Por que o Bispo precisa transferir padres? Esta pergunta, olhando as reações a essa prática comum na Igreja, poucos se fazem ou buscam respostas. Normalmente os fiéis ficam em posturas mais afetivas e sempre se questionando: “por que nosso padre”, “ele estava bem aqui”, “ele não pode sair”, “o senhor não pode tirá-lo de nós”… Acontece que, o Bispo não transfere porque tem prazer em fazer isso, ou porque quer exercitar sua capacidade de reorganizar a diocese a cada ano. A transferência não é um ato arbitrário e autoritário que recai e pesa sobre a pessoa do bispo.
As decisões e transferências são pensadas e construídas num conselho de padres, demandam longas conversas e, às vezes, várias reuniões. O Direito Canônico fala de uma estabilidade ao pároco, seis anos e mais seis, mas isso não significa que não possa sair antes, se há acordo entre o bispo e este padre para outro lugar de missão. Os administradores paroquiais não gozam desta estabilidade canônica.
De acordo com o Bispo itaunense Dom José Carlos, da Diocese de Divinópolis, todas as transferências são conversadas, construídas com cada padre. Ninguém é transferido “a ferro e fogo”, acorrentado e arrastado. “Essas mudanças são naturais e necessárias, nos abre à desafiadora missão pascal de ressurgir, recomeçar, renascer em lugares e ofícios diversos. Esta experiência fecunda, ordinária e salutar nos obriga a repensar nossos paradigmas, nossos projetos, nossas relações e papéis. Faz-nos perceber que os planos não valem igualmente para todo lugar”, afirma.
Passagem gratificante
O pároco Antônio Carlos Pouza, conhecido pela comunidade de Santanense e região como padre “Toninho”, é natural de Itaúna, mas chegou à paróquia do Sagrado Coração de Jesus em 2014. Em sete anos de trabalho na comunidade, Toninho destaca que sua passagem foi gratificante, devido à dinâmica dos fiéis e colaboradores. “Eu fui muito bem acolhido quando cheguei, vindo de Pitangui, onde fiquei 14 anos. Posso destacar que minha passagem por Itaúna foi muito boa, tive a oportunidade de conhecer uma paróquia dinâmica, onde as pessoas têm um carinho e um zelo muito grande em tudo que fazem, para que a igreja desempenhe seu papel na sociedade. Eu fui muito feliz e só tenho a agradecer”, revela.
Padre Toninho segue para a Paróquia Nossa Senhora de Piedade, em Pará de Minas. Já seu substituto, será o padre Célio Antunes da Silva, que começa a celebrar na comunidade no próximo dia 12 de agosto.
Homenagens dos fiéis
No decorrer das últimas semanas, o sacerdote recebeu diversas homenagens e presentes dos fiéis, dentre eles os que auxiliam nas obras litúrgicas, sociais e nas famosas barraquinhas em honra ao Sagrado Coração de Jesus. Integrantes das pastorais da saúde, da família, catequistas, coroinhas, ministros e as contadoras de histórias das missas infantis, também deram suas contribuições.
A coordenação dos atos cênicos da Semana Santa, encaminhou uma nota ao jornal, destacando o trabalho desempenhado pelo pároco. “Fazer a encenação da paixão de cristo e os atos cênicos das passagens bíblicas é uma tradição em nossa paróquia, implementada há 40 anos por Dona Antônia e que persiste até hoje. Com a chegada do Padre Toninho, tivemos a liberdade de fazer diversas melhorias, aumentar a produção, o elenco e até adicionar novas cenas. Ele sempre foi um grande incentivador e sentiremos sua falta. Fica aqui nossos agradecimentos por esse belo trabalho”, diz nota.
O presidente da Associação Comunitária dos bairros Santanense e João Paulo II, Luiz Henrique Machado, fez questão de agradecer o período em que o vigário atuou na comunidade. “O Padre Toninho é muito querido por todos da comunidade e ficamos tristes com a notícia, mas sabemos também que essas são regras do Direito Canônico. Gostaria de agradecer a participação dele em todos os projetos da Associação e nas benfeitorias promovidas à comunidade”, agradeceu Luiz de Santanense.
