Morte no bairro das Graças e briga na praça da Matriz envolvem moradores em situação de rua e denúncias de agressão policial

PM emite nota defendendo a corporação de acusações de abuso de poder e arbitrariedade; gerente de proteção Social da Prefeitura afirma que muitas pessoas que estão vivendo nas ruas da cidade são usuárias de drogas e estão extorquindo e ameaçando cidadãos

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As imagens de uma briga entre moradores em situação de rua e a agressão de policiais militares a eles, ocorridas no último fim de semana na praça Dr. Augusto Gonçalves, ainda circulam pelas redes sociais e expõem comentários contrários e favoráveis à ação da PM. Mais que isso, o problema reacende antigas discussões acerca da proliferação de pessoas que assumem a condição de pedintes ou de sem-teto na cidade. A questão traz diversos agravantes, com o aumento dessas pessoas em diversos locais públicos, especialmente na área central da cidade e denúncias de atos sexuais em plena luz do dia, uso de drogas e ameaças às pessoas. 

Essa ocorrência na Praça da Matriz indica que houve uma briga entre os moradores em situação de rua e que a PM teria sido acionada. No vídeo, um dos moradores de rua reclama de uma pancada na cabeça, as imagens mostram um dos policiais agredindo uma pessoa com um cassetete.

A Polícia Militar emitiu uma nota oficial sobre o ocorrido e prometeu abrir investigação para apurar a denúncia de arbitrariedade e de abuso de poder. As informações da corporação são de que os soldados foram atender ocorrência na praça e que diante da briga entre os moradores em situação de rua não conseguiram fazer com que fossem atendidos. “No local os militares tentaram, por várias vezes, conter os envolvidos, mas, como os ânimos estavam exaltados, foi necessário o uso da força. Mesmo sem apresentar lesão aparente, um dos envolvidos foi encaminhado ao hospital para atendimento médico. O outro, dispensou atendimento”, informa a nota.

“Existem os moradores em situação de rua, sem-teto e os que estão nas ruas”

No início dessa semana uma outra situação aconteceu em Itaúna envolvendo moradores em situação de rua. Uma mulher de 44 anos morreu após ter sido agredida por outras pessoas que também vivem nas ruas, no bairro das Graças. O motivo das agressões teria sido o furto de um celular.

O responsável pela Gerência de Proteção Social da Secretaria de Desenvolvimento Social, Alexandre Gonçalves Nogueira, explica que o setor teve algumas dificuldades de atuação nos últimos dias devido ao afastamento de servidores por causa da Covid. Ele, juntamente com a coordenação do Centro de Referência Especializado de Assistência Social, CREAS, estão cuidando da abordagem das pessoas em situação de rua no município. Ele explicou que existem diferenças das pessoas em situação de rua, pois há os que estão na rua, por não terem uma casa, mas também existem aquelas pessoas que estão nas ruas, usando drogas e pedindo dinheiro. São pessoas do município, que têm casa, têm família, mas não querem sair das ruas. Hoje em Itaúna existem 51 pessoas em situação de rua, segundo o último levantamento feito entre o final de janeiro e o início de fevereiro.

“A ocorrência na praça não é bem assim”

A Prefeitura, conta o profissional, realiza abordagens socioeducativas, através de servidores da Secretaria de Desenvolvimento Social, sem a participação da polícia, sem intimidação, com encaminhamentos e sempre com propostas de mudança de situação desses indivíduos.

Com relação ao vídeo, Alexandre Nogueira reafirma o que a Polícia Militar já havia comunicado, ou seja, houve uma briga e a PM foi acionada. “As brigas entre essas pessoas têm acontecido com frequência, na praça da Lagoinha, próximo da rodoviária e na praça da Matriz. Os motivos são os mesmos: bebidas, drogas, mulher, brigas por espaço. Nessa situação específica, como os dois rapazes não obedeceram ao comando da polícia, foi necessário usar de força sim separar. A filmagem mostra que a polícia está agindo, mas a situação não é bem assim. A PM teve que entrar na briga para separar, depois de outras tentativas de diálogo”, pontuou.  

Um dos maiores problemas de Itaúna

Alexandre Nogueira ressalta que é comum em Itaúna hoje, pessoas com idade média de 30 anos, que saem de casa, ficam até tarde na rua apenas para usar drogas. Ficam causando confusão, extorquindo as pessoas, querendo dinheiro até com ameaças, como apontam denúncias feitas no CREAS. “São vândalos, alguns bandidos, que estão extorquindo as pessoas, as ameaçando com faca e palavrões. Isso é caso de polícia e já não é mais para o CREAS. Já fizemos um levantamento e separamos essas pessoas que precisam de assistência através das comunidades terapêuticas. Esse trabalho de internação de dependentes é ligado à Saúde, e os dependentes são encaminhados pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e pelos postos de saúde para tratamento”, pontuou.

De acordo comAlexandre Nogueira a situação não pode ter o olhar apenas da violência policial, porque da mesma maneira que somos cobrados a polícia também é. “A questão dessas pessoas na rua é um dos maiores problemas do município e também mundial que se agravou com a pandemia”, disse. Ele lembra que no caso específico de Itaúna, as pessoas que estão em dificuldades financeiras têm sido acolhidas com doação de cestas básicas, têm os abrigos que as acolhem, atendimento nas comunidades terapêuticas, lugares para dormirem, se alimentarem. “Em Itaúna não existem pessoas que passam fome, se quiserem têm o Albergue Fraterno Bezerra de Menezes, as comunidades terapêuticas, as igrejas, católicas, evangélicas, além do projeto Renascer, no bairro de Lourdes, em fase de estruturação. O trabalho está sendo feito e quem precisa pode buscar ajuda. Porém, muitos não querem devido ao crack, à bebida alcoólica e outras drogas”, afirmou.

Vereadores em silêncio e Comissão de Direitos Humanos não se pronuncia sobre denúncias

Acerca de uma briga de moradores em situação de rua e as denúncias de agressão policial na Praça da Matriz, no fim de semana passado, o Jornal S’PASSO procurou informações  se haveria qualquer iniciativa de apuração por parte da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal. No legislativo fomos informados de que a Comissão é formada pelos vereadores Kaio Guimarães (PSC), Ener Batista (PSL) e Aristides Ribeiro (PSC). Em contato com os três, tivemos retorno apenas de Aristides, que informou não ser membro da referida comissão permanente. Kaio e Ener não retornaram a nossa mensagem.

Na reunião legislativa, terça-feira (8), nenhum vereador abordou o assunto. A Polícia Militar foi citada, várias vezes nessa sessão, mas somente com elogios, por causa do evento em que foi oficializada a condição de Cia. Independente, realizado no Espaço Cultural.

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