Motoristas de van escolar lamentam: “não tem como rodar com cinco alunos”

“Sem trabalhar desde maio de 2020, estamos fazendo mágica pra sobreviver”, diz presidente da Cooperativa dos Transportadores de Escolares

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Desde 17 de maio de 2020, os motoristas de transporte escolar de Itaúna enfrentam a pior crise que já viveram. Os profissionais estão entre os mais atingidos pela pandemia da Covid-19, que impôs fechamento de escolas e o cancelamento de viagens. E sem alternativa para se manter, muitos tiveram que fazer bicos ou desistiram do ofício e venderam os veículos.

Nos últimos dias, com o retorno dos alunos às salas de aula, os profissionais do transporte escolar voltaram à ativa, porém estão sendo criticados porque há pais de estudantes que afirmam que faltam veículos para atender à demanda e que vários motoristas se recusam a fazer o trajeto com número reduzido de alunos. O assunto virou pauta de reclamações na imprensa e nas redes sociais e colocou em lados opostos clientes e prestadores de serviço.

Segundo o presidente da Coopernossa, Cooperativa dos Transportadores de Escolares de Itaúna, José Miguel Santos Júnior, as reclamações não procedem e a maioria dos motoristas faz o transporte mesmo com a quantidade reduzida de alunos. 

José Miguel Santos Júnior, presidente da Coopernossa. Imagem: Divulgação/WhatsApp

“Apesar de muitos estarem trabalhando normalmente, mesmo com poucos estudantes, alguns estão optando por não fazer o transporte e esta decisão não é por pirraça ou porque eles não queiram trabalhar. Precisamos trabalhar, mas a demanda ainda é extremamente baixa, pois muitos pais não querem mandar os filhos para a escola. E com o preço do diesel aumentando todo dia, não compensa rodar com apenas cinco alunos em uma van que comporta até 30 passageiros. Se fizermos isso, estaremos pagando para trabalhar”, explica José.

O dirigente da Cooperativa explica que a categoria foi uma das mais prejudicadas entre todos os setores da economia e que os profissionais, “quase passaram fome”. Depois de tantos meses sem trabalhar, muitos colegas tiveram que vender o veículo ou mudar de profissão porque perderam a ferramenta de trabalho para o banco que a financiou. Tem motoristas trabalhando como servente de pedreiro, motoboy e quase todos estão em sérias dificuldades financeiras”, diz.

 “No sufoco”

Segundo José Júnior, a cooperativa está fazendo “mágica e malabarismos” para se manter, já que quando foi criada em 2019, tinha 45 filiados e hoje são somente dez profissionais associados. “Ficamos um período inativos, mas temos que continuar porque quando tudo passar, criar uma nova cooperativa será muito mais difícil”, explica. 

O dirigente da entidade destaca ainda que atualmente existem 82 duas vans cadastradas em Itaúna, mas a baixa demanda fez com que apenas 10% sigam atuando no transporte. “Vemos ônibus coletivos e do transporte interestadual circulando lotados, mas podemos levar no máximo sete crianças por viagem. Acredito que quando essa determinação for revista e a demanda aumentar, vamos retomar a capacidade de transporte integral”, finalizou.

Prefeitura prorroga taxas 

José Júnior também desmentiu que “os profissionais ainda não tenham retornado às atividades por falta do laudo de vistoria dos veículos” já que foi firmado um acordo entre a Diretoria Municipal de Trânsito e os profissionais, para que as taxas possam ser quitadas no início do ano letivo, em 2022”.

De acordo com Cíntia Valadares, responsável pelo setor, as vistorias nos veículos do transporte escolar serão feitas 90 dias após o término da pandemia ou à volta na normalidade. “Como as aulas retornaram no dia 03 de novembro, não há sentido exigir a vistoria no final do semestre. Essa foi uma decisão conjunta da Diretoria de Trânsito e dos fiscais da concessão, com objetivo de ajudar a classe, que sabemos estar passando um período extremamente difícil”, pontua Cíntia.

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