Itaúna unida num só nome, numa só candidatura ao parlamento

Políticos opinam sobre a possibilidade do município fechar com um só candidato em 2022

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As notícias publicadas pelo Jornal S’PASSO na edição passada sobre a possibilidade de candidatura única nas eleições 2022 acendem o debate da representatividade do município nos parlamentos estadual e federal. Para muita gente, a cidade só se desenvolve social e economicamente quando tem representantes nas esferas estadual e federal. A história de Itaúna, segundo fontes do pesquisador Miguel Augusto Gonçalves de Souza, registra que desde antes de tornar-se município, em 16 de setembro de 1901, a cidade conta com algum representante na Assembleia de Minas e ou no Congresso Nacional. Dr. Augusto Gonçalves de Souza Moreira, criador do município, foi constituinte estadual em 1891, na primeira legislatura republicana mineira (1891-1895) e reeleito para o mandato estadual de 1895 a 1898. Outro itaunense, Dr. José Gonçalves de Souza, foi deputado estadual, deputado federal e senador estadual no final do século XIX e início do século XX. Alcides Gonçalves de Souza foi também deputado estadual nos primeiros anos do século passado. Mário Matos, escritor e advogado, foi deputado estadual e deputado federal, além de ter sido secretário de governo do estado de Minas Gerais em diversas oportunidades. O médico Dorinato Lima foi deputado estadual. O imortal da Academia Brasileira de Letras, Oscar Dias Corrêa foi deputado estadual, deputado federal, ministro do governo federal e ministro do STF. João Gomes Moreira foi deputado estadual em várias legislaturas. O ex-prefeito Hidelbrando Canabrava Rodrigues, que não nasceu em Itaúna, mas aqui constitui família e viveu grande parte de sua vida, foi deputado estadual. Cássio Gonçalves, foi deputado estadual e deputado federal. Marcos Lima foi deputado federal em vários mandatos. O atual prefeito Neider Moreira de Faria foi deputado estadual por dois mandatos. Não nascidos em Itaúna mas ligados ao município, o advogado Oscar Corrêa Júnior e o professor Francisco Ramalho da Silva Filho foram parlamentares com vínculos e votos itaunenses. Corrêa Júnior foi deputado estadual e deputado federal e Ramalho, que adotou Itaúna como sua cidade, foi deputado estadual por dois mandatos, além de prefeito por seis anos.

Votos pulverizados não constroem a representatividade

Agora, a cidade conta com seu representante, o deputado estadual Gustavo Mitre (PSB), que é candidato à reeleição. Mesmo não sendo itaunense de nascimento, Mitre tem ligações familiares com Itaúna e pela expressiva votação aqui recebida é considerado prata da casa.

A reportagem volta ao tema e perguntou aos políticos locais se Itaúna deve caminhar unida para ter seu representante na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Em vez de muitos candidatos, a cidade lançaria apenas um nome para cada um dos cargos e os chamados ‘paraquedistas’ viriam, naturalmente, colher as migalhas daqueles que não compactuam com a tal unidade.

O presidente do PSDB, Welington Borges, respondeu que sim, pois acredita ser a única forma de Itaúna ter chance. “Senão os votos ficam pulverizados e a cidade sem chance de representatividade”, pondera.

Uma façanha, um fato histórico, inédito

Líder da oposição e dirigente do PSC, o vereador Antônio de Miranda Silva, afirma que se Itaúna conseguir o consenso de candidatura única será de grande importância para a cidade. “Mas, desde que as pessoas estejam unidas, esqueçam as bandeiras partidárias e abracem essa candidatura. É uma façanha e um fato histórico difícil de acontecer”. O vereador afirma que para que isso ocorra, é preciso avaliar o potencial do candidato, a legenda e a viabilidade dessa candidatura.

Itaúna tem condições de eleger dois deputados

O ex-prefeito Eugênio Pinto (DC) pontuou ser uma proposta boa para a cidade, mas praticamente inviável, muito difícil de acontecer em razão de interesses de grupos. Ele mesmo, disse, somente há pouco foi procurado por dois pretensos candidatos, a estadual e federal, que não são de Itaúna e que por isso sente tranquilo com relação a candidaturas que vêm de outras cidades. Eugênio afirmou que gosta do trabalho do deputado Gustavo Mitre e torce por ele, mas que irá trabalhar com outro nome sem querer tirar votos que já são do deputado. “Itaúna tem votos para eleger dois candidatos a deputado estadual. Em Pará de Minas por exemplo, tinha o Antônio Júlio e o Inácio Franco. Itaúna também tem condições de eleger dois. Todos têm que buscar votos fora de sua cidade”.

Mais chances para Itaúna

O líder do prefeito na Câmara, vereador Nesval Júnior (PSD), salientou que “apesar do processo eleitoral ser democrático”, acredita que este nome único traria para Itaúna maior chance de eleger um parlamentar daqui. Ele afirma ser incontestável que outros candidatos de fora tenham feito muito por Itaúna, por meio de emendas parlamentares e apoios. No entanto, salienta que o importante é que a cidade escolha quem vai melhor representar os munícipes e que tenha condições de trazer maiores recursos para o seu desenvolvimento.

Impossível o consenso diante de vários grupos políticos

A professora Sônia Fonseca, presidente da Comissão Provisória do PT em Itaúna respondeu à pergunta do Jornal S’PASSO com uma única palavra: Não. Já o ex-vereador do PT e sindicalista, Geraldino de Souza Filho, o Mirinho, comentou o seu não. Disse não concordar uma vez que em Itaúna tem várias  correntes de pensamentos e vários grupos políticos, o que inviabiliza a candidatura única e torna  impossível um consenso. “Além disso, é antidemocrático aquilo que não é consenso e a democracia é respeitar a vontade de todos os grupos ideológicos”, enfatizou.

O professor Jonathas Santos, presidente do PSOL também economizou nas palavras para dizer que concorda com a unidade em torno de candidaturas ao legislativo estadual e federal. Seu colega do PSOL, o também professor Teodoro de Oliveira, foi antagônico ao colega da esquerda. Ele considerou que não é uma boa ideia e nem que Itaúna tenha condições de caminhar unida para a Câmara federal.

Se não houver rejeição

Na opinião do vereador Gleison Fernandes (PSD), é possível a unidade, desde que os candidatos não tenham uma rejeição significativa na sociedade itaunense, que sua candidatura não emplaque. “Se não for assim nós, vereadores, deixaremos de apoiar deputados que não são daqui, porém podem ajudar Itaúna com recursos”, posicionou. O presidente da Câmara, Alexandre Campos (União Brasil) respondeu que toda candidatura é legítima e que os candidatos mostram grandeza ao colocar seu nome na disputa. No entanto, afirmou que não iria se posicionar acerca da convergência de Itaúna num único nome pois os candidatos ao se colocarem para disputa deve avaliar a viabilidade dessa candidatura. “No caso de Itaúna, os postulantes aos cargos devem sentar-se, articular e ver se mantêm seu nome na disputa. Sabemos que existem interesses pessoais e de grupos políticos e todos eles pensam no bem comum de Itaúna de uma maneira geral”, pontuou.

Todas as candidaturas são legítimas

Em partes, concordo, mas noutras eu discordo. A opinião é do vereador Antônio Joe de Faria Júnior (PL), o Da Lua, acrescentando que o candidato eleito não irá trabalhar apenas por sua cidade, uma vez que ele não foi eleito somente com os votos desta. “Os deputados eleitos mandam recursos para Itaúna, mas mandam também para outros municípios e, assim, têm votos em Itaúna e noutras cidades. A mesma coisa é o vereador, que não pode falar que é desse ou de outro bairro. Eleito, ele é da cidade toda”, esclareceu.

O prefeito Neider Moreira (PSD) foi categórico em suas considerações. Opinou que todas as candidaturas são legítimas, de Itaúna ou de outras cidades. E acrescentou: “Eu mesmo nunca disputei sozinho”.

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