Há sete meses Itaúna aplicava a primeira dose da vacina contra a Covid-19

Enfermeira Danielle Soares, que trabalha na ESF do Cidade Nova, estreou o imunizante em 20 de janeiro; hoje a Secretaria de Saúde continua apostando na vacinação como o meio mais eficaz para combater o novo coronavírus

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No dia 20 de janeiro de 2021, Itaúna aplicou a primeira vacina contra a Covid-19. A enfermeira Danielle Soares da Silva foi a primeira pessoa a receber o tão aguardado imunizante. Foi o prefeito Neider Moreira de Faria (PSD), que é médico, quem aplicou a vacina em Danielle e, em seguida, no técnico de laboratório, César Honório Militão, 44, o segundo a ser vacinado.

Danielle Soares, 41, é itaunense, enfermeira desde 2008. Reside e trabalha no bairro Cidade Nova. É casada e mãe da Maria Morena. Em entrevista ao Jornal S’PASSO, no início dessa semana, ela lembrou do momento marcante em sua vida, a vacina contra o coronavírus, que já completou sete meses. Para ela, Itaúna, como toda cidade do Brasil, vivencia situações de dificuldade e adaptação por conta da pandemia e da vacinação. A cidade está num ritmo de imunização satisfatório, mas aguardando mais vacinas do Ministério da Saúde.

“Trabalhamos com o que temos e o município está indo muito bem. As vacinas chegam e rapidinho são distribuídas para os pontos de apoio. A divulgação e o cadastro têm sido bem adequados a meu ver”, salienta. Entretanto, a profissional de saúde chama a atenção para uma questão.

Ela diz que tem percebido que algumas pessoas estão escolhendo qual vacina tomar. Na sua opinião, isso é péssimo, pois atrasa o processo de imunização para um maior número de cidadãos. “A gente sabe que quanto mais pessoas se vacinarem, menor o movimento desse vírus circulante e mais chance de as pessoas terem mais saúde, menos internações, menos comorbidades”, reforça.

A enfermeira conta que além das dificuldades em conseguir mais doses, o município enfrenta o problema de muitas pessoas propagarem a eficácia de determinada vacina em detrimento de outra, apontado qualidade inferior nesta ou naquela. “A gente sabe que vacina boa é a vacina que tá no braço da gente. Então, o município recebe a vacina e algumas pessoas têm escolhido qual tomar. Se a gente for pensar pela forma coletiva, isso é péssimo. Estamos numa pandemia, a vacina chega, precisamos distribui-las e administrá-las. As pessoas fazem o cadastro, mas algumas têm faltado, infelizmente para escolher qual vacina tomar”, pontua.

Tratamento imediato é vacina

A Secretaria Municipal de Saúde, desde o início da pandemia, tem insistido que a vacina é o meio mais eficaz para combater a doença. Ao mesmo tempo vem lutando no sentido de combater a proliferação de propagandas que defendem o tratamento precoce, com o usos de medicamentos como a hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina e outros, e desqualificam a vacina. Já em 2020, a Organização Mundial de Saúde comprovou a ineficácia de tais medicamentos e, recentemente, até o Ministério da Saúde admitiu o insucesso de tais drogas.

Ainda em 2020, a ciência mundial partiu para a busca da vacina, várias foram desenvolvidas e já têm tido efeitos importantes para que possamos vencer a pandemia. Países como Israel, Austrália, Nova Zelândia, EUA, Reino Unido, entre outros já avançaram na imunização e, consequentemente, na flexibilização de suas atividades.

O Brasil demorou para investir na ciência e na aquisição de vacinas, ainda assim alguns municípios, como Itaúna, têm apresentado resultados satisfatórios quando se verifica a queda do número de óbitos, de internações hospitalares e a redução de infecções pela Covid-19.  Para a Secretaria de Saúde, o processo de vacinação na cidade é o grande responsável pelos aspectos positivos conquistados nos últimos dias. Mesmo com todas as evidências, ainda existem especulações propagadas, tentando reduzir a importância das vacinas com testes que não condizem com a realidade.

Combatendo as Fake News e enaltecendo a ciência

Todas as vacinas que estão sendo aplicadas são eficazes contra a Covid-19. A Sociedade Brasileira de Imunizações, por meio de nota técnica de 26 de março passado, esclarece que a resposta imunológica desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Há a estimulação do sistema imunológico de forma mais ampla, gerando também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular). Além disso, aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções. Nesse sentido, a complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer um correlato de proteção clínica.

A Agência Nacional de Vigilância Nacional, em nota técnica sobre o assunto, afirma que não existe, até o momento, definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes necessária para conferir proteção imunológica contra a infecção pelo Covid-19. Dessa forma, não há embasamento científico para recomendar o uso destes testes laboratoriais para determinar proteção vacinal.

Os imunobiológicos em uso no Brasil passaram por análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Os municípios brasileiros devem seguir o esquema vacinal e dosagem estabelecidos pela Anvisa e que foram definidos após estudos clínicos específicos. É Fake News que a Coronavac não imuniza. A CoronaVac, vacina do Butantan em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, é um imunizante eficiente na proteção contra casos graves da doença, prevenindo até 97% das mortes de pessoas contaminadas no Brasil. A conclusão é de um levantamento feito pelo epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Os dados do estudo foram obtidos por meio do OpenDataSus, sistema oficial do Ministério da Saúde. A pesquisa analisou o período de duas semanas após a aplicação da segunda dose da vacina. Ou seja, pessoas que completaram o esquema vacinal e aguardaram o tempo de resposta do sistema imunológico.

Também foi possível concluir que a CoronaVac teve 50,4% de eficácia para casos muito leves, que não requerem nenhum atendimento médico, e 77,96% de eficácia para casos leves que necessitam de atendimento médico.

Vacinômetro

A Secretaria de Saúde vem divulgando com regularidade os números de vacinação. Segundo o último Vacinômetro, do dia 16 de julho, Itaúna recebeu 57.141 vacinas, sendo 40.858 da primeira dose e 14.248 da segunda. Foram aplicadas 48.291 doses (37.886 da primeira dose e 9.933 da segunda).

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