Cartaz original de mais de 100 anos é restaurado e devolvido ao Instituto Maria de Castro

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Um cartaz do “Grupo de Amadores do Theatro Mário Mattos”, original de 1920, do acervo do Instituto Maria de Castro Nogueira, esteve presente na exposição da história antiga do teatro em Itaúna, no Museu Municipal Francisco Manoel Franco, que foi desmontada recentemente para dar lugar a um novo período dessa abordagem memorialística. O cartaz é um importante documento do teatro de Itaúna das primeiras décadas do século passado. A “Sociedade Anonyma Theatro Mário Mattos” destinava-se ao desenvolvimento intelectual e artístico da sociedade itaunense, como pode ser lido em seu estatuto publicado no Diário Oficial do Estado, o ‘Minas Gerais’, à época. O prazo de duração inicial de 40 anos, prorrogável pela maioria dos sócios, mostra o desejo e o entusiasmo daquela geração em alavancar o progresso da cidade duas décadas após sua emancipação político-administrativa, através da cultura. O artigo 5º do estatuto registra que “constituirá um theatro, denominado Theatro Mário Matos, realizando nelle espectaculos theatraes, sessões cinematográficas, musicaes, palestras literárias, festas cívicas, etc.”

Com um capital de 60 contos de réis, divididos em 600 ações de 100 mil réis cada, teve em sua primeira constituição Affonso Santos, José de Cerqueira Lima e Nelson Soares Nogueira como diretores e Péricles Gomide, João Nogueira de Faria e Rossini Matos, como membros do conselho fiscal.

Em plena atividade artística, em meio às produções de suas operetas, o grupo tratou de criar um cartaz, todo desenhado à mão, com fotos do elenco de amadores, músicos e diretoria. Para retratá-los contrataram o fotógrafo profissional Ramos Arantes, que registrou em imagens as 51 fotos que compõem o documento. Arantes foi um dos fotógrafos que fez o registro oficial das imagens da construção de Belo Horizonte, inaugurada em 1897.

Medindo 1 x 1,43m, o cartaz manuscrito, com fotos coladas em papel, foi guardado pelo Instituto Maria de Castro e apresentava deformações acumuladas pelo tempo. Com verba do Fundo Estadual de Cultura, a Associação Cultural Vânia Campos promoveu o restauro da peça de divulgação. Agora ele foi devolvido para o acervo do Instituto, que fica sediado na Barragem do Benfica. O trabalho de conservação foi realizado por Blanche Matos, restauradora especializada em recuperação de papéis antigos e obras de arte. Em seu currículo, constam inúmeros trabalhos de restauração para entidades como Museu Histórico Abílio Barreto, Arquivo da Cidade de Belo Horizonte, o Instituto Cultural Inhotim, Museu de Arte de São Paulo (MASP) e restauração de obras raras da Biblioteca Episcopal da Mitra Diocesana de Diamantina e Mariana.

O trabalho específico de recuperação do antigo cartaz itaunense promoveu a reconstituição com limpeza mecânica e química do papel e das fotografias,  atenuação de manchas e remoção de resíduos de colas, de remendos inadequados, complementações das perdas e reforço nos vincos; estabilização química; acondicionamento adequado: montagem em chapa de cartão neutro e filme de poliéster. O cartaz foi digitalizado em alta resolução e está disponível por meios virtuais.

Documentos significativos da história de Itaúna

Para o presidente da Associação Cultural Vânia Campos, Marco Antônio Machado Lara, “é necessário que haja todo o respeito e cuidado com uma peça histórica como esta, um cartaz que testemunha um período de grande desenvolvimento cultural de nosso povo”. Além do cartaz, o restaurador fez cópias de mais de duzentas publicações da imprensa itaunense sobre as atividades artísticas ligadas ao teatro na cidade, desde 1877 até os tempos atuais, incluindo títulos de periódicos, como “Centro de Minas”, “O Itaúna”, “Município de Itaúna”, “Folha do Oeste”, “Brexó”, “ItaVox”, “Folha do Povo”, Jornal S’PASSO, “Gazeta”, passando pela imprensa de Belo Horizonte e cidades vizinhas. Ao mesmo tempo em que aborda a história do teatro, esse trabalho de pesquisa publicado no livro “140 anos da História do Teatro de Itaúna”

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