Após dois anos sem desfilar, Baballo está de volta para comemorar 40 anos de folia

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A história do Bloco Baballo, vai além de simplesmente ‘homens vestirem-se de mulher’, e vice-versa. Há exatos 40 anos, mais precisamente em 1.980, Ronaldo Donizetti Caetano, popularmente conhecido como ‘Zetti’ e um grupo de amigos, todos de Santanense, resolveram criar um bloco de carnaval.
Tudo começou na Praça Ivo Rosa, número 1017, local próximo à reta e dez moradores seguiram fazer folia nos comércios e em todo bairro. Mas, e o nome Baballo, de onde veio? A ideia foi uma homenagem a Luciano Antônio Gonçalves de Souza, um jovem popular que, na época do lançamento do bloco, atraia a atenção de quem curtia as noites boêmias dos famosos bares de Santanense.
Às vésperas do carnaval, Luciano chegou na casa de Zetti e foi homenageado pela turma que estava reunida saboreando um caldo e tomando cerveja. Eles não imaginavam a proporção que aquela simples folia, do recém-criado “Baballo Santanense”, renderia. No ano seguinte, os foliões começaram a chegar, e cerca de 30 se reuniram na porta da casa do Zetti, querendo participar e pular o carnaval com o grupo.
A partir daí, o Baballo cresceu e mudou a história do carnaval do bairro. O bloco ganhou instrumentos musicais para conduzir a folia e os homens brincavam de se vestir de mulher, e as mulheres de se vestir de homem.
O primeiro abadá foi feito para o desfile de 1.998 e, após o ano 2.000, o Baballo virou febre no bairro; milhares de pessoas lotavam a avenida principal de Santanense, impedindo a circulação de veículos. O jeito foi mudar a concentração para a praça Juvenal Pereira. Dois anos depois, o circuito foi novamente alterado e o ponto de encontro dos foliões passou a ser em frente ao bar do Paulo, em frente ao atual Rena de Santanense. Nesta época, o Baballo já tinha uma estrutura maior, uma bateria completa e o desfile reunia tanta gente que era preciso desviar e impedir o trânsito nas vias do bairro.
A partir de 2014, para proporcionar mais segurança aos foliões, o circuito foi transferido para a Avenida Governador Magalhães Pinto, entre a Rua José Leal e Agenor Alves de Faria, com adesão de trio elétrico, barraquinhas, palco para desfile e concurso para escolha da melhor fantasia, além de uma bateria composta por 25 integrantes. O Baballo desfilou pela última vez em 2016.

De volta

Após dois anos sem sair, o Baballo está prometendo ser a grande atração do Carnavaliza Itaúna. Uma equipe de doze pessoas, dentre elas integrantes da associação comunitária do bairro e quem gosta realmente da festa, arregaçou as mangas e colocou a mão na massa para que o bloco volte a brilhar na avenida. A estrutura contará com trio elétrico, bateria ’Vem que é Show’, banda ‘Preta e Gil’, foodtrucks, e a famosa competição para eleger a melhor fantasia. Os abadás já estão à venda e o Baballo vai desfilar no dia 19, entre as 18h e 00h, na Avenida Governador Magalhães Pinto.
De acordo com o presidente a Associação Comunitária do bairro, Luiz Henrique Machado, a prefeitura vai liberar o alvará da festa, pois todos os requisitos junto à Policia Militar, autorização do Corpo de Bombeiros e documentos foram protocolados.
Ainda segundo Luiz, os abadás já estarão disponíveis para a venda a partir deste sábado na Loja Sfera, em Santanense. “Planejamos o desfile com muito carinho e com o desejo de não deixar a tradição morrer. Fizemos parcerias e buscamos patrocínios para dar aos nossos foliões mais conforto e segurança. A venda dos abadás marcam uma vitória, não somente para nós, mas para todos que amam o bairro Santanense”, finalizou.
Os abadás serão vendidos a R$25 e toda a renda será revertida para despesas operacionais do bloco e reforma dos instrumentos da bateria. A comissão do bloco, já começa a fazer planos para o futuro, e pretende conquistar em breve a Avenida Jove Soares, auge do carnaval itaunense, além de manter a tradição no bairro.

Quem é Baballo que dá nome ao bloco

Cidades de interior, trazem consigo as suas peculiaridades, e com elas os famosos apelidos. No bairro Santanense, não é diferente, tem ‘Zetti’, ‘Tico’, ‘Paulo da Bela’, ‘Mandruvá’, ‘Juliana da Fia’, ‘Santa’, ‘Bacaninha’, ‘Carlinho do Lé’, ‘Tõe Branco’, ‘Bita’, ‘Halinho’, ‘Zé Bia’, entre outros.
Como não poderia deixar de ser diferente ‘Baballo’ também é um apelido, e além de ser uma denominação, carrega consigo uma festa carnavalesca típica e tradicional do bairro. Luciano Antônio Gonçalves de Souza, o ‘Baballo’ ainda mora em Santanense, tem 44 anos, é colaborador da Casa Rena Santanense, onde trabalha como embalador. Quando as pessoas passam nos caixas do supermercado, fazem questão de cumprimentá-lo, pois além de ser uma figura popular do bairro, é um ótimo profissional.
Conforme dita a tradição, Baballo sempre desfila como destaque principal do bloco e, além de controlar a comissão de frente, faz questão de colocar um traje de gala, com fraque, gravata e cartola. Este ano, Antônio já foi convidado e confirmou que seguirá firme no posto.

Saudade: homenagem aos que fizeram a festa acontecer

O tema “Relembrar é Viver”, vai resgatar as principais lembranças da folia nesses 40 anos, homenagear os que passaram e contribuíram com o bloco, como os finados Peu, Mário da Cica, Zé Sambinha e João Victor, além de relembrar de escolas de samba antigas como ‘Demorô’ e ‘Estação 796’, que também fizeram parte do Carnaval do bairro.
O ‘Demorô de Santanense’, fez bonito no carnaval de blocos e escolas de Samba de Itaúna; impecáveis, os desfiles ficaram na memória e levantavam o povo na arquibancada.
A Estação 796, nome que homenageia o símbolo do maior patrimônio do bairro, a famosa estação de Santanense, também foi destaque no carnaval Itaunense, sob o comando de Carlos Eduardo de Souza Nogueira, o Carlos da Clínica Veterinária
Outro homenageado é memorável ‘Peu’, dono de um bar que deu lugar ao estacionamento do Rena.
O filho de dona Sãozinha era apaixonado pelo carnaval do bairro. O bloco também vai homenagear os ilustres Mário da Cica, Zé Sambinha e João Victor que amavam percussão e participaram por diversas vezes da bateria explosão do Baballo.

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