei federal que regulamenta a caça esportiva de animais no Brasil. Resumindo, meu voto contrário não impediria a caça, e o meu voto favorável ao projeto não me faz ser defensora dessa prática, apenas reconheceu o CAC, Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores, como atividade de risco. A caça esportiva é regulamentada por lei federal e não municipal”, considerou.

Futuro político e hospital veterinário

A jovem diz que não pretende seguir carreira política e não tem intenção de permanecer por muito tempo na Câmara, até porque pretende se formar e focar exclusivamente na sua futura profissão, o que vai demandar dedicação exclusiva. O seu maior objetivo antes de sair da política é construir um hospital veterinário gratuito em Itaúna, projeto que já conseguiu alguns apoios.

Os colegas na avaliação de Carol

Para encerrar nossa reportagem a vereadora Carol Faria foi convidada a avaliar os colegas e a própria Câmara. Ela diz que vê um enorme potencial dos colegas para atuar no Legislativo, porém alguns vêm se perdendo “em teatros”. São tantos projetos inconstitucionais em que os autores sabem que são inconstitucionais, mas insistem e assim fazem palanque para “bombar” nas redes sociais. Dessa forma, enganam a população, colocando-a contra a Câmara e se passando por “heróis” perante a sociedade que neles acredita. “Para quem acompanha de perto é desgastante e desanimador”, considera.

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