Dia Nacional da Cachaça

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Produtor itaunense, fabricante da “Bananinha”, fala sobre a bebida mais popular e consumida do Brasil

Pinga ou cachaça? Pode ser, também: abrideira, aço, água-benta, água que passarinho não bebe, bagaceira, birita, branca, branquinha, brasa, canjibrina, cana, caninha, engasga-gato, goró, malvada, manguaça, grapa, mé etc. A aguardente de cana é conhecida no mundo todo e tem no Brasil a sua maior referência. Além de carregar o DNA do país, a cachaça é uma bebida rica em histórias e curiosidades. De acordo com o Anuário da Cachaça, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil possui mais de 930 estabelecimentos que produzem cachaça.

A bebida criada pelos senhores de engenho para compensar o baixo valor do açúcar foi capaz de incomodar até a Corte Real Portuguesa, que detinha o monopólio de vinhos e aguardente no Brasil, e decidiu proibir a produção e venda da cachaça em 13 de setembro de 1649. A proibição causou revolta nos produtores que eram perseguidos e tinham que pagar impostos. Sendo assim, no dia 13 de setembro de 1661, eles tomaram o poder no Rio de Janeiro durante cinco meses e com isso surgiu a “Revolta da Cachaça”.

Por causa disso desde 2010, no dia 13 de setembro é comemorado no Brasil o Dia Nacional da Cachaça. A origem da produção de cachaça no Brasil tem algumas versões, a mais provável é que ela tenha sido destilada pela primeira vez em 1516, na Feitoria de Itamaracá – Pernambuco. Esta bebida é o único destilado que utiliza mais de 30 tipos de madeira para armazenamento e envelhecimento, o que lhe confere uma rica variedade de cores, aromas e sabores.

Cachaça de banana em Itaúna

O mestre alambiqueiro e master blend em bebidas mistas, Alysson Goulart, 34, é o criador da Cachaçaria Legítima Mineira, dona da marca da aguardente “Bananinha”.  Alysson é formado em tecnologia e manutenção de aeronaves. Atendendo à reportagem do Jornal S’PASSO, o empresário contou um pouco da história da fábrica e da cachaça Bananinha.

A ideia da fabricação da cachaça itaunense Bananinha tem início nos anos de 2015, quando Alysson Goulart deixou uma empresa em que trabalhava, uma indústria química de origem americana, que prestava serviços para fabricantes de bebidas alcóolicas. A implantação da cachaçaria Legítima de Minas não é como outras indústrias de cachaça que se tem notícia. Como negócio de família, foi uma iniciativa de um empresário que atuou no setor de bebidas, aprendeu a lidar com a produção e tomou gosto pelo negócio.

Cachaça servida gelada

A fabricação da aguardente utiliza acondicionamento em madeira de amburana, jequitibá rosa ou bálsamo. O carro-chefe da empresa é a produção da cachaça Bananinha, que é 100% natural, uma bebida que tem a receita dos seus produtores. Ela é feita à base de cachaça envelhecida em amburana, melaço de cana, com infusão de banana com cereais, envasadas em garrafas de um litro.

Diferente de outras cachaças tradicionais, a Bananinha é servida gelada, não é consumida em temperatura ambiente e é um produto cremoso por causa dos cereais e do álcool da banana.

Produto fiscalizado e avaliado periodicamente

Como qualquer produção de bebida alcóolica no Brasil, o funcionamento da empresa necessitou de registro específico no Ministério da Agricultura, com licença ambiental, da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiro. “Não podemos reutilizar garrafas, temos que comprar novas, de vidro, da fábrica. Os equipamentos passam por assepsia constante, são inoxidáveis e os produtos são envasados quentes, a fim de impedir a contaminação de quaisquer micro-organismos. A produção é fiscalizada e passa por avaliações dos órgãos responsáveis pela liberação dos alvarás de funcionamento”, relata.

Desafios e oportunidades

O empresário revela que os maiores desafios das indústrias de bebidas, tanto destiladas quanto fermentadas, são as questões relacionadas à logística. Por ser um produto de muito valor agregado, ele é muito cobiçado e alvo de roubos constantes.

“Ainda tem o risco da quebra de embalagens no transporte, que fica mais caro a cada dia e a falta de seguro. A questão de precificação, também é um dificultador, pois como a cachaça é um produto que, muitas vezes, é vendido de forma irregular no mercado, sem compromisso com a Receita Federal e outras formas de tributação, o que acaba impactando o comércio legal do produto. Essas vendas irregulares, em embalagens reutilizadas, garrafas pet, não têm compromisso com a qualidade. Enquanto o produto de qualidade é vendido a R$ 60,00, o do comércio irregular custa R$ 15,00”, lamenta.