Em live, Câmara abre espaço para médica defender tratamento precoce contra a Covid-19

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A hematologista Cláudia Solmucci disse que “nãoexiste confirmação científica na medicina”, o que existe é evidência. E que as vacinas têm menos evidência do que os medicamentos do tratamento precoce

Os vereadores tentam de toda forma dissociar o legislativo itaunense da campanha em favor do tratamento precoce contra a Covid, com uso de medicamentos considerados ineficazes para combater a doença e até perigosos para alguns casos de pessoas com problemas gástricos, hepáticos, cardiológicos e respiratórios. A campanha tem sido amplamente difundida por pessoas ligadas a grupos de direita em Itaúna e defensoras das ideias do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na Câmara, a defesa do chamado kit covid é quase unânime – uns poucos não se posicionam com firmeza, nem por um lado nem por outro. Mas essa semana, os edis mostraram-se mais claros na postura de defender o tratamento precoce quando levaram ao plenário a médica Cláudia Solmucci para falar do assunto. O requerimento para a participação da médica na sessão do legislativo foi feito pelo vereador Ener Batista (PSL) que disse estar atendendo solicitação do grupo Conservadores Cristãos de Itaúna e foi apoiado pela maioria dos colegas (9 votos a 7). Na videoconferência, a posição da maioria foi a de que a Prefeitura precisa implementar o tratamento precoce em suas unidades de saúde e os pacientes, juntamente com os médicos que os atenderem, irão decidir se adotam ou não os medicamentos: hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, entre outros. “Somos donos do nosso corpo, da nossa vida. Nós é que temos que decidir o que é melhor para nós”, posicionou a vereadora Márcia Cristina (Patriota). “A Câmara não irá posicionar enquanto instituição nem a favor, nem contra o tratamento precoce. O que podemos fazer é uma audiência pública com a exposição de pessoas dos dois lados”, sugeriu Alexandre Campos (DEM), presidente da Mesa Diretora.

Cláudia Solmucci: ideias de direita e críticas ao PT

Cláudia de Bessa Solmucci é graduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (1987), atualmente é diretora clínica do Núcleo de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do Hospital Biocor e médica hematologista da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais. Em sua fala, ela defendeu o uso dos medicamentos contra a Covid e se colocou como uma pessoa sem cargos no serviço público e sem ligação com laboratórios farmacêuticos. Também fez questão de dizer que sua proposta não deve ser vista como iniciativa política de esquerda ou de direita, despida do viés ideológico. Entretanto, em sua página nas redes sociais, ela não esconde sua tendência claramente defensora de partidos de direita, inclusive com replicação de postagens contrárias ao PT e à CPI da Covid no senado Federal. Numa dessas postagens, a mensagem explícita de seu viés ideológico: “Temos um louco na presidência”! Deixa de frescura, já tivemos um ladrão e uma anta e tu ficou 16 anos caladinho (a)”!

Alexandre Campos: governantes estão equivocados?

Causou estranheza – pelo menos para o presidente do legislativo, vereador Alexandre Campos (DEM), que se manifestou em seguida – a fala da médica, ao final de sua explanação. Ela afirmou que “não existe confirmação científica na medicina”, o que existe é evidência. E que as vacinas têm menos evidência do que os medicamentos que ela defende para o tratamento precoce. O único a falar sobre isso, Alexandre Campos pontuou: “agora fiquei preocupado com o que a senhora disse. Se as vacinas têm menos eficácia contra a Covid, os governantes estão todos equivocados?”. A médica Solmucci não respondeu.

Em nota, Prefeitura repudiou a fala da médica e reiterou a contrariedade ao tratamento precoce

Na mesma noite da reunião da Câmara e da videoconferência da médica, a Prefeitura divulgou nota de repúdio contra a declaração da hematologista: “Ao afirmar que medicamentos de tratamento defendido pela profissional têm mais eficácia do que vacinas no enfrentamento à Covid-19, a mesma promove desinformação delicada, fazendo com que sua fake news coloque mais vidas em risco. Nações que valorizaram a importância da vacina e aplicaram de forma massiva o imunizante, já possuem grandes avanços no cotidiano de seus habitantes bem como uma redução drástica no contágio e da gravidade da doença”, diz um trecho da nota.

Tratamento sem comprovação científica

A Prefeitura também reafirmou seu posicionamento com relação à utilização do tratamento precoce e salientou que o município está do lado da ciência. “É um tema já pacificado em todo mundo e lamentamos que ele ainda esteja em voga no Brasil e em Itaúna, por consequência. A Administração ressalta que não irá adotar o dito “tratamento” como política pública devido à sua não comprovação científica. Além do potencial perigo de acarretar problemas a saúde, ao gestor pode ser imputado crime de responsabilidade. Pedimos à população que continue usando o único kit que é realmente eficaz: máscara, higiene constante, distanciamento e consciência. Esperamos também do Governo Federal uma postura mais eficaz na compra e distribuição do imunizante”, posicionou.

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