Enquete aponta que maioria da população quer a volta dos bares e restaurantes na cidade

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São quase 100 dias parados, acumulando prejuízos. Os donos de bares, restaurantes, hamburguerias e sorveterias da cidade estão, a cada dia, menos otimistas com a possibilidade de manter o negócio no período pós pandemia. Alguns dos estabelecimentos já tinham sido reabertos, mas uma Ação Civil Pública do Ministério Público suspendeu o funcionamento por tempo indeterminado. Os representantes do segmento estão desesperados e não escondem a real possibilidade de encerrar de vez as atividades ou decretar falência. Nas últimas semanas, os itaunenses puderam ver um tradicional restaurante localizado na praça, abaixar as portas de vez e alguns bares da Jove Soares, ponto de encontro de jovens da cidade, estampar uma placa de “vende-se este ponto”. Para muitos, manter o negócio aberto já não é mais uma opção. Segundo estudo do SCPC, de abril para maio, os pedidos de falência aumentaram 30%. Nesse mesmo período, os pedidos de recuperação judicial cresceram 68,5%. O aumento das dificuldades para manter um negócio aberto é recente e reforça os estragos financeiros que a pandemia tem provocado. Na mesma sintonia, a Associação de Bares, Restaurantes, Hamburguerias e Sorveterias de Itaúna (Abrehas), já informou que “os números são assustadores” e, infelizmente, a cidade já tem 104 bares fechados, 200 funcionários demitidos, 150 freelancers dispensados e oito estabelecimentos decretando falência. Estes números são do final de maio e, como o quadro não mudou este mês, os impactos negativos podem ser maiores ainda.

De acordo com o advogado da Associação, Guilherme Nogueira, a entidade está realizando um novo estudo para apresentar novas diretrizes de funcionamento ao Ministério Público. “Estamos pensando em um eventual acordo entre os comerciantes, a prefeitura e o Ministério público, mas, primeiramente queremos que esse diálogo seja promovido, pois há um interesse social e econômico gigantesco envolvido. Precisamos que toda sociedade se conscientize da importância de manter o negócio funcionando com as devidas precauções. Vemos cidades vizinhas onde os estabelecimentos já retornaram e nós ainda estamos fechados. Os empresários estão ficando cada vez mais inconformados”, conta. Em reunião com os vereadores, os comerciantes ouviram que a retomada das atividades seria prerrogativa única e exclusiva do Executivo, o que é questionado pelo advogado da Abrehas. ”Apesar da lei orgânica de Itaúna não dar à Câmara a prerrogativa para legislar sob atividade econômica, em casos emergenciais como é o nosso caso, ela oferece competência ampliada. Desta forma, a Câmara poderia propor um projeto de lei determinando diretrizes para que os bares e restaurantes voltassem a funcionar”.

Enquete

O JORNAL S’PASSO, está realizando uma enquete, através das redes sociais, com o seguinte questionamento: “Você é a favor da reabertura dos bares e restaurantes em Itaúna”? A consulta que começou no dia 15, pode ser respondida até o dia 21. Até o fechamento desta edição, 784 internautas haviam opinado e 55% eram a favor do retorno das atividades e 45% contra. A redação também ouviu empresários que sentiram na pele, os últimos dias fechados, e garantiram que estão com muitos prejuízos e inesquecíveis contas. O primeiro, Delber Alves Batista, proprietário do Gula e Gole afirma que concorda com a reabertura, com o distanciamento das mesas, todo o material necessário para higienização e com o controle dos clientes ao entrar no estabelecimento. “Vários aspectos devem ser observados, por exemplo, eu não concordo com a proibição do consumo de álcool e em ter que fazer prato para os clientes que estão dentro do estabelecimento, pois iria aumentar ainda mais nossa mão-de-obra e despesa. Penso que ao entrar no estabelecimento, o cliente recebendo máscara e luvas descartáveis, poderia ele mesmo se servir. Já dispensei três funcionários e quatro freelancers, fiz redução de jornada trabalho com 15 funcionários. Perdi todo o meu capital de giro, e não sei até quando vou conseguir segurar as despesas”, relata.

Já Antônio Fernando Cândido, conhecido como Carneirinho, que é proprietário do restaurante Montanhas de Minas, questionou o por que todos os outros comércios abriram e os bares e restaurantes não podem abrir. “É muito decepcionante todos os comércios estarem funcionando e os bares e restaurantes não, nós estamos pagando a conta da pandemia, queremos abrir com todas as normas de segurança e vivemos das nossas empresas. No meu caso meu restaurante é na zona rural, e paramos tudo, mandamos todos colaboradores embora, se não voltar rápido, acho muito difícil continuar, eu não tenho uma esperança e uma luz no fim do túnel, é triste”, lamenta. Há ainda quem já tinha um estabelecimento consolidado e foi pego de surpresa antes do isolamento, porque estava investindo em outro estabelecimento do ramo. Como é o caso do empresário Rodolfo Herculano, proprietário do Botequim Gourmet que chegou a investir cerca de R$250 mil reais no empreendimento Fogo Parrilla, no qual é sócio proprietário e ainda não pode fazer a inauguração para conseguir recuperar o investimento. “Com todo respeito as ações para controle da propagação do vírus, mas os órgãos competentes tem que ter respeito também por nossa classe. Nenhum setor gera mais emprego e renda a noite. Temos totais condições de nos adaptarmos às exigências. Precisamos prover o nosso direito de trabalhar e, infelizmente, muitos de nós não conseguirão mais”, diz.

Os prejuízos não ficaram somente com alguns, quase que por unanimidade todos dividem as despesas da pandemia. O dono do Restaurante Bentos, Luís Henrique Soares, o conhecido ‘Jow’, relata que está gastando suas reservas diariamente e que já foram pelo ralo mais de R$60 mil reais. “Todos os cuidados capacitam a gente a abrir, nada nos pode impedir, nós também temos contas para pagar, não somente os outros comércios. Estou me sentindo totalmente lesado ao ver os outros abertos e meu estabelecimento não. Eu não acredito na determinação do Ministério público, eu pedi o número do processo e ninguém me passou, a prefeitura deve tomar uma posição. Das 21 pessoas que trabalhavam aqui temos apenas quatro, se não retornarem terei que mandar todos embora, não há como fazer nada, pois o bar está fechado. Estamos trabalhando agora apenas com delivery, está cobrindo algumas despesas”, finaliza.

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