Que história é essa? O asteroide chegou e nós estamos à espera de seus impactos poéticos

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Sílvio Bernardes

Recebi no início dessa semana o livro de poemas “O Asteroide”, da Editora Adelante, devidamente autografado e com uma dedicatória carinhosa do seu autor Pedro Santos e só não o devorei inteirinho porque estou apertado de costura. Semana de elaboração, correção e postagem de notas de avaliação final é foda.  Mas admito que já andei dando uma espiada num e noutro poema e estou inclinado a dar cabo no resto da leitura ainda essa semana, com prova final e tudo. Não é porque fui eu quem fiz a apresentação do livro – sem conhecer uma palavra além do título da obra –, mas é por conta do autor, que nos surpreende por sua criatividade, seu senso de humor incorrigível e sua sensibilidade poética. E, afinal, esse já é o seu segundo livro de poemas. O primeiro é muito bom e o Pedro Santos é massa demais. Vou até, neste meu espaço dedicado à crônica literária, reproduzir a apresentação que fiz de “O Asteroide”. Sem mais delongas:

Apresentação de um livro que não se conhece contada por alguém que não estava lá

Como assim, fazer a apresentação de uma obra literária que você não teve acesso? Não sabe nada do seu conteúdo. Nada? “Estou escrevendo meu segundo livro e quero que você faça a apresentação dele”. Fiquei animado, lisonjeado com o convite, mas aí veio a bomba: “só que você não terá acesso ao livro, antes. Escreverá a apresentação sem ler, topa?”. Foi assim que o Pedro Santos, esse irreverente homem das letras (e de outras incursões nos caminhos das artes), falou comigo num dia desses, quando nos esbarramos nalgum lugar na rua, como tem acontecido com muita frequência nos últimos anos – antes e depois da pandemia da Covid-19. Topei. Como o Pedrinho, também sou um aventureiro irresponsável. Dias depois, sem nada ainda ter escrito, encontrei-me novamente com o poeta e escrevinhador de estórias curtas do cotidiano (vivido e sonhado)  e ele veio com outra proposta inusitada – e mais irresponsável ainda: “quando você me mandar a apresentação eu também não vou ler. Vou fazê-lo somente quando o livro estiver pronto”. Aí danou-se. Eu vou apresentar um livro que não conheço e ele vai publicar uma apresentação que não leu. Estamos lascados. Mas, tarefa dada, tarefa aceita, tarefa cumprida (sic). Pelo menos ele me revelou o título da obra: O Asteroide. A julgar pelo título, curioso (e interplanetário) e conhecendo muito bem o seu autor, desde os tempos imemoriais do combativo Jornal Brexó, sei que vem coisa boa por aí. Então, essa apresentação não tem nenhum caráter de convite à leitura do livro O Asteroide, uma vez que o apresentador também não leu e não dispõe de nenhum elemento para mostrá-lo mais familiar. São apenas conjecturas, baseadas no conhecimento sobre quem o escreveu e suas produções anteriores. Pedro Santos, o nosso Pedrinho, poeta de grande sensibilidade, filósofo da escola de Kant, irreverente, carnavalesco, amante das artes e da beleza da vida, escreve com a alma e aplica aos seus escritos todas essas composições de aprendizado natural. Por isso, não é tarefa difícil apresentar aos leitores sua obra literária mesmo antes de conhecê-la palavra por palavra. O autor é a essência de seus escritos – e também de outras manifestações artísticas. Foi o mais íntimo das artes da corriola do Jornal Brexó desde o final dos anos de 1970. Queria estar em todos os eventos e saborear cada momento do que estavam produzindo os fazedores de teatro, de música, de dança, de artes plásticas, do folclore, da literatura, do artesanato, do carnaval etc., desde as mais simples manifestações aos grandes espetáculos que se permitiram acontecer nos anos de 1970, 1980, 1990…

Pedrinho é um sujeito muito inteligente, sensível e gente boa. Sua prosa, escrita ou falada, em qualquer momento, é sempre recheada de tiradas engraçadas, perspicácia e de erudição. Seus textos são líricos, românticos e engraçados, às vezes tudo junto e misturado. Quem não conhece, basta recorrer às páginas do semanário “Brexó”, disponível nos arquivos impressos e, agora, nas plataformas digitais trazidas pelo jornalista Hudson Bernardes. A sua riqueza poética pode ser conferida, também, no seu primeiro livro “O sentido tudo”. Nesta obra o autor se desnuda e revela em letras de forma (ou letra de imprensa) o seu eu poético, lírico e irreverente. Agora, com O Asteroide, tenho certeza de que não será diferente. Teremos em mãos um delicioso livro interplanetário, que, certamente, foi escrito nas estrelas. E o prazer é todo nosso.