A vereadora Edênia Alcântara (PDT) compareceu na Delegacia de Polícia na semana passada onde foi protocolar denúncia e representação por causa de mensagens que tem recebido com conteúdo racista, de injúria racial e de violência política de gênero. Ela revelou à reportagem que foi atendida pelo delegado Leonardo Moreira Pio, que a ouviu e deu as orientações necessárias de como agir diante da situação. “Levei todos os prints de mensagens enviadas em grupos diversos contra a minha pessoa e o meu trabalho”, disse.
A vereadora afirmou que não é primeira vez que é vítima desse tipo de situação; lembrou quando foi pessoalmente atacada, na porta da Câmara quando estava grávida do filho mais novo. Agora é pelas redes sociais que os ataques vêm acontecendo.
“Desde o início do mandato venho sofrendo com esses conteúdos e já não aguentava mais sofrer calada com tanta violência. Algumas pessoas tentam minimizar a situação dizendo que é “mimimi”. Mas precisamos começar a dar nome às coisas e toda essa situação não é vitimismo e não é com intuito de expor a minha imagem. Mas sim, buscar justiça e mostrar que todas mulheres merecem ser respeitadas, independente do espaço que elas ocupam. E existe uma diferença imensa entre crítica e racismo”, enfatizou.
O Jornal S’PASSO perguntou se a situação estaria relacionada ao seu posicionamento político, suas pautas ou postura frente às votações na Câmara. Edênia afirmou que talvez possa impulsionar os ataques, até porque em uma Câmara com mais de 100 anos de história “sou a primeira vereadora a levar com coragem pautas que incomodam grande parte do conservadorismo”.
Os responsáveis terão que prestar contas à Justiça
Sobre os nomes dos responsáveis pelos ataques racistas e discriminatórios, a vereadora respondeu que não gostaria de torná-los públicos,”até porque os mesmos terão que responder perante à justiça”.
Em sua campanha à Câmara Municipal em 2020, Edênia Alcântara, que é moradora da Vila Nazaré, defendeu pautas consideradas polêmicas, como a defesa da inclusão social e das políticas públicas para a periferia e direitos das mulheres e LGBTQIA+. A vereadora afirma que na campanha eleitoral foi vítima de comportamentos racistas e machistas como os de agora, feitos pelas redes sociais. “Sofri muitos ataques nas redes sociais através de fake news. Em um determinado momento resolvi me brindar e seguir meu propósito que era o de conseguir o mandato e ocupar de forma legítima a ‘casa do povo’”, ressalta.
Colegas do legislativo não se manifestaram
Hoje, na Câmara Municipal, ela diz estranhar que nenhum colega tenha se posicionado acerca das agressões que ela vem sofrendo, embora não tenha levado diretamente o caso para discussão em plenário. “Apenas o vereador Tidinho (Aristides Ribeiro Filho, do PSC) se manifestou, através do grupo de WhatsApp dos vereadores”, afirmou.