Janeiro Marrom: mineradoras apresentam planos de segurança para 2020

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Organizações e movimentos sociais lançaram nas redes sociais a campanha Janeiro Marrom, para alertar sobre as práticas do setor de mineração e lembrar o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, quando morreram 259 pessoas e outras 11 continuam desaparecidas. A tragédia que destruiu o meio ambiente nas áreas próximas à cidade e ceifou diversas vidas, está sob responsabilidade da mineradora Vale e completa um ano no próximo sábado, 25 de janeiro.

A iniciativa, que congrega diversas entidades ambientalistas e movimentos populares, pretende inserir no calendário anual de campanhas, como o Outubro Rosa e Novembro Azul, a luta por justiça para os atingidos, alavancando a defesa das comunidades, biomas, nascentes e rios ameaçados pela atividade minerária.

Na região de Itaúna três mineradoras de grande importância econômica, a Usiminas, ArcelorMittal e Minerita, todas com barragens de rejeitos de minério na região de Serra Azul, têm projetos desenvolvidos para que sejam evitados episódios como ocorrido em Brumadinho. E apesar de Itaúna não estar em área de risco e, portanto não seria afetada diretamente em caso de rompimento de uma das barragens de rejeitos de Itatiaiuçu, o assunto é recorrente na cidade.

Tanto a Usiminas, quanto a ArcelorMittal e Minerita garantem que os monitoramentos das barragens são realizados diariamente e que constam em seus planejamentos a desativação por completo delas.

ArcelorMittal

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Em resposta à nossa reportagem, a ArcelorMittal afirma que a barragem da Mina de Serra Azul está desativada desde 2012 e todo rejeito gerado pela operação é disposto na técnica de empilhamento a seco. E, desde fevereiro de 2019, a barragem se mantém no nível 2 de emergência, ou seja, nível médio.

A empresa está realizando estudos de engenharia para o futuro trabalho de reforço da barragem e posterior descaracterização, isto é, a retirada de todo o rejeito depositado em seu interior e desmonte das estruturas de contenção.

Além disso, a mineradora tem uma sala de monitoramento, com seis técnicos em geotécnica, responsáveis pelo acompanhamento da estrutura 24 horas por dia. A sala conta com radar para captação de movimentos, geofones para detecção de vibrações, medidores do nível de água e câmeras de alta resolução.

Em fevereiro do ano passado, moradores do distrito de Pinheiros, em Itatiaiuçu foram retirados de suas casas após alerta de risco do rompimento da barragem. As famílias retiradas da comunidade foram hospedadas em um hotel de Itaúna até realizarem um acordo com a ArcelorMittal. Além de pagamentos emergenciais, a empresa acertou a indenização, assim como, novos imóveis para locações.

Usiminas

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Ao Jornal S’PASSO, a Usiminas garante que trabalha com base em três pilares: segurança operacional das comunidades, transparência e diálogo. E, que nos últimos anos, a mineradora desenvolveu importantes projetos para tornar cada vez mais seguras e sustentáveis as operações, com investimentos significativos, principalmente em relação às barragens, que são monitoradas 24 horas por dia.

A empresa ressalta que as barragens passam por vistorias e inspeções periódicas realizadas por técnicos especializados, e que semestralmente são realizadas ainda auditorias externas com consultorias renomadas no ramo de avaliação, além de avaliações internas, pela Gerência de Geotécnica.

A Usiminas afirma que as três estruturas se encontram estáveis, com a Barragem Central recebendo obras de reforço, concluídas em novembro do ano passado, e com investimento de R$ 25 milhões. A estrutura não recebe rejeitos desde janeiro de 2014, e mais de 35% dos materiais foram retirados e reaproveitados na Flotação.

Já a Barragem Samambaia tem uma apresentação de projeto de descaracterização prevista para este primeiro semestre de 2020. Na última barragem, a Somisa, o projeto de descaracterização prevê a sua transformação em uma pilha de rejeitos e a conclusão do processo está prevista para o segundo semestre de 2020. A primeira etapa de reforço foi finalizada em setembro de 2019 e a segunda etapa será concluída neste mês. A estrutura não recebe rejeitos desde novembro de 2016.

A Mineradora ainda afirma que entre algumas ações de destaque realizadas a partir de 2016, estão as reuniões com moradores da região

para apresentação do mapeamento da Zona de Autossalvamento e solicitação de autorização para levantamento de todas as propriedades. O levantamento é realizado anualmente e a última atualização foi feita em 2019; a próxima está prevista ainda para o primeiro semestre de 2020.

No ano passado, a empresa organizou, em conjunto com as demais integrantes da Associação das Mineradoras da Serra Azul (Amisa), o primeiro Simulado Externo. O treinamento, que integra o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração, gerou o procedimento Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais da Organização das Nações Unidas com regulamentadores rígidos para a execução, com foco na resposta rápida à emergências e estímulo à percepção de autoproteção.

A iniciativa mobilizou mais de 250 moradores, que, orientados previamente durante reuniões com as comunidades, receberam ainda materiais informativos sobre pontos de encontro e rotas de fuga. Participaram cerca de 150 empregados das associadas. O exercício será realizado anualmente, até o encerramento do ciclo de utilização das estruturas convencionais de disposição de rejeitos.

Minerita

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A partir deste ano, a Minerita começa uma operação para seu sistema de filtragem de rejeitos e empilhamento à seco. A ação vem para possibilitar a produção do minério de ferro, sem a necessidade de utilizar barragens de rejeitos.

Com isso, a mineradora espera ganhar no setor técnico, sustentável e social. Uma vez que, embora a barragem de rejeitos continue sendo a mais utilizada por empresas de mineração, o empilhamento do rejeito à seco realizado através de novas tecnologias, possibilita o reaproveitamento de até 95% da água demandada.

Além disso, esse sistema vem provando cada vez mais eficácia aos empreendimentos, principalmente no âmbito da extração de minério de ferro. Os rejeitos ocasionados da extração passam a ser filtrados e a água é reutilizada no processo da compactação. Assim, os resíduos são empilhados e dispensa-se o uso das barragens, evitando potenciais catástrofes ao meio ambiente.

No final do ano passado, a empresa itaunense foi surpreendida com boatos, que começaram a circular pela cidade, de que teria sido

vendida a um grupo alemão. Entretanto, na época, a empresa garantiu ao Jornal S’PASSO que a informação era falsa.

Em nota, a Minerita afirmou que não existia nenhuma tentativa formal ou informal de negociação entre as empresas citadas e que segue no “firme próposito de desenvolver o crescimento da empresa, atualmente focada na elaboração de soluções para a substituição gradativa de minério de ferro granulado por aglomerados de minério concentrado, para atendimento ao setor siderúrgico nacional”, disse o diretor, Kássio Fonseca.

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