O denuncismo e a crítica ideológica de partidos políticos estão estampados nos anúncios de outdoor espalhados por várias cidades, especialmente agora, com a proximidade das eleições 2022, quando os brasileiros irão escolher o presidente da República, os governadores, senadores e deputados. Em Itaúna não tem sido diferente. Outdoors, alguns apócrifos, expõem frases e imagens com críticas pesadas ao ex-presidente Lula (PT), associando-o à corrupção e à sua prisão no processo da ‘lava-jato’. Propaganda de apoio ao governo de Jair Bolsonaro (PL) também tem sido veiculada na cidade. O movimento de direita Conservadores Cristãos de Itaúna deixou sua marca num desses outdoors na cidade com denúncias contra o PT e o ex-presidente Lula.
Outros outdoors, em Itaúna e na região, não têm assinatura ou qualquer referência de autoria, o que dificulta a ação dos que se sentem prejudicados com o conteúdo. Militantes da esquerda, do PSOL e do próprio PT, estão mobilizando as direções estadual e nacional dos partidos e também a Justiça Eleitoral para que as providências sejam tomadas. Segundo eles, as mensagens configuram propaganda política extemporânea. Na impossibilidade de conhecer os responsáveis pelos anúncios, os partidos ameaçam ir à Justiça comum e à Polícia para acionar os responsáveis pela colocação dos outdoors, como o profissional José Márcio Miranda, da empresa “Negão Outdoor”.
Procurado pela reportagem do Jornal S’PASSO, José Márcio não retornou nossas mensagens até o fechamento da matéria.
O presidente da Cooperativa da Mídia Digital e OOH do Brasil, Cooperasdoor, Ildes Antônio Soares Pacheco, é também atuante de organizações representativas da Mídia Out Of Home, em nível nacional. Ele disse ao Jornal que assim como ele, as entidades que representa, são totalmente contrários a este artifício de expressão tão comum nos dias de hoje. As propagandas irregulares provêm de empresas não credenciadas como veículos de divulgação, como acontece em Itaúna, e, com boa ou má fé, fazem campanhas ideológicas se agredindo mutuamente. Elas agem ilegalmente e, muitas vezes, são contratadas por agências de publicidade compartilhando mensagens ofensivas. Até que se tome providências mais severas essas empresas irão permanecer no mercado, sem consequências punitivas.
Ildes encaminhou à reportagem uma carta de repúdio, de agosto de 2021, assinada pela Cooperasdoor, Associação das Empresas de Mídia OOH de Minas Gerais, Asdoor, Central de Outdoor, Federação Nacional de Publicidade Exterior e Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior de São Paulo, em que o assunto é abordado. As instituições repudiam os cartazes de outdoor com mensagens que promovem ataques pessoais contra políticos e dirigentes públicos.
“A veiculação de tais tipos de peças e campanhas em mídia exterior, notadamente em outdoors, vem ocorrendo com certa insistência, inflamando ainda mais as manifestações populares”, diz um trecho do texto que também expõe que a veiculação de materiais ofensivos, que incitem contra a ordem pública e à desordem social, poderá ser responsabilizada à empresa exibidora.
O documento termina com um aconselhamento: “nesse sentido, recomendamos que o meio use de toda a penetração e popularidade fixando outdoors com conteúdo que promovam positivamente pessoas públicas, dirigentes públicos ou não”.
