Dia qualquer da semana

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Pedro Nilo*

Hoje foi um grande dia,

um dia só,

ainda: um dia-ano.

De canto de olho,

fui visitado das janelas,

guiado pelas luzes dos caminhões à minha frente.

Parei de repente pra um cachorro atravessar.

Atendi o celular.

Te vi esperar o ônibus,

alguns homens trabalhar.

Neste dia só, quis correr e gritar.

Num só dia, esperei, parei, pensei nas pessoas,

nas experiências não vividas,

nas vivências destruídas

e no depois do Sol.

Até…

Tremo extasiado, não pelo amanhã, e temo

pelo ontem, engessado, rocha,

que foi dia congelado na memória,

é, foi,

e agora só volta como história em abstração.

Uma fração de nunca mais.

Até.

*PEDRO NILO, escritor e médico