Líderes partidários avaliam a fusão do DEM com o PSL e o surgimento do União Brasil

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Vereador Alexandre Campos (DEM), presidente do partido em Itaúna, e o Deputado Federal Rodrigo Pacheco. Imagem: Divulgação/Alexandre Campos

Estão saindo de cena os partidos Democratas (DEM) e Partido Social Liberal (PSL) e entrando ao palco, pelos bastidores de um entendimento ainda pouco conhecido, o União Brasil. A notícia pegou muita gente de surpresa, mas já está confirmada: o DEM e o PSL se fundiram e nasceu o União Brasil. A integração partidária aconteceu na última semana, numa convenção de políticos das duas siglas, em Brasília, depois de alguns acordos e contestações. Para os dois partidos, a junção é entendida por integrantes das próprias legendas como uma questão de sobrevivência. No entanto, o maior favorecido com a união será a atual cúpula do PSL, já que ficarão com as principais funções na diretoria do União Brasil e comandarão a maioria dos diretórios estaduais.

O partido União Brasil já começa grande, do ponto de vista de representação partidária, com 83 deputados e oito senadores. Teoricamente é o maior partido em bancada no Congresso Nacional. E mais que isso, a maior bancada será favorecida por uma robusta quantia de fundo partidário, algo em torno de R$ 160 milhões.

O DEM é o antigo PFL, fundado em 1985 e o PSL foi criado em 1994, pelo empresário Luciano Bivar, se tornou oficial em 1998 e foi a sigla que elegeu o presidente Jair Bolsonaro. A agremiação perdeu sua estrela maior e agora tenta se posicionar como oposição. Aliás, fundido ao DEM, promete ser uma legenda contrária ao governo federal com vias até para lançar-se na disputa eleitoral de 2022.

Do MDB para o DEM, voltar às raízes com Rodrigo Pacheco

Em Itaúna, o assunto da fusão do DEM e do PSL não havia causado impacto nos partidários democratas e peesselistas. O presidente do DEM, vereador Alexandre Campos, disse ao Jornal S’PASSO que sua ligação é com o MDB, seu primeiro partido, cuja filiação se deveu a um convite do ex-deputado federal Marcos Lima. Quando Lima não mais se candidatou a deputado e começou a apoiar o Rodrigo Pacheco, hoje presidente do Senado, alguns seguidores se aliaram a ele. Pacheco deixou o MDB e filiou-se ao Democratas e convidou o vereador itaunense a acompanhá-lo. E com o propósito de fortalecer a base do senador, o parlamentar itaunense seguiu para o Democratas também. 

Alexandre Campos comentou ainda a fala de ACM Neto, ex-presidente nacional do DEM, de que o novo partido irá colocar-se como oposição ao presidente Bolsonaro e os que não concordarem com essas orientações devem se desligar. “Acho que os deputados e senadores têm que acompanhar o posicionamento do partido. Agora, na esfera municipal, a gente fazer oposição ao governo federal não tem tanto reflexo. Porém, eu sou um crítico contundente da situação do governo Bolsonaro, tanto na área da saúde nessa pandemia, como também  na economia. Faço críticas pontuais e fico na torcida para que o país se ajeite, porque se o governo vai mal, quem vai mal é a população de uma maneira geral”, explicou.

Sobre o destino do DEM em Itaúna, Alexandre afirma que a tendência é que os partidários da sigla em Minas Gerais acompanhem a decisão de Brasília. Mais especificamente sobre a situação local, afirma que ele, mais o colega Ener Batista e o ex-vereador Marcinho Hakuna, do PSL, estarão compondo com o partido União Brasil, nesse primeiro momento. No entanto, pondera que deverá ir em busca de uma nova agremiação, que poderá ser o antigo MDB ou o PSD, juntamente com Rodrigo Pacheco.

Os partidos têm dono e os donos fazem a ideologia

O presidente do PSL e ex-vereador Márcio Gonçalves Pinto, o Marcinho Hakuna, fez algumas considerações sobre o novo cenário político que se desenha a partir do arranjo entre o DEM e o PSL. No seu entendimento, grandes forças e interesses igualmente robustos congregam essas mudanças de percurso. “A política partidária obedece a uma matemática, onde protagonizam os donos do poder e dos partidos do poder. Em menor escala, não se fala em ideologia e em nível municipal não há grandes impactos nessa fusão pois as estruturas são pequenas”, esclareceu. 

Marcinho Hakuna em plenário. Imagem: Reprodução/Internet

Hakuna contou que seu primeiro partido foi o PPS, depois filiou-se ao PSD a convite do prefeito Neider Moreira. Foi candidato a deputado pelo PSL e tornou-se suplente. Terminou o mandato de vereador, em 2020, pelo PSL. Agora, a tendência é se desvincular desse partido, ou do novo partido União Brasil. 

“A fusão DEM/PSL é um arranjo natural. Os partidos têm donos e são eles que mandam, que fazem a ideologia. Pretendo achar o meu caminho, longe dessa discussão polarizada de direita e esquerda. Essa disputa partidária, distante dos municípios, é uma briga de foice no escuro. Não quero isso”, pontuou.

O ex-vereador e ex-presidente da Câmara contou que está estudando algumas propostas partidárias para filiar-se que envolve as siglas Cidadania, PROS ou Avante. “Não há nenhuma definição ainda. Tem muitas variáveis a serem consideradas até lá”, finalizou. 

Vereador do PSL, Ener Batista, em resposta à reportagem do S’PASSO afirmou que a fusão dos partidos é uma forma de ambas as siglas buscarem se fortalecer em suas bancadas, o PSL com 54 deputados federais e o DEM com 28. Argumentou ainda que a narrativa de contrapor o presidente da República tem repercutido em todo o país, agora mais diretamente com vistas às eleições 2022.

“Alguns nomes vêm surgindo como prováveis candidatos à presidência do país para representar essa junção “UNIÃO BRASIL”, são eles: Mandetta, Rodrigo Pacheco e Datena. Eu particularmente sou admirador e apoiador do mandato do presidente Jair Messias Bolsonaro, assim como muitos outros políticos principalmente filiados ao PSL. Penso que ainda terei que participar de convenções do partido para melhor entender essa nova proposta, para de fato tomar um posicionamento e não infringir nenhuma regra partidária, mas já deixo exposto meu apareço ao nosso presidente Bolsonaro”, salientou.

Batista encerrou afirmando que aguarda que o PSL em Itaúna possa reunir seus filiados e colocar em pauta essas mudanças, ouvindo a todos.

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